Deewaneando
  • INÍCIO
  • SOBRE O BLOG
  • BOLLYWOODCAST
  • ACONTECEU EM BOLLY
  • ESPECIAIS
    • Semana Nutan
    • Família Kapoor
    • Diretores
  • RESENHAS
    • Índice por letra
    • Por décadas
      • Anos 40
      • Anos 50
      • Anos 60
      • Anos 70
      • Anos 80
      • Anos 90
      • Anos 2000-2009
      • Anos 2010-2019
      • Anos 2020-2029

Karan Johar deu uma entrevista dizendo que não conseguiria escrever outra vez algo como o seu primeiro filme, Kuch Kuch Hota Hai, pois naquele filme havia uma inocência que não poderia ser reproduzida hoje - afinal, ele não tem mais 24 anos. Seus filmes não podem permanecer os mesmos quando se viu mais da vida. Esta mudança de tom  na abordagem do amor deu seus primeiros sinais em Kabhi Alvida Naa Kehna, onde tratou dos temas da infelicidade conjugal e infidelidade. Até mesmo seu filme mais inocente desde então, o juvenil Student Of The Year, é repleto de personagens incompletos e infelizes, mesmo que isso estivesse oculto sob roupas de grife e enormes cenários. Esses disfarces caíram com mais força em Ae Dil Hai Mushkil. 

Karan escreveu e nos contou a história de Alizeh (Anushka Sharma) e Ayan (Ranbir Kapoor), dois jovens que compartilham do gosto por se divertir e do amor pelo cinema indiano. Os dois ficam muito amigos, porém Ayan se apaixona por Alizeh sem ser correspondido. Ela é uma eterna apaixonada por Ali (Fawad Khan), um DJ que não consegue se comprometer com um relacionamento sério, apesar de amá-la. Em seu desespero por não ter o amor de Alizeh, Ayan se envolve com a poetisa Saba (Aishwarya Rai), uma mulher elegante e refinada que não se vê pronta para amar outra vez.


O básico da narrativa johariana não mudou: ainda convivemos com pessoas extremamente ricas que vivem presas em suas pequenas misérias pessoais. Ninguém trabalha ou tem que se preocupar com qualquer coisa que não seja seu namoro ou a realização de seus sonhos contra as expectativas familiares. Ayan é um jovem doce e engraçado, mas extremamente mimado. Ele precisa das pessoas e fica devastado quando elas não são recíprocas aos seus sentimentos. Isto vale tanto para uma namoradinha interesseira quanto para o amor mais forte que sente por Alizeh. Tamanho apego ao outro provavelmente vem do fato de ter sido abandonado pela mãe e criado por uma família fria, mas essa explicação não toma mais do que dois minutos da história. Na vida adulta, ninguém liga para quem ou o que fez você se tornar a pessoa que você é. O que importa aos outros é quem você é neste momento. Felizmente, Ayan e Alizeh encontram carinho e conforto um no outro neste início atribulado de vida adulta.

Alizeh foi um desafio para Anushka Sharma. Tem as bases da mesma personagem que repetiu diversas vezes: a bubbly girl sempre feliz, meio maluquinha e pronta para se divertir. É necessária uma grande atriz para reinventar uma mesma persona e Anushka cada vez mais demonstra que ela o é. Suas múltiplas nuances investiram Alizeh de uma humanidade que seria difícil de alcançar por outras atrizes. Ela foi capaz de representar uma personagem que finge ser forte, mas cujas vulnerabilidades vêm à tona em questão de segundos quando aborda sua vida amorosa. O mais interessante foi esse complexo traço de personalidade ficar claro muito antes de qualquer expressão verbal explícita sobre assunto. Os excessos de piadas e atividade de Alizeh pareceram sua forma desesperada de mostrar que estava bem sem o amor de Ali, sendo que ela estava tão perdida quanto qualquer pessoa apaixonada e não tinha ideia do que estava fazendo.


Nem mesmo o milagre de humanização dos personagens realizado por Ranbir e Anushka tornou menos irritante as sucessivas referências a filmes, músicas e diálogos de filmes de Bollywood. Karan Johar é filho da indústria e claramente projetou em seus protagonistas o nível de importância que os filmes hindi têm em sua própria vida. É sempre interessante ver um diretor mostrar tanto de si em tela, mas o efeito acabou sendo de os diálogos dos dois jovens adultos parecerem forçados. O mesmo tom pouco natural surgiu nas falas da personagem de Aishwarya Rai, que deu enorme dignidade à uma poetisa que fala uma frase de efeito por minuto. Este é um filme de poucos acontecimentos e muita discussão de relação, então todo o peso da condução da história acaba recaindo sobre os diálogos. O roteirista Niranjan Iyengar investiu pouco em reflexões e muito em frases que seriam mais constrangedoras se não fossem ditas por esse incrível elenco. Entretanto, houve alguns belos momentos que ficam com o espectador após o término do filme.


Por falar em Aishwarya Rai, o elenco coadjuvante de ADHM é também responsável pelo sucesso do filme. O pouco tempo de participação foi o suficiente para Aish apresentar uma personagem que transita de forma aparentemente confortável em sua vida de solteira. Lisa Haydon fez uma pequena e divertida participação como a namorada interesseira de Ayan com a qual roubou a cena e não perdeu o brilho, mesmo com os efeitos sonoros grotescos de comédia pastelão adicionados em suas cenas. Já o talentoso Fawad Khan não teve chance de mostrar tanto de seu trabalho. Acredito que seu personagem tenha sofrido muitos cortes na edição para evitar controvérsias após a proibição de que atores paquistaneses trabalhassem em Bollywood. A história de Ali e Alizeh é dada a conhecer apenas através de explicações da própria Alizeh e depois disso vemos Fawad apenas em dois musicais. Tamanho desperdício de um talento novo e revigorante é frustrante.

Aquela química inesperada


A trilha sonora é personagem. O produtor musical Pritam compôs canções merecidamente vencedoras de prêmios e Amitabh Bhattacharya inseriu profunda dor nas letras interpretadas pelo personagem de Ranbir, que é cantor. Confesso que me surpreendi com a qualidade do trabalho por não ser fã de Pritam e de Amitabh. O produtor musical acumulou diversas acusações de plágio durante a carreira e ainda não estou totalmente convencida da originalidade da trilha porque infelizmente é o pensamento padrão quando nos deparamos com seus trabalhos. Independentemente disso, a atuação dada por Ranbir Kapoor à voz dolorosa de Arijit Singh nas canções Channa Mereya e Ae Dil Hai Mushkil  foi daqueles raros momentos em que todos os elementos de uma obra se organizam de forma perfeita.


É impossível acompanhar o trabalho de um diretor há um tempo e não traçar uma linha de progresso. Dentro dos filmes que dirigiu, Ae Dil Hai Mushkil me emocionou bastante por parecer o final do período de transição da adolescência para a maturidade de Karan Johar. Todas as piadas com o estilo de romance de filmes antigos dão a impressão de que o diretor está tentando exorcizar uma parte de seu passado bollywoodiano - talvez aquela extremamente ingênua que acreditava que o amor pode vencer tudo. Acontece que quando falamos muito sobre algo o tempo todo, fica evidente o quanto ainda estamos presos àquilo. Os elementos aos quais Karan ainda está ligado, e talvez sempre estará, são o mundo completamente à parte da vida real em que seus personagens vivem e personagens que vivem totalmente para seu amor. O que ele vem adicionando cada vez mais às suas histórias é a dor como protagonista do amor. Alguém sempre é infeliz no amor em seus filmes, como Kajol em Kuch Kuch Hota Hai e Rani Mukerji em Kabhi Khushi Kabhie Gham, mas geralmente são os coadjuvantes ou é algo breve. Os personagens principais costumam ter uma árdua jornada até a felicidade eterna. Desta vez, o personagem principal tem seu amor continuamente rejeitado e a discussão sobre a amizade como forma de amor torna-se central. Muitos corações são partidos em Ae Dil Hai Mushkil e nenhuma dessas pessoas parece que irá se recuperar facilmente daquela dor. Alguns a levarão para sempre. A percepção da dor como parte normal da vida talvez seja a mudança da qual Karan falou ao lançar o filme.

Bollywood não é o que parece

Os problemas em Ae Dil Hai Mushkil não são poucos. A história torna-se arrastada por ter uma duração mais longa do que os poucos acontecimentos pediam, há o já mencionado problema com os diálogos, a caracterização física em um ponto crucial da história é extremamente mal feita e os momentos em que Karan Johar faz autorreferência a um filme seu são embaraçosos. Mas esse elenco faz tudo valer a pena. Karan nunca foi um diretor sutil ao tentar arrancar lágrimas de seu público e essa tendência foi potencializada num filme com atores tão intensos e espontâneos. Esta não é uma história para ser assistida desavisadamente, pois o choro é inevitável. Particularmente, não esperava soluçar tanto e nem ficar tão movida. É sempre um prazer ver uma equipe se desafiando como foi feito nesse filme, tanto em termos da história delineada quanto das atuações desinibidas. Enquanto houver alguém desafiando as noções de amor pré-concebidas que temos, eu serei sua espectadora.

A pequena casa da família Bhansali recebia mais um membro naquele distante dia 24 de fevereiro de 1963. Apesar da forte ligação da família com o cinema, seria difícil para qualquer um deles imaginar que aquele menino um dia seria considerado um dos maiores diretores do cinema indiano. Sanjay Leela Bhansali é o artista da grandeza. Crescendo em uma casa pequena, foi normal desejar que tudo fosse maior, mais espaçoso e mais belo. Foi naquele pequeno espaço claustrofóbico que sua imaginação começou a dar os primeiros passos em direção aos cenários grandiosos que um dia faria. Ele repintava paredes, aumentava os espaços, trocava as pilastras e construía a casa dos seus sonhos em sua mente.

A obsessão pela beleza foi primordial em sua vida desde a infância, já que seu meio era desprovido dela. Herdou o amor pelo cinema do pai, Navin - que não teve o mesmo sucesso que o filho viria a ter. O amor do pai pelo cinema disputava espaço em sua vida com a fraqueza pela bebida. O produtor fracassado fez filmes que nem mesmo o filho chegou a assistir e perdeu todo o seu dinheiro devido ao alcoolismo e às apostas. Sanjay não tem lembranças de uma época em que o pai não estivesse bêbado, pois a desgraça financeira ocorreu antes do seu nascimento. As memórias daquele tempo ainda estão muito presentes e ele se lembra de toda a família escondida debaixo da cama enquanto os credores batiam à porta. Em casamentos, a família era olhada com desprezo porque todos sabiam que seu pai sempre terminaria bêbado. Não é à toa que a humilhação segue presente em tantas cenas de suas obras, já que ele ainda a sente fortemente. O medo é outro sentimento presente em sua alma e sua obra. O pai era um homem violento e há uma cena em Khamoshi - The Musical que faz referência direta ao seu temperamento. Nela, Nana Patekar quebra os discos da filha furiosamente.  Esta cena aconteceu em sua vida, quando o pai lhe tirou aquilo que mais amava - a música.

Leela Bhansali
A fonte de força da fragilizada família foi incorporada ao sobrenome artístico de Sanjay. Leela, sua mãe, economizava o quanto podia e insistiu que os filhos fossem educados em boas escolas. Para isso não hesitou em vender sabão de porta em porta com os filhos Sanjay e Bela a tiracolo. Sanjay ainda se lembra das portas sendo batidas em sua cara. Infelizmente nem todo o esforço da mãe foi suficiente para que o jovem gostasse de estudar e sua hora favorita era o fim da escola,  quando podia ir para para casa e ligar o rádio. Ao som de canções dos filmes indianos, passava o tempo imaginando situações e cenários para cada uma delas. Leela dançava pela casa e trazia um pouco de brilho ao cotidiano tão duro dos filhos, fazendo daqueles os únicos momentos em que esqueciam de toda a dor e angústia. E era ali que o futuro contador de histórias estava nascendo.

O chamado artístico não demorou a chegar. Sanjay lembra-se de ter sido levado pelo pai a um set de filmagem quando tinha por volta de oito anos. Uma cena de cabaré estava sendo filmada e o menino logo ficou encantado pela atmosfera. As luzes, cores e sons o capturaram e foi ali que soube o que desejava fazer pelo resto da vida. Navin ensinou o filho a ter amor pela música clássica indiana e por todos os tipos de filme produzidos, fosse um clássico histórico como Mughal-E-Azam - que o pai o levou para assistir dezoito vezes - ou um filme cheio de ação como Chor Machaye Shor. O mesmo pai que o preenchia de amor pela sétima arte ficava irritado ao ver o interesse artístico do filho. Desejava que ele tivesse uma profissão estável que não trouxesse toda a  incerteza e a infelicidade que vivenciou.

Sanjay decidiu seguir o caminho do cinema por meio dos estudos. Seu maior sonho era entrar para o Film and Television Institute of India, local por onde passaram alguns de seus ídolos - como Jaya Bachchan e Ketan Mehta. Leela e Bela o apoiaram. Em 1982, a irmã foi com ele ao instituto para tentar inscrevê-lo. Não conseguiram nem passar pelos portões da instituição. Sua inscrição foi finalmente realizada em 1984, sem sucesso. Foi em um dia chuvoso de agosto que a esperada admissão ocorreu. O ano era 1985 e o garoto pobre de Mumbai finalmente vislumbrou a possibilidade de ter o futuro dos seus sonhos.

Sanjay estudou Edição porque não havia uma formação específica em Direção. O menino pobre e fechado emocionalmente manteve o mesmo comportamento recluso na faculdade, então não fez amigos e passou a maior parte do tempo sozinho.  Perdeu a oportunidade de interagir com futuros grandes diretores que também estudavam no instituto em sua época, como Rajkumar Hirani (3 Idiots) e Sriram Raghavan (Badlapur). Sobre sua experiência na época, o diretor diz:

"Eu era muito insignificante, discreto, imperceptível e não deixei marca nenhuma."
Times of India, 2013

Para receber o diploma, os estudantes deveriam editar o filme de um diretor escolhido pela instituição. Sanjay não seu deu bem com o cineasta escolhido para si, Dilip Ghosh, e solicitou ao diretor da instituição um outro profissional cujo filme pudesse editar. Para seu azar, aquele era um tempo de rebeldia juvenil e o diretor pretendia sufocar o espírito indisciplinado da época. A recusa dos superiores fez que Sanjay entrasse na justiça para conseguir se formar, mas perdeu a causa. Foi até a sala do diretor e não hesitou em suplicar, dizendo: "Você não pode fazer isto comigo. Sou de uma família muito pobre e este é o meu sonho." O apelo não convenceu e Sanjay deixou o seu sonho para trás ao cruzar os portões e voltar para casa sem aquilo que mais lhe importava no mundo - seu diploma. E sem ter feito nenhum esforço para ter amigos ou relações, sua partida não causou nenhuma comoção. A dolorosa experiência fez com que se sinta assombrado pelo instituto até hoje. Vai até o prédio todos anos e anda por suas salas e corredores, sentindo que sua alma ainda pertence ao lugar. Mesmo tendo feito vários filmes de sucesso, ainda sente a ausência do diploma que desejou quando não tinha nada.

Bela, a outra mulher da sua vida
Após a expulsão do Film Institute, Sanjay foi apresentado por sua irmã Bela ao diretor e produtor Vidhu Vinod Chopra, que lhe deu a oportunidade de ser diretor de um musical  no filme Parinda graças ao vídeo de uma canção de três minutos que dirigiu na faculdade. Trabalhou como assistente de direção nos filmes Parinda e 1942: A Love Story. Foi naquela época que escreveu o roteiro de Khamoshi e o apresentou a Vinod para que o dirigisse, mas ele orientou o próprio Sanjay a dirigi-lo. Só que sem recursos ou rede de contatos na indústria, a tarefa de levantar o dinheiro para a produção não seria fácil. A determinação que falta a Sanjay para criar e manter relações sociais existe em excesso quando se trata de batalhar por seus filmes. O rapaz passava horas e mais horas esperando do lado de fora das vans de inúmeros atores, esperando que algum aceitasse conversar para ouvir a história do filme. O empenho conseguiu o inesperado resultado de um diretor de primeira viagem reunir um elenco estelar:  Salman Khan, Manisha Koirala, Seema Biswas e Nana Patekar. Os fortes nomes atraíram um produtor e Sanjay conseguiu dirigir seu primeiro filme. Khamoshi- The Musical (1996) era a incomum história de uma filha apaixonada por música que se divide entre o mundo que ama e sua vida doméstica, cuidando dos pais surdos. Foi um fracasso de público e sucesso de crítica. A rejeição à sua obra levou o diretor à uma intensa depressão, da qual não teria saído sem o apoio constante dos amigos - especialmente Salman Khan, com quem tem uma relação de altos e baixos. Hoje Sanjay acredita que Khamoshi era um filme muito à frente de seu tempo e que talvez o público de hoje aceitaria melhor a história que tentou contar com alguns tons de realidade.

Com Manisha Koirala e Salman Khan nos
sets de Khamoshi - The Musical (1996)

A primeira ideia de Sanjay para fazer um filme costuma vir de uma canção. Ele tem uma forte memória afetiva ligada às canções de filmes hindi que escutou durante toda a infância no rádio e acredita que a identidade do cinema indiano está firmemente ligada à sua música. É um diretor apaixonado pela produção cultural do seu país e tem plena convicção de que suas obras serão a única coisa que permanecerão quando não mais viver. Ele se sente parte de algo maior e construindo um legado a partir da preciosa herança que recebeu dos filmes da era de ouro do cinema indiano. Cada cena que grava é pensada a partir dos trabalhos dos grandes mestres, como V. Shantaram, K. Asif, Guru Dutt e Raj Kapoor. Muito além do amor, sente profundo respeito pelo cinema indiano. Para ele, o set é um templo onde habita o seu Deus. Sua veneração se dá pela forma de intenso cuidado pelos mínimos detalhes do que aparecerá na tela. Isto ficou claro pela primeira vez para o público em sua segunda aventura na direção, a qual somente foi possível por alguém ainda acreditar em seu trabalho mesmo após o primeiro fracasso.

Hum Dil De Chuke Sanam (1999) foi a grande inauguração de tudo aquilo que viria a ser conhecido como o estilo Sanjay Leela Bhansali de fazer filmes. A opulência, o drama, os grandes musicais e cenários estupendos deram sua cara pela primeira vez. Khamoshi era um filme intimista, mas este era o exato oposto. Era um filme para ser visto em alta escala. O nível de detalhismo fez com que cuidasse pessoalmente de itens que iam das cores das cortinas à espessura do kajal nos olhos da protagonista. Foi neste drama romântico que o tema do triângulo amoroso surgiria em sua filmografia. Não bastasse a ousadia de pôr Aishwarya Rai, a qual se considerava ter uma beleza muito ocidentalizada, em um papel tradicional, ele a colocou como uma esposa que é levada pelo marido até o homem que ama. O sucesso foi estrondoso. Público e crítica amaram a obra e Sanjay ganhou amor, glória, prêmios e dinheiro. Outra tendência iniciada com HDDCS foram os altos gastos realizados na produção de filmes, mas ele não se importa com isso. Tudo é pela arte.

"As pessoas me acusam de desperdiçar dinheiro. Mas você deve saber como apreciar coisas belas. Há tantas formas de arte que se unem em um filme - teatro, dança, música, pintura, poesia - como reuni-las para criar uma experiência cinematográfica?"


Hindustan Times, 2016

Shahrukh Khan em Devdas (2002)
O desempenho excepcional de Hum Dil De Chuke Sanam permitiu que Bhansali alçasse voos mais altos. O agora aclamado diretor tomou para si a tarefa de dirigir a primeira versão hindi em cores de Devdas, o clássico livro de Sarat Chandra Chattopadhyay que já havia sido adaptado para o cinema onze vezes. O desejo de Sanjay não era fazer uma adaptação linha a linha do livro. Aquela seria a sua interpretação de Devdas. Para ele, a criação deste filme começou quando seu pai morreu, vítima da cirrose. Navin e Leela não se davam bem, mas em seu leito de morte, houve um momento em que o produtor saiu de seu coma e estendeu a mão para a esposa. Ela a pegou e viu o marido dar seu último suspiro naquele mesmo segundo. Sanjay viu a cena e ali percebeu que talvez sua mãe tivesse sacrificado 22 anos de sua vida apenas por aquele momento de ternura. Isto o fascinou e ali nasceu Devdas (2002), o filme que considera um tributo à história de amor de seus pais. Muitas das cenas inseridas por ele em seus filmes são referências a situações que viveu em sua vida - algumas contadas ao público, enquanto outras jamais nos serão reveladas. Em Devdas, a forte cena em que o personagem principal chega bêbado e cambaleante ao velório do pai foi vista por Sanjay no dia da morte de sua avó. A relação de amor e ódio de Devdas com a garrafa de bebida é tudo aquilo que Sanjay testemunhou na vida de seu pai.

Madhuri Dixit em Devdas (2002)
Devdas foi mais longe do que seu diretor poderia esperar. O filme foi escolhido para ser exibido em Cannes e também foi a submissão oficial da Índia ao Oscar de 2002. Os rios de dinheiro investidos no filme voltaram facilmente. Ele passou cada segundo do filme pensando em como gravar as cenas da mesma forma como Raj Kapoor o fazia, mas ali certamente não havia nada de Raj Kapoor. O estilo de Sanjay Leela Bhansali já poderia ser considerado único. Foi neste filme que Aishwarya Rai ficou definitivamente gravada como sua musa. O ritmo de gravações durante os dois anos e meio de produção foi intenso e naquela época passou-se a se falar bastante sobre os excessos de Sanjay Leela Bhansali. O diretor é tido como temperamental. É o primeiro a chegar e o último a sair. Os atores podem passar um dia inteiro nos sets para a gravação de apenas uma cena. Se uma sequência cara precisar ser regravada, ele o fará sem hesitação. Tal nível de dedicação o leva a escolher com muito cuidado todos aqueles com quem trabalhará. Há relatos de ele quebrar celulares ao perceber que as pessoas não estavam tão focadas no trabalho quanto ele desejava. Sanjay desmerece todos esses relatos como sendo mitos, mas não nega que há momentos em que se excede:

"As explosões vêm do amor pelo filme, e não para humilhar alguém. Se a raiva fosse para humilhar a pessoa, então meus assistentes não teriam trabalhado comigo. Todos os meus assistentes trabalharam comigo em dois ou três filmes. Quando você ama o seu trabalho, eles entendem a sua paixão. Este momento está sendo capturado para a eternidade e vamos dar o nosso máximo possível. Qualquer diretor ou qualquer pessoa dirigindo um escritório, um balcão ou qualquer coisa irá repreender os outros se algo der errado. Então dirão 'ele é tão abusivo, ele é tão temperamental'.

Mid-Day, 2015


Com Shahrukh Khan e Madhuri Dixit
nas filmagens de Devdas (2002)

Mesmo com a rigidez ao orquestrar o ambiente de filmagem, Sanjay Leela Bhansali também é conhecido como um diretor apaixonado pelo inesperado. A cada dia suas interpretações sobre o roteiro mudam e ele estimula que seus atores também se abram para o novo que pode surgir todos os dias. Aceita suas sugestões de mudança e é aberto a todos os que amem seu filme tanto quanto ele.

"Quando meus atores me dizem que os estou confundido, digo a eles que é bom ficar confuso. Quando abro a porta, não sei quem encontrarei do lado de fora. Quando você não sabe o que esperar de si mesmo, você atua de forma diferente e sua atuação é elevada. Eu descobri muita alegria no não-estudado e no inesperado. É por isto, talvez, que meu comportamento às vezes também seja inesperado"

The Hindu, 2016


Aishwarya Rai como Paro em Devdas (2002). A musa do criador.


Sanjay podia fazer o que quisesse após Devdas. Teria o orçamento, os atores e a equipe que desejasse. É nos momentos em que tudo é fácil que descobre-se o quão corajosa é uma pessoa, e Sanjay provou ser audaz ao escolher como próximo filme a história de uma jovem surda, muda e cega, inspirada na história de Helen Keller. O diretor ficou fascinado pela luta pela qual passam aqueles que têm dificuldade para ser expressar e serem compreendidos pelos outros. Todos da indústria disseram que ele estava cometendo suicídio ao dar esse passo. Os cenários coloridos e grandiosos deram lugar a um filme escuro. Os romances entre homem e mulher perderam espaço para a comovente história de um professor e sua aluna deficiente, subestimada por todos. Seria a chance de Sanjay realizar mais um sonho de infância: trabalhar com o ídolo Amitabh Bachchan. Rani Mukerji inicialmente recusou o papel principal por achá-lo desafiador demais, mas felizmente terminou aceitando-o.

Com Ayesha Kapoor e Amitabh
Bachchan nos sets de Black (2005)

A produção de Black (2005) foi mais difícil do que o esperado e a equipe teve de lidar com um incêndio que destruiu cenários e figurinos, o que os obrigou a reconstruir tudo do nada. Talvez a maior dificuldade de um diretor habituado a gerar seus filmes através da ideia advinda de uma música fosse a ausência de musicais. Bhansali chegou a um nível de desespero tamanho que esteve a ponto de ligar para a coreógrafa Saroj Khan e encomendar uma coreografia caso não fosse impedido por Rani e Amitabh. Todo o sacrifício valeu a pena no final, quando Black obteve enorme sucesso de público e crítica. O legado mais positivo foi a conclusão de que o público indiano tinha interesse em histórias mais complexas e distantes dos temas românticos usuais e dos musicais que os acompanhavam.

O elogiado pôster de Saawariya (2007)
A Sony Pictures percebeu a força do mercado cinematográfico indiano e decidiu produzir seus primeiros filme no país. Sanjay Leela Bhansali parecia a escolha certa para essa primeira aventura por ter vindo de três grandes sucessos de público e crítica. Saawariya (2007) atraiu a atenção da indústria e da imprensa devido ao grande orçamento e também pelo protagonismo dado a dois atores estreantes que vinham de duas poderosas famílias que dominavam o cinema indiano - Ranbir Kapoor e Sonam Kapoor. Foi o primeiro filme de Bollywood a ter um lançamento norte-americano feito por um estúdio de Hollywood. O estilo discreto do diretor com suas recusas de mostrar partes do filme aos executivos e de liberar qualquer informação para a imprensa foi um pesadelo para os executivos da Sony. O filme chegou aos cinemas e o fracasso foi imediato e inegável. Sanjay tornou-se a piada da indústria e sofreu muito com o nível de massacre ao qual foi submetido sucessivamente em críticas, entrevistas e até mesmo esquetes de premiações. Todas as entrevistas da época apresentam um Sanjay ressentido e extremamente sensível. O diretor diz que aprendeu com a experiência de Khamoshi que seu filme pode fracassar, mas que o mesmo não pode acontecer com sua mente e suas ideias, mas nada disso o impediu de entrar em um episódio depressivo do qual tentou se curar indo a Paris para dirigir a ópera Padmavati, de 1923.

O tema da deficiência física abordado em Khamoshi  e Black foi o escolhido por Bhansali para o seu retorno aos filmes. Guzaarish (2010) surgiu no momento em que o diretor tinha cada vez mais dificuldades para explicar aos compositores o que desejava para as canções de seus filmes e tomou a decisão de passar a compô-las. Sanjay tem orgulho de ter colocado Hrithik Roshan, que todos veem como um deus grego que deve dançar em seus filmes, deitado em uma cama sem se mover. A equipe estudou muito para compor a história e os personagens do filme que retrata a história de um mágico que fica tetraplégico e luta pelo direito de cometer eutanásia. Sanjay vê na dor daquele homem preso em uma cama o seu próprio sofrimento no isolamento ao qual se submeteu após o fracasso de Saawariya. Apesar dos tons escuros, ele o enxerga como a história de um homem celebrando sua morte. A luta de seu personagem principal operou uma mudança em sua forma de ver o mundo. Passou a sentir-se uma pessoa melhor e reapaixonou-se pela vida, desejando a partir de então ficar mais próximo das pessoas. Foi neste filme que exorcizou os demônios que o levaram à depressão.


Com Aishwarya Rai e Hrithik Roshan
nos sets de Guzaarish (2010)

Infelizmente o público não gostou tanto da experiência de Guzaarish quanto Bhansali e o filme não teve um bom desempenho. Implacável como é a indústria do entretenimento, cada fracasso faz com que todos os seus sucessos sejam esquecidos. Dois fracassos consecutivos no currículo não são facilmente deixados de lado e as pessoas já diziam que Sanjay tinha perdido o jeito para a direção. A recuperação financeira veio através da produção de filmes de outros diretores. Sanjay passou a investir em filmes que gostaria de assistir e não saberia dirigir, como My Friend Pinto e Shirin Farhad Ki Toh Nikal Padi, mas certamente o que mais impressionou a imprensa foi o investimento no blockbuster masala Rowdy Rathore, um filme repleto de ação e comédia. Sanjay não entende a surpresa. Esse era o tipo de filme que via durante a infância e ele tem a capacidade de apreciar todos os tipos de cinema.

Deepika Padukone em
Ram-Leela (2013)
O alívio financeiro trazido pelas produções permitiu que fosse feita mais uma tentativa na direção de filmes. Desta vez o diretor voltaria às suas origens e traria uma adaptação de Romeu e Julieta com todos os elementos que o consagraram na direção. Cenários grandiosos, musicais impressionantes e um romance repleto de dor seriam os principais elementos da produção de Goliyon Ki Raasleela: Ram-Leela. Kareena Kapoor e Ranveer Singh foram escalados como casal principal. Os cenários foram construídos e tudo estava em seu lugar...ou parecia estar. Kareena Kapoor abandonou o filme a dez dias do início das gravações e Sanjay teve de buscar uma nova Leela. Foi até Deepika Padukone em um dia no qual a atriz estava doente e febril e, excêntricos como o são os grandes artistas, Bhansali viu intensa beleza no longo pescoço e nos olhos marejados daquela mulher adoentada. Uma nova Leela foi descoberta. O sucesso foi absoluto e marcou a virada nas carreiras de Deepika e Sanjay Leela Bhansali. Foi neste filme que o diretor saiu da sua zona de conforto e experimentou representar o amor também por meio de cenas sensuais e beijos, o que trouxe a possibilidade de se reinventar ao entrar no terreno da demonstração física do amor. Sanjay conseguiu se reconectar com o seu público e retornar ao status de diretor de sucesso. Para seu deleite, isto ocorreu no filme feito em homenagem à sua mãe, Leela - tão bela, doce e decidida quanto a personagem principal.

Após encontrar seu novo casal favorito nas figuras de Deepika Padukone e Ranveer Singh, Sanjay decidiu tirar da gaveta um projeto que vinha tentando fazer há 12 anos: o clássico histórico Bajirao Mastani (2015). Este filme deveria ter sido feito após Hum Dil De Chuke Sanam com Aishwarya Rai e Salman Khan como protagonistas, porém o projeto não foi levado adiante após o término do namoro entre os atores. As várias mudanças de elenco ao longo dos anos foram fazendo com que o filme parecesse uma lenda urbana, mas ele pôde finalmente ver a luz do dia nas figuras de Deepika, Ranveer e Priyanka Chopra. Bajirao Mastani é mais um filme sobre amores desfeitos e incompletos como os que o diretor teve em sua vida. Sanjay é reservado ao falar sobre a sua vida pessoal e sua única história de amor conhecida até hoje foi o relacionamento desfeito com a coreógrafa Vaibhavi Merchant. Ele sempre faz alusões a não ter sido correspondido no amor e ao sofrimento vivido, porém só o próprio sabe o que realmente se passou em sua vida e de quem está falando. Em sua visão de mundo não faz sentido o desapaixonamento. Ele não sabe como deixar de amar alguém e assim o são seus personagens: o amor que sentem é para toda a eternidade. O objeto do seu amor é sagrado.



Com Priyanka Chopra e Deepika Padukone
nos sets de Bajirao Mastani (2015)

"Toda a dor, sofrimento, amor, paixão e conflito fizeram de mim o que sou. Faço histórias de amor apaixonado porque não tenho amor na minha vida. Minha arte completa a minha vida. Minha vida pode ser incompleta, mas não é infeliz."

Bollywood Life, 2013


Sanjay quer que seus personagens experimentem todo o amor que não vivenciou em sua vida, já que se define como um nômade solitário. As jornadas diárias de até 20 horas de trabalho em Bajirao Mastani provam a veracidade de afirmação de que vive para os filmes que faz. Suas obras são a única vida que tem e não saberia como viver sem o cinema, pois foi este o mundo que o fez sobreviver durante a infância e segue tendo a mesma função em sua vida hoje. Aquele menino que era o mais feio, o rejeitado e com quem ninguém queria brincar se desnuda perante nós a cada filme com o qual nos presenteia. Para conhecer Sanjay Leela Bhansali é necessário assistir aos seus filmes. Mostrar sua alma de forma tão aberta tem os seus riscos. Cada filme que rejeitamos de Bhansali o leva de volta à toda a rejeição que sofreu em sua vida e o fracasso financeiro de uma obra traz o sentimento daquele menino escondido debaixo da cama para não enfrentar os credores. Seus filmes são sua tentativa de ganhar amor e ser aceito, uma luta na qual esteve durante toda a sua vida.

Bajirao, Mastani e Kashibai não puderam realizar seus amores da mesma forma como Navin não pôde realizar seus filmes e Sanjay não pôde realizar seu amor. A missão da vida de Sanjay Leela Bhansali é continuar vivendo através de seus filmes e engrandecer a arte do cinema indiano. A paixão que o move atrás das câmeras e seu senso de responsabilidade com a arte contribuem para que o cinema indiano não se conforme com a mediocridade. Os que o amam e o odeiam concordam sobre este ser um homem que busca a excelência em todos os momentos do seu trabalho. Aquilo que ele oferece ao público é tudo o que conseguiu extrair de melhor de dentro de si mesmo.


"Fazer filmes era o sonho do meu pai. Eu tenho que realizar os sonhos dele. É isto o que me mantém motivado. Uma vez, ele me levou para assistir a uma filmagem e me deixou no chão dizendo 'Sente aqui, não saia daqui!' Acredito que ainda estou onde ele me deixou. Ele me introduziu a um mundo o qual transformei em meu. Este é o único lugar onde quero estar."
Filmfare, 2016
Postagens mais recentes Postagens mais antigas Página inicial

"DEEWANEANDO"?

Devanear = divagar, imaginar, fantasiar. Deewani = louca, maluca. Deewaneando = pensar aleatória e loucamente sobre cinema indiano.

Meu nome é Carol e sou a maior bollynerd que você vai conhecer! O Deewaneando existe desde 2010 e guarda todo o meu amor pelo cinema indiano, especialmente Bollywood - o cinema hindi. Dos filmes antigos aos mais recentes, aqui e no Bollywoodcast, seguirei devaneando sobre Bollywood.

Contato

Fale comigo em deewaneando@gmail.com

siga

PESQUISE NO BLOG

POSTS POPULARES

  • Diretores: Sanjay Leela Bhansali
  • Padmaavat (2018)
  • Aconteceu em Bolly # 17
  • Aconteceu em Bolly # 12
  • As homenagens de Shahrukh Khan em Phir Milenge Chalte Chalte

ARQUIVO

  • ►  2024 (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  maio (1)
  • ►  2023 (1)
    • ►  junho (1)
  • ►  2021 (5)
    • ►  abril (1)
    • ►  março (2)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2020 (21)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  novembro (3)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (6)
    • ►  agosto (3)
    • ►  julho (1)
    • ►  junho (1)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (1)
  • ►  2019 (2)
    • ►  novembro (2)
  • ►  2018 (14)
    • ►  junho (3)
    • ►  maio (4)
    • ►  abril (4)
    • ►  fevereiro (3)
  • ▼  2017 (12)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  julho (3)
    • ►  junho (1)
    • ►  abril (2)
    • ►  fevereiro (3)
    • ▼  janeiro (2)
      • Ae Dil Hai Mushkil (2016)
      • Diretores: Sanjay Leela Bhansali
  • ►  2016 (20)
    • ►  dezembro (2)
    • ►  outubro (1)
    • ►  junho (2)
    • ►  maio (2)
    • ►  março (1)
    • ►  fevereiro (4)
    • ►  janeiro (8)
  • ►  2015 (21)
    • ►  dezembro (9)
    • ►  novembro (8)
    • ►  outubro (1)
    • ►  julho (1)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2014 (6)
    • ►  dezembro (1)
    • ►  agosto (1)
    • ►  abril (1)
    • ►  fevereiro (1)
    • ►  janeiro (2)
  • ►  2013 (10)
    • ►  dezembro (5)
    • ►  novembro (1)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (1)
  • ►  2012 (31)
    • ►  dezembro (3)
    • ►  setembro (1)
    • ►  julho (2)
    • ►  junho (5)
    • ►  maio (1)
    • ►  abril (5)
    • ►  março (8)
    • ►  fevereiro (3)
    • ►  janeiro (3)
  • ►  2011 (58)
    • ►  dezembro (7)
    • ►  novembro (9)
    • ►  outubro (3)
    • ►  setembro (3)
    • ►  agosto (1)
    • ►  julho (12)
    • ►  junho (4)
    • ►  maio (1)
    • ►  março (5)
    • ►  fevereiro (5)
    • ►  janeiro (8)
  • ►  2010 (5)
    • ►  dezembro (5)
Tecnologia do Blogger.

Mais cinema indiano

  • Sridevi
    Sridevi in print magazine: Madhuri Dixit always near by
    Há uma hora
  • Dustedoff
    Kaala Paani (1958)
    Há 2 semanas
  • Dichotomy of Irony
    Birthday Post—2025
    Há 4 semanas
  • Totally Filmi
    A Nice Indian Boy (dir. Roshan Sethi, 2024)
    Há 5 semanas
  • dontcallitbollywood
    Jewel Thief (2025) Review: Dead Dog Warning! But Otherwise, Harmless TimePass
    Há 5 semanas
  • Masala Punch
    Three of Us (2022)
    Há um mês
  • Paagal Subtitle
    “Even nobody can even what you have done.” (Aah, 1953)
    Há um ano
  • Let's talk about Bollywood!
    Bombay rose
    Há um ano
  • Conversations Over Chai
    Aruite Mo Aruite Mo (2008)
    Há 2 anos
  • Kabhi Kabhie... Bollywood
    Bollywoodcast # 4: Sanjay Leela Bhansali
    Há 5 anos
  • Beth Loves Bollywood
    2018
    Há 6 anos
  • Mania de Bolly
    Devdas (1917) - Capítulo 3
    Há 7 anos
  • Divã de uma Bollygirl
    Phir Se... (2015)
    Há 7 anos
  • MemsaabStory
    Parwana (1971)
    Há 8 anos
  • Filmi Geek
    Dear Zindagi (2016)
    Há 8 anos
  • Articles
    Historic Hindi Film Poster-cards
    Há 10 anos
  • grand masala
    Shakir Khan e Vikas Tripathi no Museu do Oriente
    Há 11 anos
  • Khandaan Podcast
Mostrar 5 Mostrar todos

Copyright © Deewaneando. Designed by OddThemes