Taxi Driver (1954)

Dirigido por Chetan Anand e estrelado por Dev Anand, Kalpana Kartik, Sheila Ramani e Johnny Walker, Taxi Driver é um filme que eu queria ver há tempos, desde que assisti ao clipe de Jaye To Jaye Kahan no Youtube. Por não ser uma época de filmes coloridos, às vezes me esqueço de como os anos 50 trouxeram filmes legais à Bollywood. 

O filme conta a história de Hero*, um taxista de Bombay ("Bombaim" é feio). Quando pega como passageiros dois homens e uma mulher, ele acaba por salvar a honra de Mala (Kalpana Kartik), que iria sofrer abuso por parte dos dois homens. Sem ninguém em Bombay e tendo ido para a cidade atrás do produtor musical Ratan Lal, Mala desperta a simpatia de Hero, que a leva para morar em sua casa. 

Direção segura, a gente vê por aqui.

A história básica do filme não apenas soa simples, como realmente o é. Achei o início até bonitinho, mas foi ficando lento e quase perdi o interesse na história. Hero andava por aí, Johnny Walker fazendo graça, a heroína da história tão fofa que me dava sono. Aí apareceu Sylvie (Sheila Ramani), uma cantora de bar que me fez pensar que eu finalmente teria meu momento Helen no filme (um dia explicarei o que é isto). Perdão para quem viu o filme e gostou, mas achei os musicais dela até meio chatinhos. Legal que comecei falando sobre como a época tinha bons filmes e estou bombardeando o pobre Taxi Driver. Meus pensamentos estão confusos, então vou falando de personagem por personagem. 

Sylvie não me convenceu muito com seu amor. Nos filmes quase sempre há a mocinha toda virginal apaixonada pelo cara e a super sensual que não merece tanta consideração quanto a mocinha virginal. Apesar da minha constante torcida pela mocinha virginal porque DÃ, ELA É A HEROÍNA E TEMOS DE TORCER POR ELA, costumo desenvolver um carinho pela mulher toda errada. Ela é sempre aquela apaixonada que nós sabemos que é dedicada ao herói até a morte, mas não ficará com ele...por isso sou solidária. Só que eu não senti solidariedade nenhuma pela Sylvie. Não fazia a menor ideia do que ela via no Hero, e o roteirista também não fez questão de me explicar. Lembro que no Muqaddar Ka Sikandar (1978), a cortesã Zohra era apaixonada pelo Sikandar por várias razões (ela tinha o vírus de Chandramukhi**) e mesmo com ele não a amando, eles passavam tanto tempo juntos que entendi de onde surgiu toda a afeição dela. O Hero não me pareceu nem ser um grande frequentador do bar de Sylvie, então não entendi nada. De todo modo, a Sheila Ramani era lindíssima e fazia valer a ação de ver seu rosto valer a pena (superficialidade pode servir para algo).

Mala era tão chatinha, gente. Religiosa, criou em Hero o costume de ler o Ramayana — achei fofo. Comecei a gostar muito dela quando a cunhada de Hero apareceu na casa dele, o que o pôs em desespero para esconder Mala. A ideia que ele teve foi vesti-la de homem, e para isto ele simplesmente cortou o cabelo da menina. Ainda tenho dúvidas sobre se realmente o cabelo dela foi cortado tão curto (a cena mostrou uma tesoura e tudo), mas as cenas clássicas que se seguem quando uma mulher é vestida de homem sempre me divertem. Ela até levou uns tapas de uns meninos que não a queriam se metendo no negócio de limpadores de carros, e tive que rir dela correndo. Lá para o final, eu estava achando o amor dela e de Hero muito bonitinho e torcia por eles. Esqueci de falar que ela era cantora.


Já o nosso herói Dev Anand foi o fofo de sempre (eu sei, frase boboca). Não sei se foi a surpresa de vê-lo parecer muito natural como taxista ou outra coisa, mas ficava feliz sempre que ele aparecia. Quando a Mala o deixou, ele ficou com uma expressão de abandono muito doce, fiquei até comovida. Ele teve uns momentos de luta, mas essas cenas nunca me impressionam muito (a não ser que sejam divertidas como as do Amar Akbar Anthony). Gostei de umas poucas cenas dele em que o Mastana (Johnny Walker) aparecia, porque tenho a impressão de que quanto mais antigo o filme, mais gosto do Johnny Walker nele. O Mastana era meio bêbado, mas o dono do bar disse que ele nunca tocou em álcool, só andava daquele jeito por estilo. Comecei a rir depois dessa, achei uma coisa tão nada a ver na história! Esses momentos estranhos são muito Johnny.


Olha, a  trilha não me impressionou muito (e é do S.D. Burman!!!!). Sou muito apaixonada pelas trilhas dos filmes antigos, então um "não me impressionou muito" que digo para elas significa muito mais do que se eu  dissesse o mesmo para uma trilha atual. Não achei ruim e nem sensacional, apenas não lembro de nada que não seja Jaye To Jaye Kahan, a que eu disse que me levou ao filme. Foi também com o clipe dela que me apaixonei pelo Dev Anand há vários meses, numa madrugada insone no Youtube.Não lembro se foi esta música ou Jalte Hain Jiske Liye do Sujata (1959) que me fez entrar num vício pela voz do Talat Mahmood...durou umas duas semanas, e eu ficava ouvindo as duas o dia inteiro. De todo modo, também foi legal ver no filme uma versão feminina de Jaye (...), desta vez cantada pela Lata (certas pessoas são tão citadas aqui que nem precisam mais de sobrenome). Não sei o que diz a letra da música, já que o filme não tinha músicas legendadas, mas vou ser sincera: chorei quando ela tocou (foi estranho). Droga, eu queria tanto ter lido as letras! Elas são do Sahir Ludhianvi, que escreveu as letras má-gi-cas do Kabhi Kabhie (1976), Laila Majnu (1979) e Pyaasa (1957). PYAASA! Odeio esses momentos em que sinto que só eu estou impressionada.

A praia onde nossa história começou, Dev  ♥ 

Acho o mar tão lindo em preto e branco.

A conclusão: para mim, Taxi Driver é um filme bonitinho e agradável para se passar o tempo. Nunca estive na Índia, mas sempre fico feliz quando vejo as cidades antigamente. Quando depois estou vendo os filmes atuais, fico tentando lembrar delas nos filmes antigos e comparar (sem sucesso, claro). Só mais uma fofoca informação: o Dev e a Kalpana são casados, e a Wikipedia dela diz que o casamento foi na época do filme. 

Perdão pelo post preguiçoso, mas não lembrava de muita coisa que tivesse chamado a minha atenção no filme. Então...até depois!

*no IMDB diz Mangal/Hero, mas o chamavam de Hero e assim o farei. 

**Vírus de Chandramukhi: muito comum entre cortesãs indianas, seus sintomas são desencadeados quando um homem trata uma cortesã de um modo diferente dos outros. Se um indivíduo rejeita uma cortesã porque não acha sua profissão digna ou a trata com o mesmo respeito que dispensa às mulheres "respeitáveis", a cortesã rapidamente é atacada pelo vírus. Os sintomas incluem vontade de largar a profissão, discursos emocionados sobre a infelicidade de ser cortesã, dedicação e amor instantâneos pelo homem que a rejeitou e disponibilidade para sacrificar-se em nome do amor. 

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