Well Done, Abba! (2009)

O Especial Katrina Kaif só terminou porque encontrei o início deste texto no meu computador e lembrar do filme me fez ter muita vontade de terminá-lo. Porém, ainda faremos (Isa, isto é uma ordem) um post sobre a Katrina, explicando o porquê do especial e contendo algumas das nossas impressões sobre a Kat.

Quem já assistiu a Welcome To Sajjanpur (2008) lembrará dele ao assistir Well Done Abba. Ambos os filmes se passam em aldeias, contam com um elenco sem grandes estrelas, são do diretor Shyam Benegal e tem uma mistura muito gostosa de comédia e denúncia social. 

Apesar de não ter Shreyas Talpades, que fez a minha alegria em Sajjanpur, o papel principal de Well Done Abba ficou com um dos atores indianos mais talentosos que conheço: Boman Irani. A história começa com Armaan Ali (Boman Irani), que trabalha como motorista particular, implorando ao seu chefe para poder voltar ao emprego. Ao que parece, ele pediu uma licença para resolver alguns problemas pessoais na pequena aldeia onde mora sua filha, Muskan (Minissha Lamba), juntamente com seu irmão gêmeo, Rehman Ali (Boman²!) e sua cunhada, Salma Ali (Ila Arun). O problema é que Armaan só voltou meses depois, e seu chefe, como qualquer empregador normal, não quer aceitá-lo de volta. Ainda assim, o chefe legal dá uma chance a Armaan para contar tudo o que aconteceu enquanto dirige seu carro durante uma viagem. Armaan diz que caiu num poço, e é este poço que vai guiar toda a história. 




A aldeia tem na falta de água uma de suas características mais marcantes, o que estimula Armaan a participar de um programa do governo por meio do qual se constroem poços para cidadãos abaixo da linha da pobreza. O dinheiro mal sobre para Armaan no fim do mês, mas isto não é considerado ser pobre! Para ser realmente pobre, você basicamente tem de provar que não tem o que comer (alguém nota semelhanças com o Brasil?). E, segundo o funcionário do governo, Armaan está parecendo até bem alimentado e...nossa, o relógio dele é tão bonito! Que tal oferecê-lo sem intenção alguma ao funcionário? Depois, que tal ter de pagar uma parte do dinheiro que receberá pela construção do poço, para finalmente ser colocado abaixo da linha da pobreza — afinal, como diz outro funcionário, “atualmente, todos querem estar abaixo da linha da pobreza, porque estar abaixo dela tem benefícios” —? Não nos esqueçamos de que o engenheiro também quer uma parte. Ah, também sempre se deve agradar ao fotógrafo super entendido de montagens (não que isto influencie em algo, claro), que deve fotografar o poço em andamento para que o governo libere as verbas para as fases seguintes da construção. Oba, todos felizes! 


Chega o momento em que Armaan está infeliz porque ele tem todos os documentos comprovando que há um poço em suas terras, cartas dos líderes da aldeia falando sobre o quão fresca é a sua água e até mesmo as fotos do tal poço, mas...bem, ele não vê poço nenhum no seu quintal. É aí que Muskan surge com o momento de genialidade mil do filme ao prestar uma queixa à polícia, já que roubaram seu poço! Não está tudo comprovado, mas o poço não aparece no quintal? Então, bem, ele só pode ter sido roubado. Armaan, Muskan e Arif Ali (Sammir Dattani) unem todas as pessoas pobres das redondezas que também tiveram seus poços “roubados” para fazerem um grande movimento pela exigência dos poços. Acho que esta foi uma das partes de que mais gostei: a união de todos aqueles que foram tiveram seus poços roubados de pouco em pouco. A imprensa chega, uma grande atenção é dada a questão devido ao fato de as eleições estarem próximas e é claro que o governo, que sempre atende aos pobres com tanto zelo, carinho e consideração, tenta resolver a questão. 




Tenho um certo medo da Ila Arun.
Normalmente tento fazer uma sinopse rápida dos filmes e depois ir jogando as opiniões e observações conforme forem surgindo, mas com Well Done Abba, minha vontade mais forte é de ir contando o filme todo, porque só a história já faz o esforço de escrever valer a pena. Não consigo pensar muito no que indicar: tudo é legal! Para quem já conhece o trabalho do Boman Irani, ele não precisa de apresentações, mas para quem não conhece, digo que o homem é um fenômeno. Não é que ele tenha uma atuação arrebatadora, mas o vejo como aquele ator que prende você do início ao fim do filme. O que me divertiu nele neste filme foram as expressões de cinismo que fazia quando estava sendo claramente roubado pelos funcionários do governo: sabem quando a gente está há horas numa fila de banco aqui no Brasil, e de repente vê uma pessoa que vai avançando lentamente pelos cantinhos, daí chega e pede (bem baixinho, claro) para uma pessoa mais a frente pagar suas contas junto com as dela, já que ela tem que fazer uma coisa urgente? Então, a pessoa olha em volta com aquela carinha cínica procurando quase uma aprovação, a expressão mais pura do jeitinho brasileiro? O que resta a fazer àqueles que não são de reclamar é olhar para o engraçadinho com uma cara semelhante a esta: 


Outra de quem gostei muito foi a Minissha Lamba, que faz a filha inteligente e ousada de Armaan. Estava comentando dia desses que gosto dela desde Bachna Ae Haseeno, há algo em sua expressão que me agrada. Acredito que é por tudo nela me parecer muito simples: do visual (não é linda e nem feia, só bonita) à própria atuação (apesar de eu não poder falar muito sobre isso, acho que só vi dois filmes seus). A história de amor da Muskan com o Arif Ali é adorável e me fazia ficar dando aqueles sorrisinhos bobos que às vezes damos quando ficamos com o coração aquecido por pouca coisa, porém não vou falar dela por já ter contado quase o filme inteiro no post. Se alguém decidir vir o filme ou já o tiver visto, decida se sou boba ou muito boba. 

O filme também fala bem rapidamente sobre casamento arranjado, nada muito aprofundado. Gostei de ver tudo enrolado na comédia; o irmão do Armaan era um vigarista de cabelo estranho, que roubava e aplicava golpes no povo todo (inclusive, Muskan e Arif só se conhecem porque o tio Rehman deu um golpe no pai do moço). Desde que assisti a Peepli Live (2010), notei que questões sociais abordadas em filmes me afetam por mais tempo se o filme tem um pouco de comédia. Talvez seja porque levamos a vida assim por aqui, não? Sem querer estimular o estereótipo do brasileiro feliz, se (eu) a gente não rir um pouco no meio de tudo pelo que passamos neste país, não dá para levar a (minha) vida adiante. Há umas semanas mesmo, minha mãe e eu estávamos impressionadas com uma notícia seríssima que passava no telejornal, quando começamos a rir alto do nome do bandido. É assim que elaboro as coisas. 


Ele é bonitinho³ e esses créditos são fofos demais! 

Quebrando outra tradição dos posts, também não falarei da trilha sonora do filme, simplesmente por não me lembrar de música alguma (e isto quer dizer algo!). Quero terminar tendo dito somente o que sentia vontade de dizer do modo mais sincero e simples possível, já que me pareceu que o próprio filme fez isto. Sendo assim, até a próxima e não esqueçam de que existem pequenas pérolas como esta em Bollywood, esperando por um espectador desavisado para surpreender sem fazer alarde.

5 comments

  1. Que delicinha de texto, Carols. Preciso com urgência voltar às atualidades bollywoodianas, à vida :)

    Obrigado por esse brilhinho no meu sábado a noite :)

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  2. Adoreiiiiiiii o post e adoreiiii o filme.

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  3. Ah, eu sei que também escrevo no blog, mas vou tivar o 'não escreve no blog' mode.

    Aaaaaah, me deu vontade de ver o filme! Quando eu li 'Boman Irani' ali, já quis ver. Adoro esse homem. E mais a história, que me parece completamente doida e enrolada - apesar de eu não gostar desse tipo de história, tem o Boman, oras!

    Lendo esse post, fico pensando: será que nos posts que eu apareço as pessoas sentem tanto vontade de ver o filme? Bem, sei lá. Só sei que adorei o post e vou tentar ver o filme em brévis.

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  4. Ibs, você precisa voltar para a luz mesmo. Estaremos esperando.

    Maryssol, quando estava postando, você foi a primeira pessoa em que pensei, porque é a única conhecida minha que viu o filme. Não me sinto só! :D

    Isa, veja mesmo. O Boman fica fazendo cara de idiota o filme todo, achei muito engraçado. Gostei taaanto da Minissha e do Sammir Dattani também.

    Agora, vamos nos unir para dar um cascudo na Isa.

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  5. Gosto tannnnnnnnnnnto deste filme!!! Como bem disseste, não tem como ver este filme e não lembrar de Welcome To Sajjanpur. Dois filmes magníficos que seguem a mesma estrutura ao mesclar comédia com critica social.

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