Hoje é dia de Tolly no Deewaneando!
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Destino: Andhra Pradesh! |
Siddhu (Siddhart) é filho de pais
separados. Ele e Geeta (Tamannaah) se apaixonam, mas o pai dela, Subramaniam
(Nassar), não aprova seu casamento por acreditar que os pais de Siddhu não lhe
ensinaram sobre a importância dos valores familiares. Siddhu e Geeta assumem
para si a tarefa de unir os pais dele, tendo de passar por cima do orgulho de
Prakash (Prakash Raj), o pai, e da raiva de Rajji (Ramya Krishnan), a mãe. Acreditem ou não: o nome de quem dirigiu é Kishore Kumar.
O filme tem dois romances: o
interrompido e o recém-iniciado. O último começa a existir a partir do momento
em que Geeta, que é uma séria e doce moça de aldeia (clássica!), percebe que
Siddhu esconde muitas coisas boas por trás da aparência de moleque travesso.
Por influência dele, ela passou a se divertir mais e aproveitar o dia. Já ele
começou a enxergar responsabilidades a partir do contato com ela, além de
alguma coisa que não peguei muito bem sobre abraçar a própria tristeza. Entendi
que por ter se acostumado a sorrir para tudo e não pensar a fundo sobre nada,
ele havia desaprendido a dar espaço para o sofrimento que também faz parte de
nós – o que voltou a acontecer após conhecer Geeta. O casal interagiu bem, os
atores pareciam confortáveis um com o outro.
Os pais de Siddhu são complexos e
tomaram algumas das piores decisões possíveis em relação ao filho. Quando se
separaram, a mãe levou o menino e o pai ficou vendo-o mais ou menos às escondidas
durantes vários anos. Falar o nome do pai traz óbvio desconforto à mãe, e
vice-versa. Um acha que o outro está tentando roubar seu filho e fazem o rapaz
se sentir em constante divisão de afeto. Este povo precisa de um treinamento em
habilidades parentais para ontem! Ao mesmo tempo em que não concordei com o
preconceito do pai da Geeta relação a um filho de pais divorciados, ele teve
razão em relação ao Siddhu: com pais como aqueles, realmente não havia como entender qualquer coisa sobre valores familiares. Os dois não fizeram o menor esforço para tornar o processo de separação
o menos traumático quanto fosse possível para a criança.
Siddhu me trouxe uma sensação de déjà vu em relação aos outros (poucos) personagens
que vi do Siddharth no cinema telugu, especialmente o meu amado Santosh de Nuvvostanante Nenoddantana (meu filme
telugu favorito). Os dois são namoradores, bagunceiros e irritam as sérias
mocinhas com suas brincadeiras fora de hora, mas acabam demonstrando alguma
parte mais sensível que as encanta. Como já tinha recebido disto antes, acabei
não sendo muito afetada desta vez. Até sua atuação parecia ter menos energia,
provavelmente por estar mais velho (e ainda fazendo romances, shahrukhinho do
sul!). Não entendi bem seu círculo de amizade, que incluía um homem de uns 35
anos que não fazia nada além de segui-lo e levar tapas na cara. O núcleo cômico
do filme é bem ruim.
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Reação de Siddharth ao ver seu penteado. |
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Esta moça é incrivelmente bonita. |
Geeta tinha traços que achei um pouco
difíceis de entender e uma atitude de solidariedade feminina que às vezes me
fazia bocejar. Minha dificuldade foi em entender como ela passou de menina
séria à moça livre, e desta para namorada com humor altamente inconstante. Não
é uma personagem insuportável, é até meiga e gostei de vê-la em cena. Só fiquei
com a impressão de que repentinamente colocaram o mega clichê “mulheres são
difíceis” para a história ficar mais engraçadinha, e não acho isto muito
legal. Homens são difíceis, mulheres são difíceis, relacionamentos são
difíceis, a vida é difícil.
Este tipo de coisa só reforça
estereótipos bobos, mas...ei, isto é um romance. Era de se esperar alguns clichês.
Lembrei da Kajol no DDLJ, que era um doce de pessoa até encontrar um rapaz e
ficar enjoadinha. Me desanima ver que o herói costuma ter uma evolução legal ao
se apaixonar, ao passo que a heroína costuma ficar chata.
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Hein? |
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Gente...!?!?!?! |
Falando de heroínas e mulheres em
geral, o filme tem duas mães em pólos opostos: uma ficou independente do
marido, foi trabalhar e provou sua independência; a outra tinha tanta presença
que só notei que a Geeta também tinha mãe após mais de uma hora de filme! O pai
de Geeta é o senhor das decisões. Não vi nenhuma mulher falando, a menina só
falou sobre a forte ligação que tinha com o pai...pensei que a mãe não fosse
viva.
Fora a questão das inabilidades
parentais, o casal mais velho roubou o filme. Ver os dois negando a óbvia saudade
que sentiam um do outro, agindo como crianças e não percebendo que estavam
sendo manipulados pelos jovens do filme foi adorável. Isto se deve muito ao
imenso talento do Sr. Prakash Raj, que a partir de agora é um queridinho deste
blog. Ele tem gestos muito expansivos, mas consegue modulá-los facilmente para
as cenas mais ternas, como as com o filho. A Ramya Krishnan não me causou
nenhuma impressão mais profunda, senti até mesmo que poderia ter demonstrado
mais emoção em algumas cenas. De qualquer maneira, foi surpreendente assistir à
uma história em que um casal mais velho tivesse a mesma importância que um
casal jovem, sem aquele clima caricato que às vezes se dá. O diálogo final
deles é minha cena favorita no filme, além de uma das mais doces e belas que já
vi do Prakash. Nossa, ele é tão bom!
As músicas do filme são meigas. Minhas
favoritas foram duas ao ar livre: a simpática, repleta de efeitos de câmera
lenta e com o pombo mais falso do mundo Egire Egire; e outra que não acho de jeito nenhum no Youtube. É a primeira, que
introduz os personagens. A trilha é do trio SEL.
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Tujhe dekha to telugu! |
KIKK é bem gostosinho de se assistir,
especialmente se deixarmos de lado o senhor que faz hilárias piadas sobre críquete e nos focarmos nas fofas histórias
de amor (a quem quero enganar? Olhem para o Prakash Raj!) e no belo modo como o
cinema telugu consegue mostrar a natureza. É um modo bem legal de passear por
Tollywood.