12 coisas que você não sabia sobre Sholay

Se você fizer uma pesquisa para saber qual é o filme mais importante do cinema indiano, aposto que 8 em cada 10 indianos não pensarão duas vezes antes de responder Sholay. Temos poucas informações sobre este clássico absoluto do cinema hindi no Brasil. Esta (absurda) situação me fez buscar o fantástico livro Sholay: The Making Of A Classic, escrito em 2001 pela crítica de cinema Anupama Chopra. É um retrato completo do filme, compreendendo desde as primeiras ideias para a concepção da história até os efeitos da obra sobre os atores e o cinema hindi nos anos posteriores. O ebook em inglês pode ser comprado no site da Livraria Cultura neste link.

Como não é útil resenhar um livro sem amplo acesso, pensei que uma lista de curiosidades seria uma boa forma de apresentar fatos interessantes sobre a obra. Sendo assim, conheça 12 curiosidades sobre este clássico dos clássicos: 

1) Amitabh Bachchan precisava de um sucesso

Hoje vemos Big B como o superstar insuperável de Bollywood, mas as coisas não eram bem assim na época em que fez Sholay. Amitabh vinha do impressionante número de 10 filmes fracassados e precisava urgentemente de um sucesso para dar sobrevida à sua carreira.

2) Hema era só sucesso


Enquanto Amitabh lutava pela sobrevivência, Hema Malini estava na crista da onda. A atriz havia acabado de protagonizar o estrondoso sucesso Seeta Aur Geeta e era vista como a atriz número 1 da Índia naquele momento.


3) Salim-Javed lutaram por Amitabh



O diretor Ramesh Sippy desejava o ator Shatrughan Sinha no papel do bandido Jai, porém a lendária dupla de escritores Salim-Javed insistiu em ter Amitabh. O ator foi atrás dos produtores para convencê-los a lhe darem o papel e também pediu a Dharmendra que o recomendasse. Alguém consegue imaginar o Bachchan pai correndo atrás de um papel hoje em dia?

4) Gabbar Singh existiu

O vilão mais famoso da história do cinema indiano foi inspirado em um bandido real dos anos 50. Diz-se que ele odiava policiais, tal qual o personagem.

5) Gabbar Singh foi a grande oportunidade de Amjad Khan



Amjad Khan tinha uma boa reputação no teatro, porém sua carreira não ia bem. Após Danny Denzongpa abandonar o filme, a oportunidade de interpretar Gabbar surgiu para Amjad. Ele ficou inseguro sobre sua capacidade de interpretá-lo e não foi o único a sentir-se assim: os roteiristas Salim Khan e Javed Akhtar sugeriram sua substituição e após a produção, sugeriram que a voz do ator fosse dublada. Amjad ficou magoado e nunca mais falou com os dois.

6) Jaya atrapalhou a produção

Jaya Bhaduri e Amitabh casaram-se pouco antes do início das gravações. A atriz voltou grávida da lua-de-mel e as gravações tiveram início no terceiro mês da gestação de sua primeira filha, Shweta. Como o local de gravação era afastado, Amitabh dirigia pessoalmente o carro que a levava aos sets todos os dias.

7) O cuidado com as cenas chegou a um novo nível




Os filmes de Bollywood costumavam ser feitos em tempo recorde, levando os atores a gravar vários num mesmo ano. A coisa mudou de figura em Sholay. Cada segundo do filme foi pensado, gravado e regravado à exaustão para chegar à obra perfeita. Uma simples cena de 1 minuto na qual Jaya Bachchan acende as luzes da varanda levou 23 dias para se gravada, pois o diretor desejava captar a luz do pôr-do-sol. O filme foi finalizado em dois anos.

8) Dharmendra flertou bastante



Apaixonado por Hema Malini, Dharmendra pagava aos rapazes que cuidavam da luz para errarem as marcações numa cena em que abraçava Hema ao ensiná-la a atirar. Desta forma, ele pôde abraçá-la repetidamente.

9) (Quase) R.I.P. Bachchan


O diretor de ação estrangeiro Jim Allen foi chamado para deixar as cenas de ação mais realistas. Ele exagerou um pouco e decidiu usar balas de verdade nas armas. Havia uma cena na qual Dharmendra deveria pegar balas e carregar um revólver. Tudo muito tranquilo - não fosse o fato de o ator estar gravando bêbado. Após tentativas frustradas de concluir a cena, ele pegou as balas, carregou o revólver e atirou impulsivamente. O tiro por pouco não atingiu Amitabh Bachchan. Jim Allen jogou seu chapéu longe e saiu do set de filmagem. Dharmendra ficou envergonhado e permaneceu sóbrio nos dias seguintes.


10) Há dois finais

A censura indiana rejeitou o final original do filme, que é violento e baseado em vingança crua. Pensou-se que não seria bom mostrar personagens fazendo justiça com as próprias mãos num momento em que o governo havia declarado estado de emergência em todo o país. O diretor Ramesh Sippy entrou em desespero, mas mesmo assim teve que lançar um final mais leve, no qual a polícia pune os criminosos. A versão que assistimos nas cópias disponíveis no Brasil é a original, fiel à visão do diretor e dos roteiristas. Há indianos que nem sabem sobre a existência desse final.

11) A trilha não vendeu bem



Os royalties da trilha de Sholay foram os primeiros pagos adiantadamente na história do cinema indiano. O susto foi grande quando a trilha não vendeu bem, então tiveram a genial ideia de vender apenas os diálogos do filme - que eram repetidos à exaustão por todos que o assistiam. O sucesso de vendas foi estrondoso.

12) Depois da tempestade, a bonança



O filme não teve sucesso inicialmente. Isto apavorou os produtores, que haviam investido uma fortuna no projeto. Críticos falaram mal do filme, que já parecia ser o maior fracasso dos últimos tempos. Amitabh Bachchan chegou a chorar, dizendo ao amigo Shashi Kapoor que estava tudo acabado.

O proprietário de um cinema em Worli disse ao diretor Ramesh Sippy para não se preocupar, pois as vendas de sorvetes e refrigerantes em seu cinema havia caído. A razão? As pessoas estavam tão impressionadas com o filme que não queriam sair durante o intervalo. Como acontece com os bons filmes, o boca a boca foi aumentando e Sholay virou um sucesso absoluto, com filas quilométricas fora dos cinemas e ficando em cartaz durante cinco anos.

1 comments

  1. Anônimo29/5/16

    O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis (Maria Julia Paes de Silva).
    Raquel

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