Saathi (1968)

POR QUE não conseguiram manter este clima?
Esta vai ser difícil.

Fiz 20 anos na última terça-feira (ieeeei!). Até ia vir aqui para um super post com vídeos felizes, mas tive aulas importantes às quais não podia faltar. Fiquei consternada com isto, já que não gosto de sair no meu aniversário, mas sempre me esforço para que seja um dia especial com as pequenas coisas de que gosto — neste momento, ver filmes indianos. Fiz toda uma organização para que assim que eu chegasse em casa, houvesse um lindo filme indiano me esperando. Escolhi com todo o amor, achei que nada pudesse ser mais perfeito que um filme do Rajendra Kumar com a Vyjayanthimala. Teria como não ser? Uma pessoa por quem tenho uma intensa queda junto com uma que dançaria adoravelmente! Seria melhor do que meu aniversário de 18, quando vi Chalte Chalte e morri de tédio.

Dirigido por C.V. Sridhar, este filme talvez seja o maior drama que vi no ano. Ravi (Rajendra Kumar) é um médico com formação internacional. Ele se sente em eterna dívida com o homem que o criou e possibilitou que tivesse um bom futuro. Este homem é pai de Rajni (Simi Garewal), que sempre foi apaixonada por Ravi. Sem imaginar que a família espera que se case com Rajni, o médico promete casamento à Shanti (Vyjayanthimala), enfermeira do hospital onde trabalha que havia acabado de perder a mãe. Os dois se casam e são muito felizes, mas o chefe de Ravi diz à Shanti que ela estava atrapalhando o marido em suas pesquisas sobre o câncer, impedindo-o de ser o grande homem que estava destinado a ser. Shanti se afasta e faz Ravi voltar seu foco para o trabalho, dedicando-se dia e noite a ajudá-lo. Ela não o deixa notar que está muito doente e...olha, já tem drama demais aí. Vou contando mais durante o post.

Vyjayanthi, certamente não em
seu melhor momento.
Não sei por onde começar a reclamar. Talvez pelo machismo nosso de cada dia seja bom, e neste filme ele chegou a níveis altos. Shanti era uma enfermeira competente e parou de trabalhar quando se casou. Não houve discussão a respeito, apenas fiquei esperando os dois irem juntos para o trabalho e me surpreendi ao vê-la ficar em casa. Tudo bem, havia coisa muito pior: Shanti se culpando por distrair o marido durante o filme inteiro. Até quando ficou doente e estava sendo cuidada por ele, tudo o que conseguia dizer era: "Ó, como sou infeliz...você me serve, quando eu deveria estar servindo você!". Qualquer coisa era sacrifício, dever da esposa...ARGH! Uma das frases que mais me irrita em filmes indianos foi dita por ela em uma das músicas: "Esta casa é um templo e você é o meu Deus". Não tenho paciência para abnegação contínua...isso lá é saudável? A criatura estava cuspindo sangue e ficou quieta! Também sou um pouco implicante com esposas tímidas...não consigo evitar meus pensamentos de voarem muito alto quando vejo o Rajendra.

Me seduz demais ♥
Rajendra. Kumar. Nutro por ele uma pequena paixão que não sei explicar, talvez venha de Baharon Phool Barsao...suspiro mesmo, e intensamente. Mesmo assim, ainda não consegui colocá-lo na minha lista de favoritos ali do canto. Tinha algo me dizendo que eu ainda me irritaria muito com seus filmes, Saathi me parece apenas o início de muito sofrimento. Estou achando que  escolheu fazer uns filmes que nem minha paixão platônica servirá para me fazer suportar. Da metade para frente sua atuação nem foi ruim, porém no começo do filme todos os atores estavam robóticos! Atuavam muito mal, como eu imaginava que sempre fosse em Bollywood antes de conhecê-la. Os diálogos eram coisas como:

- Shanti, fique com este dinheiro.
- Não, doutor. Dê às criancinhas pobres.

Pior era quando começava o:

- Sou uma pobre órfã que só tinha sua mãe no mundo...

Às vezes um roteiro não tão bom é aproveitável, mas a sucessão de frases ruins em Saathi me deixou com vergonha alheia. Quase não acreditei que fosse do Abrar Alvi, que escreveu coisas tão incríveis como Kaagaz Ke Phool.

Sorriso! *-*
O que prova a estranheza deste filme é minha maior alegria ter sido o Sanjeev Kumar interpretando Ashok, amigo de Ravi. Sorridente, leve, agradável...ou seja, destoando completamente do clima do resto do filme. Para quem acredita que estou exagerando, vou dar um spoiler: Ashok entrou na história para cuidar da cegueira (!) de Ravi., causada por uma briga que teve com Rajni a respeito do sofrimento que ele a fazia passar...desde a suposta morte de Shanti. Suposta morte, cegueira, casamento por obrigação. Precisa de mais? Fim do spoiler.

A Rajni também era uma ótima personagem. Egoísta e mimada, queria se casar com Ravi a qualquer custo. Provavelmente era a mais humana ali. Quando começou a sua parte em todo o drama, seu sofrimento foi muito mais acreditável que o da Shanti e do Ravi. Nem sempre a mulher rejeitada consegue ativar minha empatia nos filmes indianos, mas eu queria que a Rajni fosse feliz. Pena que no final quase a tenham santificado.

Fomos disto...
...para isto.




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Minha experiência com Saathi não foi nada boa e fiquei grata por não ter conseguido assisti-lo no meu aniversário, já que Chalte Chalte parece um ótimo programa comparado a ele. Este filme me fez pensar coisas que nunca imaginei passando pela minha cabeça:

" Quero morrer, por que não acaba? 


Se a Vyjayanthimala morrer, será que tudo vai ficar melhor?


Morre, Vyjayanthi! Por favor! "


Esqueci de mencionar a trilha tensa de drama que ficava tocando, não é? Mas deixa para lá, que já reclamei o suficiente por hoje. Fiquem com um momento de felicidade em Kashmir, coisa rara neste filme.


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