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Tenho o costume de anunciar já no início dos textos quando não gosto do trabalho de um diretor. Pode parecer antipático, porém minha intenção é deixar claro para o leitor que tudo o que virá a seguir é altamente influenciado por uma visão que há muito estabeleci sobre aquele artista. Esta visão geralmente não é inflexível, mas tem lá suas conseqüências. Feita a introdução, declaro que detesto Sanjay Leela Bhansali desde o primeiro filme. É mais forte que eu. Não gosto da opulência, do predomínio da forma sobre o conteúdo e do excesso de simbolismos.


Como toda versão de Romeu e Julieta, nesta também temos o intenso ódio entre duas famílias. Os Capuletos e Montecchios são substituídos pelos Sanera e Rajadi. A duas famílias são responsáveis por contrabando, tráfico e tudo o que há de pior na aldeia de Ranjaar. Leela (Deepika Padukone) é a menina dos olhos da família Sanera. É protegida como um diamante pelo irmão e pela mãe, a poderosa Dhankor (Supriya Pathak). Na casa Rajadi está Ram (Ranveer Singh), o divertido par de Leela. O rapaz é contra o mortal ódio entre os dois clãs e apregoa que todos os problemas sejam resolvidos pacificamente. Ram e Leela são ousados, sensuais e apaixonam-se loucamente. O amor é tão intenso que suas individualidades vão se perdendo, um não consegue pensar na vida sem o outro e fundem-se em um só ser: Ram-Leela. 

As referências ao Twitter e a celulares indicam que a história se passa no presente, porém a sensação transmitida é a de existir um ponto suspenso no espaço e no tempo e que é nele que tudo acontece. Ranjaar é um lugar afastado do mundo, onde nada além da rivalidade entre os dois clãs importa. Os belos cenários e figurinos de Bhansali estão presentes, apesar de passarem longe de quase cegar o espectador, como é de costume. O brilho foi guardado para os musicais, e o ambiente cotidiano de Ranjaar tem um toque escuro e rústico, coerente com o clima à margem da lei que predomina na aldeia. Este peso do cenário também está presente no romance. Ram e Leela são mais terrenos que os habituais amantes etéreos do diretor. Eles se acariciam, mordem, apertam e beijam. É como se tentassem tornar-se uma só pele. Foi o romance mais sexualmente explícito que já vi de Bhansali, que aproveitou a cumplicidade entre Ranveer e Deepika para criar cenas atrevidas. E esses dois foram além da sensualidade na construção dos personagens.

Deepika ofereceu ao público uma Leela segura e ciente de seus desejos. Seus grandes olhos foram bastante destacados e registraram inicialmente a alegria juvenil de Leela, depois transformada em dor. É óbvio seu amadurecimento artístico e muitas vezes me surpreendi hipnotizada por suas falas, olhares e gestos. Entretanto, minha maior surpresa foi com a atuação de Ranveer Singh. Costumava vê-lo apenas como um ator histérico e bem malandro — características pessoais bem aproveitadas na primeira fase de Ram, quando ainda era apenas um jovem sedutor e despreocupado, interessado somente em ver pornografia e caçar garotas. Ram é egocêntrico e obcecado pela própria masculinidade, como o típico jovem estúpido. Como apontado por minha amiga Joseli, sua vaidade é representada pela figura do pavão. É em sua transformação para apaixonado amargurado que está a beleza do trabalho de Ranveer, que conseguiu expressar o desespero que se apodera de Ram ao ser separado de Leela. Quando as crenças e expectativas do menino são todas destruídas, ele finalmente compreende a existência de forças mais fortes que o seu desejo. Não basta desejar a paz para que os homens a façam e nem querer o amor para que ele seja permitido. As circunstâncias obrigam o menino mimado a sair de cena para dar lugar ao homem atormentado, que é levado a agir de acordo com princípios que não são seus.

"Parece um filezinho de borboleta" - MÃE, minha.

O casal é a força do filme, mas não o carregou sozinho. Dhankor, a mãe de Leela, é uma das melhores personagens criadas para atrizes veteranas de que me lembro. É não apenas uma mãe autoritária, como também administradora incansável dos negócios sujos do clã Sanera. Não hesita em passar por cima do obstáculo que for para concretizar seus planos e, como se não bastasse, é amedrontadora — que o diga Ram, o vaidoso, recebendo de presente um pavão morto. A presença de Supriya Pathak em qualquer cena era sinal de que ela seria dominada por seu talento. Utilizando um tom sutilmente ameaçador, conseguiu criar uma vilã gângster como geralmente só atores homens tem a oportunidade de fazer. Foi uma atuação magistral.

Não chamarei as canções de ponto alto do filme, pois ele tem muitos. Elas encaixam-se perfeitamente na história e acompanham a mudança de romance para tragédia. A canção mais representativa do Ram na fase ousadia & alegria é a fantástica Tattad Tattad. Ranveer rebola, faz uma mulher desmaiar ao arrancar a camisa e coça a cabeça repetidamente. Provavelmente a intenção era ser sexy, mas minha reação é sempre rir, levantar e imitar o Ram. Reação parecida me provoca Ishqyaun Dhishqyaun, marca do romance inconseqüente de Ram e Leela. O casal é mostrado se divertindo com o fato de seu amor ser perigoso e quase mortal. Há ainda outros destaques na trilha, sendo Nagada Sang Dhol o maior deles. Shreya Ghoshal (queridinha do blog) cantou com um vigor que foi também transmitido pelo vídeo, que é grandioso e espetacular como todo bom vídeo do senhor Bhansali. Considero-o tão clássico quanto Dola Re Dola ou Nimbooda.


Não permitir que a opulência sufocasse a história foi o grande trunfo do filme. A estética é colocada a serviço da história e o espectador torce pela felicidade do casal, a despeito de quão conhecido seja o final de Romeu e Julieta. Isto mostra que foi conseguido um afastamento da história original, sendo ela reinventada a tal ponto pelos novos personagens que o espectador se permite esquecer qualquer conhecimento prévio. Com tantos pontos positivos, esse Romeu e Julieta com muitos tiros e sangue já garantiu seu posto de melhor romance trágico dos últimos anos.
Refletir com um mínimo de objetividade sobre os filmes que mais nos movem não é fácil. É por isso que escrever sobre meus filmes favoritos é uma das tarefas que mais procrastino. O efeito a longo prazo é o blog não ter textos sobre alguns dos títulos mais significativos para a minha relação com o cinema indiano. Decidi me esforçar um pouquinho para tirar esse atraso e deste esforço veio a lembrança de um pequeno e fantástico filme dos anos 80. Yeh Vaada Raha não foi sucesso na Índia, mas acabei descobrindo que é um dos filmes indianos mais conhecidos e amados na Nigéria. É um dos mistérios como o da paixão dos portugueses por Aa Gale Lag Jaa, mas não nos foquemos nisto, já que o filme já tem assunto o suficiente para discussão. Há muitas reviravoltas na história, então colocarei um aviso quando comentar sobre esses pontos de virada.

Yeh Vaada Raha é o romance entre Vikram (Rishi Kapoor) e Sunita (Poonam Dhillon). Ele se apaixona perdidamente por ela ao vê-la em um templo e não descansa até reencontrá-la e conquistá-la. Os dois vivem em pleno idílio amoroso até o momento em que Vikram apresenta Sunita à sua mãe (Raakhee), que não aceita ter uma jovem pobre como nora. Os dois decidem enfrentá-la para viver seu amor, quando então suas vidas são transformadas por uma tragédia.


Sendo um filme de grandes reviravoltas, não seria de espantar caso o romance principal fosse apresentado apressadamente para logo dar lugar às surpresas da história. O diretor Kapil Kapoor teve a sensibilidade de não subestimar a importância da construção do amor entre os protagonistas. Apesar de Vikram ter-se apaixonado à primeira vista por Sunita, o namoro de ambos foi bem explorado em cena. Os ambientes escolhidos foram a casa de Sunita, onde cenas noturnas mostram o crescimento da intimidade e cumplicidade do casal, e também as belas montanhas de Kashmir por onde o casal corre, brinca e interpreta as canções românticas que tão bem capturam sua juventude. As cenas de brincadeiras e conversas bobas entre os namorados fazem com que o espectador acredite no casal e torça para que permaneça unido. Esta experiência é fundamental para manter o interesse na segunda parte do filme, momento no qual Vikram e Sunita passam a maior parte do tempo separados. 

Rishi e Poonam fizeram um ótimo trabalho com o já conhecido material do romance. Estavam à vontade um com o outro e conseguiram manter a jovialidade do casal mesmo durante as juras de amor eterno que caracterizam os romances indianos. A deliciosa trilha de R.D. Burman foi ideal para o clima proposto, com destaque para a meiga Yeh Vaada Raha. Esta me fez gastar alguns minutos tentando imitar o bater de mãos do casal, mas não discutamos isto (já que não deu muito certo).


A partir de agora, vou contar pontos importantes da história. Alerta de spoiler!

As coisas ficam bem doidas - para dizer o mínimo - e Sunita tem o rosto destruído após um acidente de carro. A mãe de Vikram o faz pensar que a noiva morreu e o rapaz fica desolado. Sunita, por sua vez, ganha um novo rosto pelas mãos de Dr. Mehra (Shammi Kapoor). O simpático cirurgião a adota como filha e a incentiva a procurar Vikram após sua recuperação. Pai e filha se deparam com a notícia do noivado de Vikram com outra mulher e Sunita sente raiva ao pensar que ele a esqueceu. Ela mal imagina que sua mãe forçou o noivado e que o rapaz vive apenas pela lembrança da noiva perdida.

O tom do filme é drasticamente alterado. De dois jovens alegres e apaixonados, a doce Sunita passa a ser uma moça triste e rancorosa, enquanto o enérgico Vikram torna-se um homem amargurado e perturbado pelas lembranças. Tina Munim teve sucesso ao fazer a difícil transformação de uma personagem que não havia interpretado antes. Construiu sua Sunita com certo ar arrogante que não havia antes e que foi exigido pela história, porém manteve nas cenas iniciais o quê de fragilidade que Poonam Dillhon emprestou à personagem. A interação com Rishi Kapoor teve carga emocional mais forte que a da primeira parte, mas Tina soube imprimir um tom que não destoasse completamente do esperado para Sunita. Apesar de estar usando roupas diferentes, ter outro rosto e ser mais desafiadora que antes, a perturbação de Sunita com a presença de Vikram denunciava que aquela era a mesma jovem que há tão pouco tempo planejava passar toda sua vida com ele.

Don't cry for me, Rishi Kapoor ♪
Rishi Kapoor estava perfeito. Sim, claro que há exagero em minhas palavras, porém isso é o melhor que posso fazer quando se trata do meu ator favorito no meu romance favorito dele. Não há no cinema hindi quem romanceie tão bem quanto Rishi Kapoor. Ninguém sabe olhar para uma heroína como ele, especialmente durante as canções. Sua interpretação também se manteve boa na fase deprimida de Vikram, tendo sido interessante vê-lo contracenar com Raakhee. A “mãe vilã” é um estereótipo dos romances, porém Raakhee trouxe a diferença ao fazê-la séria e sólida como uma típica matriarca. Não houve caras e bocas enquanto ela propunha idéias escusas à Sunita. A mãe de Vikram é uma mulher que se habituou a resolver problemas objetivamente e não seria diferente com a vida amorosa do filho.

1 sentimento: medo.

A história surpreendente e meiga unida a atuações honestas e uma música-título divertida é o que faz de Yeh Vaada Raha um dos meus romances favoritos. Há elementos dispensáveis (como a perseguição de Vikram a Sunita, bem no comecinho), mas o produto final ganhou mais pontos. Uma história tão louca poderia ter se perdido facilmente com a mudança de tom da obra e o êxito em utilizar o absurdo para cativar o espectador indica o valor desse pequeno filme, que me é tão querido. Se tudo isso não for suficiente para convencer, apenas se pergunte quantos filmes dos anos 80 podem ser defendidos com tanto carinho.
Após uma semana estressante na faculdade, decidiu que era melhor fazer algo para se divertir. Sabe como é, antes que a cabeça, sei lá, explodisse.

"Acho que vou tentar ver aquele filme indiano de uma vez."

Já sabia mais ou menos o desenrolar da história. O que havia entendido da Wikipedia em inglês estava mais para menos, porém sabia que alguém estava doente e que o personagem principal mudaria a vida da heroína. Ter um inglês tão primitivo e ainda assim ter chorado lendo a sinopse repleta de spoilers parecia sinal de que o filme valia a pena.

Aprontou o computador, o quarto, seu primeiro filme com legenda em inglês e deu o play. 

"O mocinho é feio." 

Nova York, uma família indiana e uma mocinha que usa óculos. Estava simpatizando e achando tudo muito normal, quando repentinamente começou um musical. Parecia uma versão de Pretty Woman, do Roy Orbison, estranhamente adaptada ao cinema indiano. Nem conseguiu processar aquilo e não entendeu por que começou a tocar no meio da história. Estava num misto de confusão e choque. Que era aquilo?

24 minutos depois, percebeu que estava entendendo exatamente: nada. E seu não-entendimento se devia mais à barreira do idioma que ao fato de haver gente dançando no meio da rua. Como estava gostando, considerou melhor voltar tudo até o começo. Abriu o Google Tradutor no navegador e pausava para traduzir cada frase não entendida. Não foram poucas.

"Aman é tão legal. A Naina também. Tô morrendo de sono, mas quero terminar. E lá vem mais duas horas..."

No meio da experiência, já estava acostumada aos musicais e tudo o mais. Era íntima das famílias e dos personagens. Provavelmente, já amava a todos. Aí veio um intervalo e tudo ficou tão diferente que não parecia o mesmo filme. Tinha muita, muita dor naquela história. Acostumada aos filmes sóbrios e pouco ousados na expressão das emoções que viu ultimamente, não sabia de onde seu corpo conseguia arrancar tantas lágrimas. 

Começou um musical coloridíssimo, parecia uma festa de noivado. Lenços esvoaçavam, as mulheres estavam lindamente vestidas e os dois protagonistas, em clima de amizade, dançavam para a noiva. Com dificuldade, compreendeu que um musical indiano poderia retratar também um evento real, e não apenas sentimentos.

"Isso é a coisa mais linda que já vi na minha vida."

O filme ficou cada vez mais triste. O protagonista não poderia ficar com a mulher amada e queria que ela amasse outro. Não só queria, como fez de tudo para isso. Manipulação emocional, machismo? Coisas que a pessoa de 17 anos só pensaria anos depois. Naquele momento, só sofria por todo o mundo ali e morria de medo de perder o Aman. Seu Aman. Sim, à essa altura já era seu. Todos ali eram.

Veio o musical do casamento, com uma versão triste da música-título do filme.

"Eu...vou...morrer...de...tanto...chorar..."

Deu pausa porque chorava tanto que já tinha molhado a roupa e os óculos estavam totalmente embaçados. Lavou o rosto, bebeu água, respirou fundo e continuou.

10 minutos depois:

"EU NÃO VOU AGUENTAR, MEU CORAÇÃO DÓI!"

Já era alta madrugada quando terminou. Lágrimas por todo lado e uma dor de cabeça infernal. Um vexame. 

"Melhor filme da minha vida!"

17, a idade da fofura

Seria lindo terminar a história por aqui, mas alguém não foi dormir tão cedo naquele dia.



E 3 dias depois...é, adolescentes são chatos:


5 anos depois...bom, o resto é deewaneio puro.
Os dias em que eu tinha certeza de que apanharia eram aqueles em que meus cadernos eram examinados. Nosso dever era anotar todas as palavras que os professores diziam na sala, na grande maioria tirados dos livros didáticos do governo, e escrevê-las nas provas, de modo que a educação era um exercício de repetição, "aprender de cor". Os cadernos valiam 20% das notas. Algo em mim se rebelava contra a idéia de fazer anotações para perpetuar esse ciclo de fatos escritos pelo governo. No dia anterior, os outros alunos tinham copiado freneticamente as anotações uns dos outros. Quando minha mãe me acordava, meu primeiro pensamento era: Hoje vou apanhar. Eu me lavava, vestia um uniforme limpo, tomava o copo de leite que minha mãe me dava e saía de casa, alegre e radiante, para entrar no prédio onde ia apanhar.

Suketu Mehta em Bombay – Cidade Máxima

Minha vida escolar foi feliz. Além de gostar de ir para as aulas, também apreciava estudar em casa. Durante muitos anos acreditei que amar os estudos fosse algo que estaria ou não em você. Menos que um dom, via mais como um gosto. Enxerguei muitos colegas de escola como preguiçosos e desinteressados.

Enquanto cresci, percebi que múltiplos fatores contribuem para uma experiência escolar feliz. Um material interessante, professores dedicados e conscientes do processo de desenvolvimento da criança, métodos que motivem a busca do aprendizado e pais que estimulem o apreço pelo conhecimento são apenas alguns itens que reuni agora. Se tentarmos pensar no quadro completo, veremos que a missão não é fácil.

Shikshanachya Aaicha Gho, que chamarei de SAG, tomou para si o encargo de abordar parte do complexo cenário educacional indiano. Ele nos é apresentado através da jornada da família de Madhukar Rane (Bharat Jadhav), viúvo pai de dois filhos. A caçula Durga (Gauri Vaidya) é esperta, boa aluna e com sua tranqüilidade, faz a ponte entre o pai e o irmão. O mais velho, Shrinivas (Saksham Kulkarni), vai mal na escola e se destaca por seu talento no críquete. Esta habilidade é desprezada por Rane, que vê a dedicação do filho ao esporte como um desperdício de todo seu esforço para lhe dar uma educação melhor. A direção é de Mahesh Manjrekar, responsável pelo ótimo Astitva.


O embate entre Rane e o filho faz com que o pai aja de uma forma que pode ser irreversível, colocando sua família em risco. A história de SAG é desenvolvida a partir desse gancho. Rane começa a pensar e criticar o sistema educacional que flagela seu filho e tantas outras crianças indianas. Em um ataque de fúria ao visitar a escola de Shrinivas, grita com a professora de História que faz as crianças repetirem informações como papagaios. É levantado um dos pontos de discussão do filme: quais informações são mais ou menos importantes para a educação infantil? A falta de sentido que as crianças vêem no conteúdo escolar não é contestada pelos adultos que passaram pela mesma experiência, mesmo que nem eles ainda tenham descoberto para que decoraram tudo aquilo.


Além de questionar o que a escola ensina, Rane também questiona o que ela deixa de fora. Os estudantes são avaliados apenas pelo desempenho acadêmico. Aquilo que pode fazer a criança sentir-se única, como um talento artístico, é desconsiderado. Diferentemente de como acontece em outros filmes, Shirinivas não passa a desvalorizar o críquete. O garoto tem plena consciência de que é mais inteligente para determinadas coisas e que seu talento para o esporte é algo especial. É esta resistência que incomoda seu pai. Não importa o quanto tentem quebrá-lo; Shrinivas não se deixa convencer de que não tem valor. É bom ver um adolescente protegendo sua auto-estima de forma tão ferrenha.



Durga tem seu papel no amor de Shrinivas pelo esporte. A irmã caçula sente orgulho do mais velho e apesar de não fazer forte oposição ao pai, serenamente mostra que está ao lado do irmão. É a personagem que mais me encantou no filme. Nalini, a vizinha interpretada por Kranti Redkar, também foi uma grata surpresa. Com um passado triste e tendo feito o necessário para sustentar sua família, não perde tempo com autocomiseração. Faz e fala o que é necessário. É alvo do preconceito dos vizinhos, mas não permite que a ofendam. O próprio Rane começa a tratá-la bem apenas quando começa sua jornada de redenção e mudança. Gosto do fato de que ela não age como se estivesse esperando pelo respeito dele durante todo o filme, como se fosse um grande presente. É o mínimo que as pessoas lhe devem e Nalini sabe disso. 



Além de Durga e Nalini, o resto do elenco secundário também é excelente e contribui para a beleza do filme. Quanto a Rane, foi muito bem construído por Bharat Jadhav. Parecia um pouquinho insano às vezes, mas o ator conseguiu ser convincente ao expressar todas as fases da transformação pela qual Rane passou a devido ao seu drama familiar. A mensagem que ele passa é importante: qualquer um pode ser agente de mudança social. Se formos todos nós juntos, melhor ainda. O que ele fez foi grave e o filme o redimiu, porém pessoalmente não considero que a punição tenha sido suficiente.

Não há respostas prontas e o filme não tenta dá-las. A proposta é colocar as questões para a pauta. Felizmente, SAG cumpriu a tarefa com maestria. 3 Idiots e Taare Zameen Par já mostravam que havia algo a se repensar no sistema educacional indiano. Considerando que a experiência escolar do escritor Suketu Mehta, relatada no início do texto, foi há mais de 30 anos e ainda se encaixa perfeitamente no que foi trazido por todos esses filmes, parece que muitos Srinivas ainda serão massacrados e representados no cinema até que alguém perceba que é hora de mudar.

Agradecimentos eternos à @ aiyya_yo pela indicação!
Nem todo o meu carinho pelo Aamir Khan dos anos 90 me prepararia para o tanto que me diverti com Rangeela. Não falo apenas de elementos obviamente divertidos como:

O sofá voador

Ensaio de dança na praia

O chapéu feio

A condução da história a deixou agradável de assistir, mesmo sem trazer nada de muito surpreendente. O enredo é bem básico: garota sonha em ser atriz, consegue sua primeira chance graças a um ator famosíssimo e seu melhor amigo pobre não consegue declarar seu amor por não se sentir parte do novo mundo da garota.

Uma descrição tão superficial não dá conta de explicar todo o carisma de Munna. Mal-educado, temperamental e grosseiro, o personagem facilmente me causaria antipatia caso não fosse tão bem interpretado por Aamir. Em vez de detestá-lo, acaba-se torcendo para que seja feliz.Você sabe que ele não tem emprego, educação formal e nem objetivo de vida, mas quer que ele fique bem porque é boa pessoa. Suas roupas são horríveis, a barba está por fazer e aparentemente ele está sempre sujo, porém você gostaria de convidá-lo para almoçar em casa porque ele é legal. Não é o grande herói de bom coração que anda pela cidade alimentando cães de rua e brincando com crianças desconhecidas, é só o Munna. O famoso gente boa.


Uber cute

O ponto mais forte para eu gostar de Munna foi seu apoio à carreira de Mili. Ele não apenas "aceitava" que ela tivesse um emprego, pois resignar-se não é apoiar. Munna e toda a família de Mili acreditam em seu talento e torcem por seu sucesso. Na verdade, isso nem é colocado em questão. É algo bom de se ver, já que as heroínas dos filmes dos anos 90 (inclusive dos meus favoritos) até trabalham, mas não necessariamente tem objetivos de carreira. Além de ter seus próprios sonhos e metas, Mili é adorável — não tanto quanto Munna, é claro, mas o suficiente para me deixar feliz ao vê-la em tela. Ela ama sua família e amigos, mas isso não nos é forçado goela abaixo com mil pessoas discursando sobre o quão boa moça ela é.  Mili brinca/briga com o implicante irmão mais novo, tira sarro da mãe junto com seu engraçado pai e continua andando com os amigos de onde mora mesmo participando do glamouroso círculo social das celebridades. Parar varia um pouco, é bom ver a heroína confortável perto do herói e andando com ele por escolha própria, não porque ele a perseguiu até que só lhe restasse desistir. Mili trata a bem a todos, sabe o que quer, anda com quem quer e faz o que tem vontade. É fácil gostar dela, querê-la por perto.

Uber sweet

Urmilinda humilhando (desculpa)

Foi fácil conhecer Mili e Munna, mas não posso dizer o mesmo de Raj Kamal (Jackie Shroff). O superstar que se encanta por Mili é enigmático. Pensei que fosse vilão quando entrou em cena pois apresentava elementos geralmente característicos de vilões indianos, como roupas escuras, trilha sonora tensa e costume de observar a heroína de longe. Sua personalidade foi definida na segunda metade do filme. Só então fica claro que Raj Kamal é um bom homem marcado por episódios tristes em sua vida. Bem parecido com o Vinod Khanna em Chandni. O bom é que a heroína era mais dinâmica dessa vez.


Nunca se está preparado para ver menino
Jackie animadíssimo de sunga.

Em meio ao triângulo amoroso embalado por canções animadíssimas com uma Urmila quase hiperativa,  fui feliz vendo o filme. A história simples é realçada por atuações sinceras e cheias de energia, o que me manteve grudada à televisão. Até a parte cômica me fez rir, o que não é tão comum com filmes indianos. Se algo enfraqueceu minha experiência com o filme, foi apenas o final. Foi abrupto e não tinha como não sê-lo, já que o lado romântico de Mili foi pouco desenvolvido. Passei o tempo inteiro sem saber se ela gostava de Munna ou de Raj, já que se comportava da mesma forma com ambos.

No quarto dele, de pijama, ensaiando. Porque ela quer!

Minha maior surpresa com o filme foi descobrir que a direção é de Ram Gopal Varma. Gosto de sua obra, mas nos últimos anos seus filmes são tão cansativos e repetitivos que ficou difícil de acreditar que um dia tenha feito um filme tão leve e pouco pretensioso. Para quem não viveu na Índia dos anos 90, como eu, acho meio difícil Rangeela atingir o status de clássico que tem para muitos indianos. O que consegue, e com muito sucesso, é trazer bons momentos para quem se deixa colorir pelo filme.
Hoje surgiu um texto encantador na timeline do Twitter. Raras vezes na vida nos deparamos com o relato da experiência de alguém que imediatamente nos faz pensar "Isso! Foi isso mesmo o que aconteceu comigo!". 

Sonam Nair, diretora de Gippi (2013), escreveu uma carta aberta para Deepika que expressa como também estou me sentindo em relação à atriz. Adoro histórias de pessoas que não eram grande coisa e foram melhorando com trabalho duro — não é de se espantar que tenha me apaixonado por Aishwarya Rai e Ranbir Kapoor. É até mais gostoso de apreciar do que quando gostamos da pessoa de cara. Deepika é mais um desses casos. Como hoje é seu aniversário, nada mais coerente do que compartilhar uma homenagem tão sincera.

Fiz uma tradução livre do texto original, que você pode ler aqui. Tive dificuldades com a palavra underdog, que significa mais ou menos o que entendemos por "zebra": aquela situação em que ganha o fracassado, o que ninguém espera que vença. De todo modo, acho que o sentido do texto se manteve. Espero que vocês também se inspirem por essa história.

Deepika Padukone, o que aconteceu com você?
Por Sonam Nair (tradução livre)


Só tenho um filme como diretora, mas faz 29 anos que sou uma garota. E devo dizer que ambas, a cineasta e a garota em mim, estão absolutamente fascinadas por Deepika Padukone. Quando você gasta tanto tempo fazendo, escrevendo, falando sobre e assistindo a filmes, e quando você encontrou atores pessoalmente e viu que eles são apenas pessoas normais, os filmes perdem sua magia. Você começa a assistir ao desempenho do ator em vez de concentrar-se no papel que estão fazendo. Você começa a notar inconsistências no roteiro, em vez de apreciar a narrativa. Você começa a calcular o que o cineasta quer que você sinta, em vez de sentir por si mesma.

Mas para mim, após um longo tempo, alguém trouxe a velha magia de volta aos filmes. Quando assisto Deepika na tela, me sinto como uma criança outra vez, encarando a atriz com veneração, desejando poder crescer para ser como ela.


A verdade é que, como a maioria das pessoas, eu não era uma grande fã da Deepika quando ela começou. Pensei que era bonita, poderia fazer uns filmes masala e ser esquecida. Não acho que ninguém a tenha visto chegando. Mas mesmo antes de Cocktail chegar às telas, comecei a admirar algo na Deepika.

Ela sempre escolheu personagens realmente fortes, inteligentes e independentes para atuar. Mesmo quando suas contemporâneas estavam fazendo garotas bobas ou acessórios do herói, tendo sucessos maiores e construindo seus nomes, havia uma dignidade em cada papel que fazia. Quer fosse uma garota trabalhando para pagar a faculdade em Bachna Ae Haseeno ou uma garota madura e prática em Love Aaj Kal, que conversava de forma inteligente sobre os relacionamentos e os homens em sua vida. Apesar de que, devo admitir, Cocktail foi quando realmente me apaixonei por Deepika. Lembro de assistir ao filme e fazer a mesma pergunta sem parar: "o que ACONTECEU com a Deepika?". A melhor coisa é que Cocktail não foi apenas uma maravilha isolada. O mesmo pensamento fica passando por minha cabeça sempre que sai um novo filme da Deepika. Eu ainda gostaria de uma resposta a isso se você estiver lendo, Deepika. O que aconteceu com você? E, por favor, pode acontecer comigo também?

Não acho que nenhuma atriz tenha se transformado em tela tão repentinamente, e ela só fica melhor. Você consegue ver que ela está se esforçando em cada cena e que toda expressão e todo movimento de dança vem de seu coração. Ela está fazendo filmes com atores incríveis e os ofusca completamente em muitas cenas. Digo, sou fã ardorosa do Ranbir Kapoor, mas só estava olhando para Deepika em Yeh Jawaani Hai Dewaani. O mesmo em Chennai Express e Goliyon Ki Rasleela Ram-Leela. Que ano ela teve! É de admirar, então, que eu sinta que há algum encantamento envolvido?

Estou realmente inspirada pela Deepika neste momento. Não apenas por que ela é absolutamente linda e extremamente talentosa, mas porque tem trabalhado muito arduamente para chegar onde está agora. Me deixa esperançosa. Me faz sentir como se minha carreira estivesse em minhas mãos e como se caso eu apenas desse tudo de mim, milagres pudessem acontecer. Ninguém pode chamá-la disso agora, mas ela era uma perdedora e agora está no topo. Esta é uma história da qual nunca vou me cansar.
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"DEEWANEANDO"?

Devanear = divagar, imaginar, fantasiar. Deewani = louca, maluca. Deewaneando = pensar aleatória e loucamente sobre cinema indiano.

Meu nome é Carol e sou a maior bollynerd que você vai conhecer! O Deewaneando existe desde 2010 e guarda todo o meu amor pelo cinema indiano, especialmente Bollywood - o cinema hindi. Dos filmes antigos aos mais recentes, aqui e no Bollywoodcast, seguirei devaneando sobre Bollywood.

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