Guardei um dos dias da última semana para os anos 60, porque estava sentindo vontade de ver muitas cores, belas trilhas e aquele ar doce tão característico da Bollywood da época. Tirei do atraso o Mere Huzoor, filme do qual eu já tinha visto a primeira metade e estava gostando muito. Tive umas surpresinhas boas e algumas ruins no resto do filme, que (obviamente) foi um tanto surpreendente.
Como sempre, começo pelo diretor ; neste caso ele é Vinod Kumar, e como diretor constam apenas três filmes dele no IMDB. Consta também que foi ele o roteirista do meu querido Mere Mehboob (1963), o que explica muitas coisas sobre as quais comentarei no dia em que falar do Mere Mehboob. No elenco estão Raaj Kumar, Mala Sinha, Jeetendra, Johnny Walker e Manorama.
Ae, choro de felicidade com as palavras "In Eastman Color"! |
"Saca só o estado em que sua beleza me deixou, Mala Sinha" |
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Linda no clipe de Mere Huzoor "Prepare-se para chorar o tempo todo, Raaj" |
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Só um recado pra galera de hoje em dia: SAUDADES DESSES CENÁRIOS. |
Para mim, a mensagem principal de Mere Huzoor é a de que as pessoas podem mudar, tanto para melhor quanto para pior. Talvez eu ainda tenha visto poucos filmes indianos, porque acho raro ver uma história em que a moral do herói mude totalmente, como vi neste filme. Na primeira metade do filme, Jeetendra fez o herói de sempre: apaixonado, romântico, poeta, até encantador. Quando toda a questão com a cortesã começou, senti uma sincera vontade de socá-lo até que ele parasse de respirar. A mudança foi muito intensa, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Neste sentido, bato palmas para o diretor: ele realmente conseguiu me faz sentir que eu conhecia o Akhtar e por isto a mudança dele me atingiu tanto.
"Você vem sempre aqui?" |
É claro que não foi apenas toda a situação do Akhtar que me fez compreender a mudança do Salim ; a atuação do Raaj Kumar teve um grande papel nisto. Talvez a palavra para o Raaj Kumar neste filme seja comovente, já que me comover foi tudo o que ele fez. Pena que não posso falar muito sobre as ações dele na segunda metade do filme (spoileeer), mas digo que ele foi um anjo, como bem disse a Mala Sinha em uma cena. É tão bonito como me apaixono por esse homem só porque ele é talentoso...porque se há uma coisa a que não se pode atribuir o meu carinho pelo Raaj, é um rostinho bonito.
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Não pergunte, não vou contar. Cadê a alegria desses olhinhos? :( |
E tem a Mala Sinha, que chamo
O núcleo cômico do filme é beeeeeem legal, especialmente porque tem Manorama e Johnny Walker. Fazia tanto tempo que eu não ria com o Johnny! Ele era Pyarelal Bedar, um poeta que andava por aí recitando poemas de outros como se fossem seus e flertando com as mocinhas. Casou-se com a filha da Manorama (ela tinha nome?), uma mulher dominadora que logo no início do casamento ensinou à filha que o marido não deve ser tratado bem para não ganhar asas. Muito feminismo delas duas, muito machismo do Johnny e do sogro. Não gostei muito daquelas piadinhas, não. Respeito, cadê? Mas a química entre os quatro atores foi muito boa.
Antes de terminar, não posso deixar de falar do que mais gostei no filme: as cores. Mere Huzoor é um gênero de filme conhecido como muslim social, gênero que traz para a tela os costumes muçulmanos. Estes filmes costumam ter os mais belos cenários e figurinos, mas só isto não é suficiente para que sejam visualmente belos. As cores tem que estar perfeitas e elas estavam em Mere Huzoor. Lindas, mágicas, totalmente capazes de fazer olhos brilharem. Ficaram mais brilhantes ainda nos diversos clipes do filme, gostei de todas as músicas! A trilha é da dupla Shankar-Jaikishan, que me agradou muuuito na trilha de Suraj. Apesar de tantos clipes com o trio principal, a música que fiquei cantarolando sozinha após o fim do filme foi Meri Jaan Apne Aashiq, dueto de Mohammed Rafi e Asha Bhosle (que lindos!). A letra é muito engraçadinha, aquela coisa de apaixonados brigando de um modo engraçado...o de sempre. Também adorei Allah Allah Who Le Gaya Chandi (cantada pela nossa Lata), devido principalmente às cores, árvores e flores. Gente, gosto tanto desses vídeos entre flores que faziam na antiga Bollywood!
Também indico Jhanak Jhanak Tori Baje Payaliya, linda na voz do Manna Dey. Aliás, este clipe foi o primeiro contato que tive com o filme (beijos, Youtube). Confesso que o clipe era bem mais legal na minha memória, e como o Pedro (aquele que sempre será citado) bem disse, é mais legal antes do Raaj entrar. De todo modo, eu amo o final do clipe...sou sanguinária dramática.
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Peça consolo a mim, Raaj ♥ |
E é isso, meu povo. Mere Huzoor é um filme belíssimo (acho esta palavra tão desprovida de emoção) que fez valer a pena cada minuto que passei assistindo-o. E isto tudo é apesar de eu ter odiado o final com todas as minhas forças e saber que o diretor estragou ali toda uma história de quebra de tabus que ele estava construindo. Ok, queria falar mais.
Atéééé mais! :)
Ps:
Separados no nascimento. |