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Guardei um dos dias da última semana para os anos 60, porque estava sentindo vontade de ver muitas cores, belas trilhas e aquele ar doce tão característico da Bollywood da época. Tirei do atraso o Mere Huzoor, filme do qual eu já tinha visto a primeira metade e estava gostando muito. Tive umas surpresinhas boas e algumas ruins no resto do filme, que (obviamente) foi um tanto surpreendente.

Como sempre, começo pelo diretor ; neste caso ele é Vinod Kumar, e como diretor constam apenas três filmes dele no IMDB. Consta também que foi ele o roteirista do meu querido Mere Mehboob (1963), o que explica muitas coisas sobre as quais comentarei no dia em que falar do Mere Mehboob. No elenco estão Raaj Kumar, Mala Sinha, Jeetendra, Johnny Walker e Manorama.

Ae, choro de felicidade com as palavras "In Eastman Color"!

 "Saca só o estado em que sua
beleza  me deixou, Mala Sinha"
Mere Huzoor é centrado em três personagens: Sultanat (Mala Sinha), Akhtar (Jeetendra) e o Nawab Salim (Raaj Kumar). Salim é um homem rico conhecido em toda a Lucknow por seus vícios, e logo na primeira cena o vemos apreciando a apresentação que uma cortesã faz para ele. No passado, o poeta Akhtar salvou a vida de Salim em um acidente de barco. Precisando de emprego, Akhtar vai buscar a ajuda de Salim e,  antes de chegar à casa do Nawab, tem uma viagem de trem que acaba se mostrando muito interessante. Nela, ele conhece uma bela moça de burca, e fica encantado quando ela mostra seu rosto  tão encantado que recita uma poesia para ela ali mesmo. A moça é Sultanat (Mala Sinha), amiga da irmã de Salim. Em uma outra ocasião, o Nawab esbarra com Sultanat quando ela está visitando sua casa . Depois de ver sua beleza e se divertir ao ouvir o quanto ela reprova seus hábitos, Sultanat ganha mais um apaixonado. Não tendo nem ideia de que Akhtar e Sultanat se amam, Salim envia sua proposta de casamento ao pai dela, dizendo que agora era um homem mudado. O pai de Sultanat recusa a proposta e Salim entra em desespero, dizendo a si mesmo que se o mundo o vê como um homem mau, assim ele realmente é. Akhtar e Sultanat se casam e quando parece que a história já poderia terminar, ela realmente começa. Solitário, Salim tem como única alegria brincar com o filho de Akhtar e Sultanat, que adora o "tio".Akhtar passa a ser assediado por uma cortesã (Surekha) e depois de muita luta interna, acaba não resistindo aos seus encantos. E Sultanat, pobre Sultanat...uma adorável esposa vê sua felicidade ruindo e não sabe o que fazer. E este é o drama.

               Linda no clipe de Mere Huzoor             "Prepare-se para chorar o tempo todo, Raaj"                                          

Só um recado pra galera de hoje em dia: SAUDADES DESSES CENÁRIOS.

Para mim, a mensagem principal de Mere Huzoor é a de que as pessoas podem mudar, tanto para melhor quanto para pior. Talvez eu ainda tenha visto poucos filmes indianos, porque acho raro ver uma história em que a moral do herói mude totalmente, como vi neste filme. Na primeira metade do filme, Jeetendra fez o herói de sempre: apaixonado, romântico, poeta, até encantador. Quando toda a questão com a cortesã começou, senti uma sincera vontade de socá-lo até que ele parasse de respirar. A mudança foi muito intensa, eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Neste sentido, bato palmas para o diretor: ele realmente conseguiu me faz sentir que eu conhecia o Akhtar e por isto a mudança dele me atingiu tanto.

"Você vem sempre aqui?"
Depois de ter ficado convencida de que Akhtar realmente havia deixado de ser o homem doce que era, tive mais facilidade para compreender a mudança de Salim. Tentarei explicar o meu raciocínio, que ficou confuso até na minha cabeça: até aquele ponto, eu somente havia visto o tal amor de Salim por Sultanat como uma espécie de capricho. Como ela era a única que o criticava, pensei que ele a tivesse visto apenas como alguém diferente, que traria alguma novidade à sua vida. E para mim, mesmo que a partir deste pensamento ele tenha passado a querer uma vida mais socialmente aceitável, o fato de tudo ter começado como um capricho diminuía a veracidade do que sentia. Só que se formos pensar bem, ver a beleza de alguém num trem e sair se declarando apaixonado não dá tão mais segurança quanto aos sentimentos do que se apaixonar porque a pessoa é diferente de você. Ou seja, acreditei mais nos sentimentos de Akhtar apenas porque eles começaram de uma maneira que eu considero mais bonita. Porém, o fato de Akhtar ter mudado tanto e eu estar errada sobre ele me fez pensar que talvez também o estivesse sobre Salim  e nem precisei ver nenhuma cena de Salim agindo de forma diferente para pensar nisto. Isso é para vocês verem em que estado me deixou o Sr. Akhtar. Fiquei com raiva só de lembrar. Obs: Li este parágrafo duas vezes e ainda o acho estranho.

É claro que não foi apenas toda a situação do Akhtar que me fez compreender a mudança do Salim ; a atuação do Raaj Kumar teve um grande papel nisto. Talvez a palavra para o Raaj Kumar neste filme seja comovente, já que me comover foi tudo o que ele fez. Pena que não posso falar muito sobre as ações dele na segunda metade do filme (spoileeer), mas digo que ele foi um anjo, como bem disse a Mala Sinha em uma cena. É tão bonito como me apaixono por esse homem só porque ele é talentoso...porque se há uma coisa a que não se pode atribuir o meu carinho pelo Raaj, é um rostinho bonito.

      Não pergunte, não vou contar.          Cadê a alegria desses olhinhos? :(

E tem a Mala Sinha, que chamo nada carinhosamente de malasinha. Eu tinha um ódio por esta mulher, meu povo, mas um ódio! Ok, não era por ela, mas pela personagem dela em Pyaasa (1957). Como era a única coisa que eu tinha visto da malasinha, não conseguia sentir muito afeto pela pessoa. As coisas mudam, especialmente depois que você vê uma atuação como a dela na cena em que brigou com o marido (olhem, estou morrendo de vontade de contar o filme). Os olhos não acreditando no que acontecia, as lágrimas rolando, a voz intensa. Wah wah!



O núcleo cômico do filme é beeeeeem legal, especialmente porque tem Manorama e Johnny Walker. Fazia tanto tempo que eu não ria com o Johnny! Ele era Pyarelal Bedar, um poeta que andava por aí recitando poemas de outros como se fossem seus e flertando com as mocinhas. Casou-se com a filha da Manorama (ela tinha nome?), uma mulher dominadora que logo no início do casamento ensinou à filha que o marido não deve ser tratado bem para não ganhar asas. Muito feminismo delas duas, muito machismo do Johnny e do sogro. Não gostei muito daquelas piadinhas, não. Respeito, cadê? Mas a química entre os quatro atores foi muito boa.



Antes de terminar, não posso deixar de falar do que mais gostei no filme: as cores. Mere Huzoor é um gênero de filme conhecido como muslim social, gênero que traz para a tela os costumes muçulmanos. Estes filmes costumam ter os mais belos cenários e figurinos, mas só isto não é suficiente para que sejam visualmente belos. As cores tem que estar perfeitas  e elas estavam em Mere Huzoor. Lindas, mágicas, totalmente capazes de fazer olhos brilharem. Ficaram mais brilhantes ainda nos diversos clipes do filme, gostei de todas as músicas! A trilha é da dupla  Shankar-Jaikishan, que me agradou muuuito na trilha de Suraj. Apesar de tantos clipes com o trio principal, a música que fiquei cantarolando sozinha após o fim do filme foi Meri Jaan Apne Aashiq, dueto de Mohammed Rafi e Asha Bhosle (que lindos!). A letra é muito engraçadinha, aquela coisa de apaixonados brigando de um modo engraçado...o de sempre. Também adorei Allah Allah Who Le Gaya Chandi (cantada pela nossa Lata), devido principalmente às cores, árvores e flores. Gente, gosto tanto desses vídeos entre flores que faziam na antiga Bollywood!


Também indico Jhanak Jhanak Tori Baje Payaliya, linda na voz do Manna Dey. Aliás, este clipe foi o primeiro contato que tive com o filme (beijos, Youtube). Confesso que o clipe era bem mais legal na minha memória, e como o Pedro (aquele que sempre será citado) bem disse, é mais legal antes do Raaj entrar. De todo modo, eu amo o final do clipe...sou sanguinária dramática. 
Peça consolo a mim, Raaj ♥
E é isso, meu povo. Mere Huzoor é um filme belíssimo (acho esta palavra tão desprovida de emoção) que fez valer a pena cada minuto que passei assistindo-o. E isto tudo é apesar de eu ter odiado o final com todas as minhas forças e saber que o diretor estragou ali toda uma história de quebra de tabus que ele estava construindo. Ok, queria falar mais.

Atéééé mais! :)

Ps:
Separados no nascimento.
Acho que não é muito inteligente escrever sobre um filme que você acabou de assistir, especialmente se você amou o filme intensamente. Sendo assim, eu assisti Amar Akbar Anthony outra vez. Como resultado continuei apaixonada pelo filme, mas estou menos eufórica e desesperada por gritar QUE FILME LINDOOOOOOOO do que estava há uns dias. Peço desculpas adiantadas pela extensão do post, mas é que estou com a cabeça cheia de ideias por causa deste filme.


O filme foi dirigido por Manmohan Desai em 1977, foi o meu primeiro deste diretor. Ainda estou chocada por estar tão apaixonada por um filme da década de 70, da qual já disse que não sou muito fã. O elenco é assustadoramente bom: Amitabh Bachchan, Rishi Kapoor (éééé!), Vinod Khanna (meu amor de Muqaddar Ka Sikandar), Parveen Babi, Neetu Singh (sim!), Shabana Azmi, Pran, Nirupa Roy e Jeevan. No começo da história descobrimos que o motorista Kishanlal (Pran) aceitou ir para a cadeia no lugar de seu patrão, Robert (Jeevan), apenas porque este prometeu que pagaria o triplo de seu salário à sua esposa e filhos. Ele sai da cadeia, vê que o mundo não é cor-de-rosa e que o seu patrão deixou sua família morrendo de fome e que sua mulher está com tuberculose. Quando vai falar com o vilão, este o humilha. Kishanlal tenta atirar em Robert, que está usando um colete à prova de balas (ótima cena). Kishanlal foge com um dos carros de Robert, o qual ele não sabe que está carregado com ouro. Fugindo dos capangas de Robert, Kishanlal passa em sua casa para pegar a família. Ao chegar lá, descobre que sua esposa, Bharati (Nirupa Roy), deixou um bilhete dizendo que iria cometer suicídio e que ele deveria não deveria gastar dinheiro com ela, mas com seus três filhos. Um policial o vê colocando as crianças dentro de um carro e fugindo. Para protegê-los, Kishanlal para o carro e deixa os meninos em um parque. Na fuga dos bandidos, acontece um acidente na estrada e Kishanlal consegue fugir com o ouro. Um dos policiais a ver o acidente é o mesmo que viu Kishanlal fugir com as crianças, e todos são dados como mortos. Enquanto tudo isto acontecia, Bharati corria para se matar e foi atingida por um galho de árvore. Este acidente faz com que perca a visão (sério), e um adorável muçulmano que a recolhe na estrada diz que ela deveria valorizar a própria vida. Bharati diz que o homem está certo, e ele a leva em casa. Ao chegar lá, entra em desespero  ao ser informada de que sua família está morta. Ainda na corrida, o marido dela volta ao parque para buscar os filhos...mas eles não estão mais lá. O mais velho correu atrás do carro do pai e acho que foi atropelado, sendo recolhido por um policial. O caçula foi recolhido  pelo mesmo muçulmano que deu carona à Bharati . O do meio foi buscar comida para o irmão caçula e não o encontrou quando voltou, sendo recolhido por um padre. E é assim que toda uma família é separada e começa a história de Amar (Vinod Khanna), Akbar (Rishi Kapoor) e Anthony (Amitabh Bachchan)...e tudo isto aconteceu antes de 20 minutos de filme.

Os meninos estão muito sérios, mas o filme é tão dinâmico que era quase impossível tirar print

Por favor, clique para ampliar. Por favor.

Gente, masala. Masala, masala, masala. Na internet, diz-se que masala é o gênero de filme indiano que mistura um pouco de tudo: ação, comédia, romance, drama. Estou com síndrome de masala desde que assisti a Dabangg (2010), e finalmente voltei a ver o gênero em AAA. É apaixonante, estonteante, fascinante, eletrizante...viciante. O filme tem várias cenas de luta daquele tipo para o qual fazem vídeos engraçadinhos no Youtube (do tipo "olha como Bollywood é idiota"), e eu adorei todas. Não gosto de ação, acho que nunca gostei muito...por isso que não ligo muito quando a ação é meio falsa - acho até mais divertido do que altos efeitos e lutas bem elaboradas. Somente o Amar e o Anthony lutavam no filme ; o Akbar era contra o uso de força bruta.

O complicado de falar sobre masala movies é que tem tanta coisa que você acaba não sabendo por onde começar. Vamos começar pelo começo do começo: o nome do filme, os três mocinhos que o formam.

Amar tornou-se um honesto e eficiente policial. E, ó Senhor, nunca havia visto o Vinod Khanna tão bonito. *momento vergonha* Não é qualquer ator que sabe aproveitar um uniforme: o Vinod estava gato. Sim, isso mesmo. Quando Amar dava uma ordem ou ia atrás de alguém, o olhar dele não deixava dúvida alguma de que era melhor o culpado começar a rezar. Em uma dessas buscas, ele teve de ir atrás de uma moça que pedia carona na estrada para roubar os motoristas. Depois de ser pego na armadilha, lutar (claro) e prender a gangue, nosso lindo Amar descobre que a mocinha, Lakshmi (Shabana Azmi), era obrigada pela madrasta e meio-irmão a fazer parte do esquema. Amar leva a mocinha e a avó dela para morarem em sua casa e a gente sabe que os mocinhos irão se apaixonar e tudo aquilo mais, eles nem precisavam se olhar para sabermos. Fiquei muito incomodada pelo fato de o casal ter aparecido pouquíssimo na história. Fora neste momento que se conheceram, nas cenas finais e na música mais fofa dos casais, não vi mais nada deles  todo o resto do tempo foi tomado pelos outros dois romances. Ah, eu queria saber como era a vida na casa deles, como o amor foi surgindo, como era o Amar em casa. Eu estava apaixonada pelo Amar, oras! O que custava me dar um pouco mais dele? Ok, chega de fanatismo. Fora isso, só mais uma observação sobre o casal: eu só soube que aquela era a Shabana Azmi quando o filme terminou. Não me culpem, eu nunca havia visto um filme da juventude da Shabana...só a vi como viúva que perde a família e volta a se casar, dona de bordel e dona-de-casa que se descobre homossexual. Como eu iria imaginar que aquele papel clássico de jovem inocente era dela? Estava linda com aquele olhar tímido.

Gostei muito dela com este figurino. Cores!


Anthony, o filho do meio, é uma figura excêntrica. Ele me lembrou outros personagens que vi do Amitabh: o cara super legal que faz uma ou outra coisa errada. A "coisa errada" de Anthony é ser dono de um bar e às vezes se envolver em brigas, mas por outro lado, ele é um bom rapaz temente a Deus. Aliás, o Anthony é católico. Só eu achei isso INCRÍVEL? Não que eu seja católica, mas achei sensacional ver o Amitabh Bachchan chamando Jesus de "parceiro". Pelo que andei lendo por aí, muitos acham o Anthony o melhor personagem do filme. Discordo totalmente. AAA é um filme em que o melhor é simplesmente o conjunto da obra. Nenhum irmão se destacou mais que os outros, para mim. Voltando ao Anthony: ele é muito fofo. Respeita fervorosamente todas as religiões e o padre que o criou. A mocinha por quem se apaixona é Jenny (Parveen Babi), nada mais nada menos que a filha de Robert, o homem que causou a ruína de sua família. Jenny foi sequestrada ainda pequena por Kishanlal, que queria causar a Robert a mesma dor que o outro lhe foi causada. A diferença é que, como ele mesmo deixava bem claro, ele não era Robert. Sendo uma boa pessoa, Kishanlal criou Jenny com todo o amor e carinho. Anthony se apaixona à primeira vista por ela...e quem o culparia por isto?



Akbar...Rishi, amor meu. O caçula da família é do jeito que Rishi Kapoor sabe fazer melhor: alegre, hiperativo, (muito) engraçado, doce. Enquanto Anthony é católico e Amar é hindu (quer dizer, pelo menos eu entendi isto), Akbar é muçulmano. Sim, católicos, hindus e muçulmanos são todos irmãos e fiquei bastante encantada com isto. Nosso Akbar é cantor e apaixonado pela médica Salma (Neetu Singh). Para quem não sabe, Rishi e Neetu são casados há 30 anos e formaram um dos casais mais marcantes da história de Bollywood. Eu amo vê-los juntos, são tão cheios de vida e apaixonantes! No filme, o pai de Salma não aceita o relacionamento dos dois e Akbar passa o filme todo tentando convencê-lo. Neste flerte com Salma, vemos Akbar em três dos sete clipes do filme, sendo um deles dividido com os outros dois casais.

Como não gostar desta criatura?

Como acabei de falar do Rishi, não vou aguentar mais muito tempo para falar dos clipes. Eu apenas amei todos, é isto. A minha ideia era fazer um post separado sobre eles, para que este aqui não ficasse grande demais, mas quem se importa? Já estou animada mesmo, ainda mais por estar ouvindo a trilha.

O que mais me encantou na trilha de AAA é que ela se adapta perfeitamente ao filme: parece que eles pertencem um ao outro há várias vidas (exagerado mil). O único problema dos clipes é que o Vinod só participou de dois deles! Dois foram apenas do Rishi, outro só do Amitabh, um do Rishi com participação do Amitabh, e dois dos três (deu para entender?). Cadê o Vinod sozinho? O diretor perdeu a oportunidade de filmar mais da beleza dele neste filme (opa, me animando outra vez). A trilha é de autoria da dupla Laxmikant-Pyarelal.

Parda Hai Parda, a música mágica que eu já ouvia incessantemente antes de ver o filme (obrigada, Pedro!). Qawwali famosíssimo cantado por Mohammed Rafi (ah, o eterno...), um dos clipes do Rishi Kapoor. Na letra, ele diz que há uma beleza escondida sob um véu, e que se ele não revelá-la, seu nome não é Akbar! Akbar canta a música para Salma, que está na platéia de seu show. Preciso dizer que é lindo? Esta aí uma das coisas de que mais gosto: flertar por meio da canção. E se tem uma coisa de que Rishi Kapoor é capaz, é de flertar numa canção.

My Name Is Anthony Gonsalves, um momento inesperado que tive no filme. Cantada por Kishore Kumar. A Parveen Babi estava linda com aquele vestido laranja, mas acho que para despertar alguma curiosidade já é suficiente eu dizer que Amitabh Bachchan sai de um ovo de Páscoa gigante. Fiquei dançando enquanto via o filme, confesso. Comentário no vídeo do Youtube: "i am egyptian and i am in love with that man Amitabh Bachchan". 


Humko Tumse...este vídeo é muito especial. Eu comecei pensando no quanto seria chato e terminei suspirando, o que ainda acontece a cada vez que assisto. Todas as heroínas estão lindíssimas, eu acreditei nas três histórias de amor, a música é cantada por Lata, Kishore, Rafi e Mukesh...a música é tem todo um encantamento. No vídeo, os três casais são mostrados. Acho muito legal que podemos ver o perfil de cada casal: Lakshmi e Amar são os mais tranquilos, Anthony e Jenny são os animados e Salma e Akbar são os jovens hiperativos. Sério, esses dois últimos dançam sobre um bonde em movimento! Queria saber se eles realmente fizeram aquilo, ainda me parece meio inacreditável.


Tayyab Ali Pyaar Ka Dushman, outra do Rafi. Ri durante esse clipe todo. Rishi e os (ou seria "as"?) hijras indo à casa de Salma cantar para o pai dela, que ele chama de inimigo do seu amor. A música diz que ele não deixa que Salma se torne sua noiva. Chega o momento em que Akbar diz que o homem está muito bem e radiante para quem tem 60 anos...e que ele certamente encontra alguém às escondidas. Deveria Akbar revelar o nome dela ? Aí que Tayyab Ali entra em desespero.

Shirdiwale Saibaba teve uma das cenas mais emocionantes que já vi e Anhoni Ko Honi já é uma das minhas músicas favoritas (♪o impossível torna-se possível, o possível torna-se impossível!) , mas elas contam muito do filme e veja o clipe somente quem quiser. Não costumo rir de qualquer coisa, mas não aguentei quando vi Rishi Kapoor rebolando vestido de velhinho e o Vinod como banda de um homem só.
Eu gosto taaaaanto desses meninos! :)

Acho que fora para fazer trabalhos, eu nunca havia digitado tanto. Foquei muito nos três personagens principais e em seus relacionamentos por ter sentido medo de acabar contando muito da história. Todo o processo de descoberta dos meninos sobre suas origens é emocionante, especialmente o do Vinod Khanna. Também gostei de como a história levou os rapazes a se conhecerem e se gostarem antes mesmo de saberem que eram irmãos ; ponto para o roteirista. Fiquei esperando que algum acontecimento bobo solucionasse toda a história, mas não foi assim. O modo como tudo aconteceu foi o que mais me prendeu ao filme: eu mal via a hora de chegar a próxima cena, ficava ansiosa até nas perseguições. Este tipo de coisa que me move é o que espero do cinema. Deu para entender porque encontrei em Amar Akbar Anthony um dos meus filmes favoritos?

Philip Lutgendorf comentando Amar Akbar Anthony aqui.

Antes de terminar, uma dica:



NÃO mexam com o Vinod!

Então é isto. Até a próxima, que certamente será bem menos extensa!

Atualização em 12/02/2011: estava vendo o clipe de Humko Tumse e percebi que o Anthony diz "God", enquanto o Akbar diz "Khuda" e o Amar diz "Ram". E assim tive minha única prova de que o Amar realmente é hindu! :)
Sim, eu sei que ainda não falei de muita coisa e SIM, eu sei que isto aqui talvez fique às moscas quando eu voltar às aulas. Mas antes organizar agora do que daqui a um ano, quando estarei estressada buscando links.

A
Aag (1948)
Amar Akbar Anthony (1977)
Anamika (1973)
Anari (1959)


B
Bandini (1963)


C
Chandni (1989)

D
Dr. Kotnis Ki Amar Kahani (1946)

J
Junoon (1979)

K
Kala Bazaar (1960)

M
Mahal (1949)
Main Bhi Ladki Hoon (1964)
Mera Saaya (1966)
Mere Huzoor (1968)




P
Parineeta (1953)


S
Sahib Bibi Aur Ghulam (1962)
Sangam (1964)
Seeta Aur Geeta (1972)
Sujata (1959)
Suraj (1966)

T
Taxi Driver (1954)


Y
Yaadon Ki Baaraat (1973)

Eu havia dito no post de Suraj que colocaria no Youtube o vídeo inteiro de Ho Kaise Samjhaon. No vídeo que a Rajshri postou, falta a parte em que a Vyjayanthimala dança sem o acompanhamento do cantor.

Tive muito trabalho para assistir Suraj, e o arquivo que vi era o único disponível na internet. Não sei se é coisa dele ou se houve algo no meu computador, mas o som está um pouco adiantado. Não sei como consertar isto!

Com ou sem som adiantado, de todo e qualquer modo, Vyjayanthi é sempre Vyjayanthi. Vale ao menos para vê-la fazendo um belo uso de seus pés mágicos :)

Mahal, Mahal...dirigido por Kamal Amrohi, criatura que deu ao mundo um dos filmes mais estranhos já feitos, Pakeezah (1972).  Estrelado por Madhubala, Ashok Kumar e Vijayalaxmi, diz a nossa boa e velha amiga Wikipedia que foi um dos primeiros filmes a lidar com o tema da reencarnação.

Ashok já com 38 anos
O filme começa com um jardineiro contando para o novo dono da mansão em que trabalha sobre a história do lugar: ela foi construída por um homem, que mais tarde levou a mulher que amava para lá viver. Ele só ficava lá durante algumas horas, pelas quais ela esperava durante todo o dia. Um dia o homem faleceu, vindo a acontecer o mesmo com ela logo depois. Desde então, acredita-se que a mansão seja assombrada e ninguém havia ousado ir lá, até que Hari Shankar (Ashok Kumar) a comprou. Uma noite, Hari caminha pela mansão e vê o próprio retrato, vendo também o fantasma de Kamini (Madhubala), a mulher que habitava a casa. Kamini diz a Hari que ele voltou para ela e que a única barreira entre os dois é a material: ele precisa morrer ou ela precisa viver (foi o que entendi). Hipnotizado por este novo amor, Hari esquece do mundo e aceita quando ela sugere que ele mate a filha do jardineiro para que ela possa ocupar seu corpo.

The Madhubala Show
Tive um problema sério com Mahal: fiquei entediada quase o tempo todo (levei dois dias para assisti-lo). Nos 15 ou 20 primeiros minutos, eu estava totalmente envolvida pela história e pelo clima sombrio do filme, mas depois ele foi ficando lento...lento...lento...e nem mesmo o medo que eu estava sentindo da Madhubala conseguiu prender minha atenção. Mas se é para falar de coisa boa, que seja dela. Antes de tudo: ela estava lindíssima, sombria e misteriosa ao mesmo tempo, não sei como conseguiram deixá-la de um modo que se adaptasse tão bem à história. Também gostei muito da atuação dela, que, como já falei, me deixou com medo no início.

#TeamRanjana
Fiquei um pouco chocada com essa ideia de o fantasma sair mandando as pessoas assassinarem os outros, mas isso foi mais ou menos explicado no final. O que não gostei mesmo foi do Hari ; na verdade o achei um dos personagens mais detestáveis que já vi no cinema indiano. Houve um momento em que ele estava tentando fugir da influência de Kamini e aceitou se casar, tendo-o feito com Ranjana (Vijayalaxmi). Pobre Ranjana. Nunca conseguiu superar a humilhação de o marido não ter levantado seu véu na noite de núpcias, e depois disto ainda teve de ficar vagando com ele a fim de encontrar um lugar onde conseguisse viver sem ser atraído para Kamini. O pior é que ela nem sabia do que estava fugindo, era apenas mais uma das esposas que se sacrificam e seguem aos maridos. Teve de  viver numa montanha afastada no mundo, em uma casa pobre. Em uma das cenas mais tristes do filme, Hari não está em casa e ela sai para procurá-lo. Quando volta, é atacada por um morcego que entra na casa e a persegue, e logo depois surge uma serpente. Fizeram o grande favor de dar grandes closes no morcego.Obrigada por este momento nojento, diretor. Mas a cena me deu noção do desespero da Ranjana. Depois chegou um velho na casa e perguntou à ela quem era o homem que ali vivia, ao que ela respondeu que era seu marido. O velho disse que não era possível, pois um marido não se comportava daquela maneira, deixando a mulher sozinha em casa. E o que ela poderia responder? Os olhos já disseram tudo.

Algumas das partes que mais gostei do filme foram aquelas em que a cunhada de Ranjana lia as cartas que esta escrevia . O conteúdo das cartas era repleto de amargura e sofrimento. Acho que já está meio óbvio que sou do Time Ranjana.

A atuação do Ashok Kumar me decepcionou um pouco. As mesmas caras.

Ashok neutro                   Ashok transtornado               Ashok reflexivo

Parece que foi este filme que lançou ao estrelato tanto a Madhubala quanto a Lata Mangeshkar. As pessoas citam muito Aayega Aane Wala ao falar do filme. Era a canção que chamava o Hari para a Kamini, onde quer que ele estivesse. É lindo ver a Madhubala brincando no balanço.

The Madhubala Show 2
Gostei mais de ver Mushkil Hai Bahut Mushkil, porque esta canção estava em um álbum da Lata Mangeshkar que eu ouvia muito quando estava nos meus primeiros meses de cinema indiano. Descobrir o filme de onde ela veio foi uma surpresa feliz.

Não vou contar o final do filme, apenas digo que nada justifica toda a história das 2 da manhã e o amor não me convenceu. É, acho que isto já foi muita coisa. Mahal foi um filme estranho: gostei muito de algumas partes e detestei outras na mesma intensidade. É necessário ter muita paciência para assisti-lo...pelo menos mais do que eu estou tendo para escrever este post.

Quanto aos anos 40, realmente cansei deles. Os filmes são encantadores e é fascinante (demais) ver vários atores bem no comecinho de suas carreiras, mas estou sentindo tanta falta dos anos 60  ou de qualquer coisa colorida  quanto alguém no deserto senta falta de água. E é para lá que vou voltar!

Até a próxima, folks.

Ps: este foi o post mais preguiçoso dos últimos tempos.
Ps2: estou morrendo de preguiça de pegar e editar as fotos para este post.
Para falar de Dr. Kotnis Ki Amar Kahani é necessário fazer uma pequena viagem pela História. O filme é baseado na história real de Dwarkanath Shantaram Kotnis, um dos cinco médicos indianos que se voluntariaram a ir ajudar os chineses na Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945). Sua dedicação ao povo chinês foi tão grande que até hoje ele é reconhecido na China, tendo uma estátua sua erguida no país. Seus familiares sempre recebem homenagens, até mesmo do presidente Hu Jintao.
Ahhhh, a doce Sholapur...
Se não fosse por este filme, talvez eu ainda estivesse desanimada para explorar os anos 40. Dirigido e estrelado por V. Shantaram, começou com uma das coisas que mais gosto de ver em filmes indianos: a vida nas pequenas aldeias. Assim que se forma, Dwarkanath vai visitar sua pequena Sholapur para rever a família e informá-la de sua decisão. Ele não esperava encontrar um consultório montado por seu pai (Keshavrao Date) e fica apreensivo no momento de dizer a ele que pretender ir ajudar na guerra, mas é surpreendido pela reação recebida: seu pai fica muito orgulhoso e diz que teria feito o mesmo. É aí que fico sabendo de mais uma referência histórica: o filme faz parte de uma série de filmes patrióticos sobre heróis de guerra lançados nos anos 40. Vejam alguns outros títulos aqui.

Depois da cena com o pai, o filme ficou repleto de falas patrióticas. "Minha Índia", "nossa Índia", "orgulho do país", "minha amada Índia"...essas repetições costumam me cansar, mas o filme estava muito bonitinho e não me importei desta vez. Na cena em que Dwarka estava partindo no navio para a China, seu pai lhe dá um anel no qual está desenhado o mapa da Índia e diz que é para lembrá-lo não apenas da família, mas de que a honra do país está em suas mãos. Achei tenso.

O problema de patriotismo exagerado em filmes é que geralmente vem acompanhado de uma vilanização também exagerada de algum país inimigo; neste caso, o Japão. No filme víamos os chineses (que eram indianos, há) sorridentes e amavéis, enquanto que os japoneses só apareciam para jogar bombas ou capturar presos. É certo que imparcialidade é algo difícil, principalmente em um filme de guerra, mas...aquilo era uma guerra, oras! Todos estavam lutando, os dois lados matavam pessoas. Sei que há um que ataca primeiro, mas não há bonzinho quando as duas partes tiram a vida de alguém. Isto me lembra de uns filmes muito irritantes dos Estados Unidos sobre Pearl Harbor onde tudo o que se houve é "japoneses imundos" e daí para baixo.

Quando Dwarka estava na China, as cenas não foram muito diferentes do que já vi em filmes de guerra: gente sofrendo, o médico falando sobre como quer ajudar a todos, etc. Ao receber uma carta informando sobre a  morte de seu pai, inicialmente Dwarka pensou em voltar à Índia para ficar com a sua mãe. Pensei "agora ele vai lembrar das palavras do pai e decidirá ficar por causa da honra". E pronto, nenhuma surpresa. O legal foi pensar que aquele momento de difícil decisão realmente aconteceu com alguém.

Mini sobrancelhas: uma
 tentativa de parecer chinesa?
Aceitando que nada de diferente aconteceria, fui surpreendida por uma história de amor muito, mas muito meiga.Ching Lan (Jayashree), uma dessas infinitas pessoas chinesas que falam hindi, é uma moça que se vestiu de rapaz para poder andar livremente pelo país sendo assistente de médicos. Era engraçado ver Dwarka dando uns tapas nas costas dela: a cena clássica de todo filme em que uma mulher se veste de homem. Quando Ching Lan começa a trabalhar como assistente de Dwarka, um dia ele descobre seu disfarce. Depois disto eles começam a conversar bastante, e Dwarka descobre que a família de Ching Lan foi morta pelos japoneses malvados. Ching ama a China tanto quanto Dwarka ama a Índia (ô casal patriota). Gostei muito de como eles se apaixonaram: eles conversaram, riram um com o outro, realmente se conheceram. Os idosos da cidade querem que Ching se case com algum chinês e ela nem ao menos quer se casar, o que deixar Dwarka muito mal. Aí há a doce cena do general da missão deles dizendo que a punição por terem se apaixonado é ter de se casarem. E no casamento? Mais patriotismo, claro. Um personagem diz que o casamento uniu dois corações, duas mãos e dois países. A aliança de Ching é o anel com o mapa da Índia que Dwarka recebeu do pai, enquanto que a de Dwarka é um anel com um mapa da China. Certo, já entendi que Índia e China são amigas para sempre.


O filme vai seguindo em um ritmo muito bom: ao mesmo tempo em que as coisas não acontecem apressadamente, também não ficamos entediados. Quando os japoneses bombardeiam a área em que estavam, toda a população tem de fugir e Dwarka observa que uma estranha doença está se propagando. Desesperado para ajudar às pessoas, ele injeta o pus das bolhas em si mesmo (cena nojenta) para ver o progresso. No fim ele consegue criar um remédio para salvar as pessoas. Eu quero muito saber se isto realmente aconteceu, qual é o nome da doença e se ela ainda existe. Este parágrafo foi só para explanar a minha curiosidade.

Por ter curado as pessoas, Dr. Kotnis ("Dwarka" é intimidade demais) é homenageado por todos aqueles indianos que pensam que enganam alguém fingindo que são chineses. E lá vem musical fofo, que segundo o Youtube, se chama Dekho Aayi Bahar. Não consigo encontrar muitas informações sobre a trilha deste filme, além de que ela é de Vasant Desai. Foi a primeira trilha dele que ouvi e gostei muito.

Não sei se conto ou não o final...me parece meio bobo não contar o final de algo que é um fato histórico. Tentem acompanhar: Dwarka e a esposa tem um filho, patriotismo, Dwarka é capturado pelos japoneses e depois foge deles, patriotismo, Dwarka fica doente, patriotismo, Dwarka morre sonhando em voltar para a Índia, patriotismo. A conclusão: é um filme bom. Não gosto muito de filmes de guerra, então levem isto em consideração. Mesmo já tendo visto outras histórias parecidas, eu realmente me interessei pela vida do Dr. Kotnis e achei adorável o modo como ele ainda é respeitado na China. 

Agora vou ver mais uns dois títulos da época para ver um pouco mais do que os anos 40 guardam. Espero ver o melhor, já que comecei bem.


Para quem quiser saber mais sobre o verdadeiro Dr. Kotnis:
The Tribune India 
Wikipedia

Até mais!

Ps: notícia estranha sobre a Segunda Guerra Sino-Japonesa aqui.
Este post não faz parte da minha Semana Anos 40, já que ainda estou organizando os filmes que verei nela.

Suraj: o filme que eu tentava ver há meses, desde que vi Ho Ek Baar no Youtube. Consegui e fui muito, muito feliz. Lançado em 1966, o filme foi dirigido por T. Prakash Rao e estrelado por Rajendra Kumar e Vyjayanthimala.

Antes de começar a falar do filme, quero compartilhar uma mania estranha que desenvolvi. Quando leio/ouço/falo o nome do Rajendra Kumar, mentalmente canto mere mehboooooob tujhe (única frase que sei). Eu sei, é ridículo. Mas não consigo evitar. Tenho que escrever logo sobre Mere Mehboob (1963), um dos meus favoritos.

Lindas cores!

O filme começa contando a história de dois Maharajas que são muito amigos. Quando seus filhos ainda são pequenos, eles decidem firmar o compromisso de que eles se casarão quando crescerem. Para simbolizar o compromisso, o Maharaja Vikram Singh (David Abraham) entrega um colar ao filho do Maharaja Sangram Singh (Niranjan Sharma) e fica feliz ao ver que seu fiel criado Ram Singh (Gajanan Jagirdar) é quem está cuidando da criação do pequeno príncipe. 

O sofredor

Mais tarde, Ram Singh está brincando com o príncipe e não percebe quando uma criada entra no quarto e rouba o colar (super inteligente, essa aí). Quando diz ao rei que o colar foi perdido, este fica furioso e ordena que o objeto seja procurado. Não o encontrando, acusa Ram Singh de ladrão e o homem é chicoteado. Expulso do castelo,  Ram Singh entra em desespero: agora seus filhos serão conhecidos como filhos de um bandido. Tudo isto faz com que cresça seu ódio e ele decide raptar o filho do rei. Quatro anos depois, ele envia uma mulher para devolver a criança. Os pais da criança veem um marca de queimadura como a de seu filho no braço da criança, e ficam convencidos de que finalmente tem seu príncipe de volta. Nem imaginam que seu filho está sendo educado para ser um ladrão, e que a criança que acolheram é o filho de Ram Singh. Quando crescem, Suraj (Rajendra! Rajendra!) torna-se um bandido com bom coração e Pratap (Ajit) torna-se um príncipe mau caráter. A princesa Anuradha (Vyjayanthimala) também cresceu e é uma mocinha cheia de atitude. Diz ao pai que só se casará com o homem que aceitar, e decide ir ao outro reino conhecer o princípe. Seu pai concorda, não sabendo que ela irá lá trocando de lugar com sua criada (Mumtaz). E é deste modo que ela acaba sendo alvo de constantes investidas do príncipe e conhece Suraj, que sempre a salva. Aí nasce o amor e a história vai se desenrolando. E palmas para quem não contou o final!


Para começar: que lindo casal é formado por Vyjayanthi e Rajendra! Os dois são engraçados e ainda assim conseguiram  me fazer acreditar na história de amor deles. São poucas as atrizes que conseguem me convencer daquelas personagens que no início brigam e riem do mocinho e depois se apaixonam - a Vyjayanthi é uma delas, tendo conseguido a proeza em Gunga Jumna e em  Suraj. Além de não facilitar para o príncipe e nem para o Suraj, a princesa Anuradha dava trabalho até mesmo ao pai. Fiquei com pena do rei/Maharaja/não sei desesperado com aquela filha que além de querer viajar sozinha, não tem medo de não honrar um compromisso firmado há anos por dois soberanos. É nisto que acredito estar a graça de Suraj: o filme não estava preocupado em fazer um retrato fiel de como era a realeza em determinada época. Aquela ali é a Vyjayanthimala vestida de princesa, mas falando como uma moça moderna. Não sei se já houve casos de princesas que impusessem suas vontades deste modo, mas não me parece muito real. Isto também não faz muita diferença, já que a Vyjayanthi conseguiu me fazer crer em tudo...preciso de mais?

Tão fofinho com essa roupa estranha!

Suraj era o Robin Hood (que sempre confundo com Peter Pan) do povo. Houve um momento em que ele disse que era o amigo dos pobres e inimigo da realeza, mas durante o filme não o vi fazendo nada demais pelo povo. Só no início houve um momento em que ele salvou algumas moças da vila de serem sequestradas pelo príncipe Pratap. Ele não dava os produtos de seus roubos aos pobres, mas sim àquele que acreditava ser seu pai, Ram Singh. Aliás, quando Ram Singh falou de como iria transformar o filho do rei em um ladrão, lembrei de outro filme, Awaara (1951). Ouvi dizer que os indianos tem um respeito intenso pelas figuras familiares, e às vezes não lido bem com isto. Suraj amava e respeitava Ram Singh infinitamente mais do que este merecia, e isto me incomodava porque ao contrário de Suraj, eu sabia das armações do homem. A importância das relações familiares ficou muito marcada numa cena em que Suraj canta no palácio e sua apresentação é tão apreciada que o rei pergunta o que ele deseja receber por ela. Com o objetivo de roubar o colar (o mesmo do início da história) como foi pedido por seu pai, ele diz ao rei que apenas deseja abraçá-lo. O abraço dura algum tempo, e tanto o Maharaja quando Suraj dizem que sentiram algo diferente ali. O rapaz diz que sentiu uma estranha paz. É clara aí a ideia de que a relação entre pai e filho é algo que ultrapassa o limite do conhecimento humano. Não concordo com esta ideia, mas não deixei de amar a cena. Gosto muito de abraços.

Pequena Neetu Singh chorando

Além de Pratap (o príncipe), Ram Singh tem uma filha chamada Geeta. Ela e Suraj tem uma relação de amor muito bonita. Amo histórias com irmãos que se amam e cuidam um do outro. Quando as crianças ainda eram pequenas, a filha de Ram Singh foi interpretada por uma garotinha muito linda que ficou encantadora com os trajes típicos indianos. Parecia uma bonequinha! Depois que Ram enviou seu filho ao rei, a pequena Geeta foi repreendida pelo pai. Ela estava chamando o rapaz de Pratap, e o pai gritava com ela que aquele era Suraj. Fiquei olhando para a menininha e disse: "Nossa, como parece a Neetu". Continuei vendo a cena e a criatura era igualzinha à ela. Dei pausa no filme para ir à Wikipedia da Neetu e lá estava seu papel em Suraj. É incrível o quanto ela sempre foi bonita e como o rosto não mudou. E este foi o momento "curiosidade do dia". Depois do pequeno Aamir, tivemos a pequena Neetu.


Outra pessoa inesperada no filme de quem gosto muito: Lalita Pawar. Ela estava linda trajada de rainha, e apesar de ter aparecido pouco, foi o suficiente para me deixar feliz. A cena dela inconsolável ao lado do berço do filho raptado foi muito bonita. O príncipe vilão foi interpretado pelo Ajit, só soube disto depois. Foi um susto saber disto! Como aquela pessoa e o malvadão estiloso do Yaadon Ki Baaraat poderiam ser a mesma pessoa? A quarta surpresa me foi dada agora pelo IMDB: o roteirista do filme foi Abrar Alvi, que a partir de agora é meu ídolo mor. Só o conhecia pela direção de Sahib Bibi Aur Ghulam (1962), mas acabei de descobrir que foi roteirista de Pyassa (!) e Kaagaz Ke Phool. Só não toco os pés dele porque ele morreu.




Na parte de trilha sonora e clipes, Suraj não desaponta. Fiquei desapontada mesmo com a legenda do filme. Além de ela ter letras estranhas no meio das palavras, não tinha legenda para as músicas. Sendo assim...ainda não sei o que dizem em Ho Ek Baar. Os clipes para mim foram, então, somente cenas coloridas com gente se divertindo. Não vou mais falar de Ho Ek Baar porque já o fiz na minha lista de músicas favoritas de 2010. A trilha é da dupla Shankar-Jaikishan e rendeu à ela o prêmio Filmfare de 1967.



Há um lindo musical chamado Baharon Phool Barsao. O que é aquele figurino LINDO da Vyjayanthi? Ele fica mais bonito devido ao ambiente: é noite, há uma lindíssima lua cheia, o homem que ela ama canta para ela na voz de Mohammed Rafi e há flores por todo lado. Enquanto assistia ao filme e revejo agora, só suspiro. Também quero uma rede de flores...e também quero o Rajendra Kumar.É raro ver uma combinação tão bela entre vídeo e música, assim como é raro um elefante deixar uma cena romântica ainda mais encantadora. Outro musical do qual gosto é Ho Kaise Samjhaon, simplesmente pela dança da Vyjayanthimala. Eu queria que houvesse no Youtube a parte em que ela dança sem o acompanhamento do cantor, mas não a encontrei. Sendo assim, sinto-me no dever de postá-la. Colocarei aqui quando o fizer. Até lá, aproveitem Asha e Rafi. É incrível como tudo o que  gosto acaba sendo de Asha, Lata, Kishore ou Rafi.



Suraj é um doce e simples conto de fadas - tem até Rajendra sobre o cavalo branco. É um daqueles filmes que nos fazem sentir bem, leves, sorridentes. Fiquei muito feliz por finalmente tê-lo assistido, e já me preparo para ver mais Vyjayanthi e Rajendra.


Até mais!
Ps: meta para o próximo post - escrever menos.
Ps²: quem viu o filme sabe que não falei do Johnny Walker. É que o achei tão chatinho desta vez! Desanimei dele e estou traumatizada graças a isto aqui.
Primeiro dia do ano, ae aeeeeeee! Este ano não me importei muito com  ano-novo, e finalmente assumi que gosto mais de Natal. Sendo assim, ontem eu estava vendo filme indiano e hoje continuarei a fazer isto...não mudou muita coisa, nada de promessas de fazer coisas diferentes. Eu estava feliz ontem e continuo feliz hoje. Efeitos do cinema indiano...

Eu queria fazer alguma coisa diferente, para começar o ano. Como ontem assisti a Suraj (1966) e amei o filme, estava pensando em fazer uma "Semana Vyjayanthimala". Para quem visita pouco os blogs estrangeiros, alguns deles costumam fazer uma "Semana Fulano", na qual são feitos posts de filmes de um determinado artista. Não sei se é algo divertido de fazer, mas é tão divertido de ler! Ainda não vi este tipo de coisa nos blogs brasileiros de cinema indiano, e realmente acho que faz falta este tipo de brincadeira. 

Meu problema é não aguentar ficar muito tempo vendo filmes de um mesmo artista, especialmente durante uma semana in-tei-ra. Daí fiquei pensando em fazer uma semana sobre algo que eu ainda não conheça bem e que não privilegie nenhum artista, então chegou a inspiração. Não sei nada sobre os anos 40 no cinema indiano. Não conheço os filmes mais famosos, os artistas mais importantes, as questões que costumavam abordar nos filmes da época. Ok, também não é como se eu conhecesse muito os filmes das outras épocas: eu sou do tipo que vê um figurino lindo num filme, pergunto (ao Pedro) o que é e a resposta é sári. Aliás, agora vou fugir um pouco do assunto e reclamar do quanto não entendo nada de vestuário e sei lá, coisas do tipo. É irritante estar vendo um filme e não saber que o nome do que a Vyjayanthimala está usando, que estão cantando um qwali ou coisas do tipo. No momento em que estou vendo não é muito irritante, mas depois que estou lendo e descubro o que houve, fico com a sensação de ter perdido alguma coisa. Essa coisa de fazer faculdade e querer ver filmes o dia todo não funciona...o cinema indiano me faz ver minha faculdade quase como um empecilho para meus momentos de diversão, hoho. Já que é para confessar, digo logo que tenho mais vontade de fazer uma semana dos anos 60, melhor época EVER do cinema indiano (para mim, né).

Acabado o momento de desabafo sobre o quanto-eu-quero-ter-tempo-para-estudar-mais-cinema-indiano, voltemos aos anos 40. Acabei de ter esta ideia e estou até bem animada, daí fui olhar minha lista de filmes e vi que só há um filme dos anos 40. Terei um trabalho bonito para baixar mais filmes, mas acho que valerá a pena. É para isto que as férias servem, não?

Então, é isto: semana anos 40 começando. E que venham os filmes em preto-e-branco!


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"DEEWANEANDO"?

Devanear = divagar, imaginar, fantasiar. Deewani = louca, maluca. Deewaneando = pensar aleatória e loucamente sobre cinema indiano.

Meu nome é Carol e sou a maior bollynerd que você vai conhecer! O Deewaneando existe desde 2010 e guarda todo o meu amor pelo cinema indiano, especialmente Bollywood - o cinema hindi. Dos filmes antigos aos mais recentes, aqui e no Bollywoodcast, seguirei devaneando sobre Bollywood.

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