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Se meu retiro acadêmico serviu de algo para minha vida bollywoodiana, foi para me provocar sustos. Fui surpreendida por notícias e constatações esquisitas toda vez que tentava me inteirar das notícias. Para finalizar o ano, compartilho com vocês os 10 maiores sustos que tomei em 2013. Até o ano que vem!

10) Kiran Rao = Pessoa mais legal do Mundo Bolly!



Nunca tinha dado atenção à Kiran Rao até ver sua participação com Aamir no Koffee With Karan. Além de simpática, engraçada, sincera, inteligente e competitiva, tira sarro do marido em rede nacional. É a pessoa mais próxima da vida real que já vi em Bollywood e já entro 2014 mais fã dela que do marido. 


9) SRK teve um filho!



Shahrukh e Gauri tiveram um filho com ajuda de uma barriga de aluguel. Fico feliz pelo casal, mas a notícia surgiu de forma tão aleatória que ainda não consegui processá-la.

8) Cadê Salman? 


Prezado Salman Khan,

Você e eu não nos amamos, mas sempre nos entendemos. Não sei o que aconteceu, mas o mundo Bolly ficou desequilibrado sem a sua presença. Aamir está fazendo o vilão de Dhoom, Ajay está fazendo filmes com Sajid Khan e o Shahrukh Khan fez um masala sulista. Nada parece normal e estou com medo. Por favor, volte, faça um masala ainda melhor que Dabangg e traga o sentido de volta ao universo.

Com dishoom,

Carol

7) Mortes


Perdemos muitas pessoas especiais em 2013. As duas mortes que mais me assustaram foram as de Srihari e Jiah Khan. Só o conhecia por Nuvvostanante Nenoddantana, no qual seu papel foi um dos grandes motivos para eu gostar tanto do filme. Srihari tinha 49 anos.

Jiah Khan foi mais que um susto: foi um choque. Linda, jovem e talentosa, acabou chegando ao limite e tirando a própria vida. É realmente triste que a tenhamos perdido tão cedo e que a indústria não tenha sabido lhe dar oportunidades.

6) O ano horroroso de Bebo 


Satyagraha e Gori Tere Pyaar Mein. Trocou filme do Sanjay Leela Bhansali para protagonizar outro com Imran Khan. Preciso dizer mais? Se a coisa não está fácil para nós, imagina para a heroína do Imran Khan.

5) Coloriram Chori Chori


Meus amigos riram da reação extremamente negativa que tive à colorização de Chori Chori. Não sou nem um pouco entusiasta da colorização de filmes antigos porque a fotografia de vários é belíssima por ter sido pensada especificamente para preto e branco. Era apenas uma opinião sem mais reflexões, pois meus filmes antigos favoritos permaneciam intocados. Chori Chori não é só favorito, como foi um dos filmes que me deixou apaixonada por obras em preto e branco.

Deixo minha reação para sua imaginação.

4) Katrina e Ranbir, oi q?



Mesma situação do filho do Shahrukh Khan: ainda não processei.

3) Zanjeer é uma afronta



Não me interessei pelo remake de Zanjeer por motivos de: Priyanka no papel da Jaya Bachchan. Ontem a Katherine do Totally Filmi estava tweetando sobre o quão ruim é o filme, o que me deixou curiosa para ver os clipes. Não deveria ter feito isso, já que ainda estou indignada por terem transformado o emocionalmente perturbado policial do Amitabh Bachchan em um carinha que faz pose de mal com a camisa aberta. Sobre Priyanka rebolando ao redor da arma, prefiro não comentar. 

2) Ano da Deepika!


Considerava Deepika uma atriz variando entre regular e ruim na maior parte de seus filmes. Qual não foi minha surpresa ao ver que não apenas foi a atriz mais bem-sucedida do ano, como sua boa atuação foi parte do que me atraiu aos filmes? Fiquei impressionada com seu desempenho em Yeh Jawaani Hai Deewani e sua participação em Chennai Express me agradou mais do que a do Shahrukh Khan. Mal vejo a hora de ver Goliyon Ki Rasleela Ram-Leela! Ficar ansiosa por um filme do Sanjay Leela Bhansali não é algo normal em minha vivência bollywoodiana, então espero que dona Deepika faça valer a pena.

1) Chennai Express é um sucesso maior que a vida



Nada neste ano me assustou mais do que o estrondoso sucesso de Chennai Express. Sabia que o filme faria sucesso por ser do Rohit Shetty, mas nada me preparou para tanta repercussão. Acho que não venho processando bem as notícias do Shahrukh Khan.
A última lista de favoritas do ano aqui do blog foi publicada há 2 anos. Meu interesse pelas trilhas vem diminuindo, já que as canções são todas muito parecidas e as letras não mais ficam dançando na minha mente. Como consequência, passo bastante tempo ouvindo trilhas de filmes antigos ou as dos primeiros filmes a que assisti.

As canções a seguir me marcaram por motivos diversos, mas acredito que apenas as duas primeira posições sejam favoritas. 

5) Nagada Sang Dhol, de Goliyon Ki Raasleela Ram-Leela

Fazia tempo que não ouvia a voz da Shreya Ghoshal em uma faixa tão enérgica. Os filmes do Sanjay Leela Bhansali tem elementos artísticos muito característicos, o que estruturou o vídeo da canção em minha mente antes mesmo de assisti-lo. Parecia claro que haveria um musical grandioso, porém com coreografia mais pesada do que o habitual. A curiosidade venceu: assisti ao clipe e confirmei meu palpite.

Tendo minha cantora favorita, um ritmo intenso e um vídeo que seria um clássico instantâneo, Nagada Sang Dhol tornou-se um belo presente.


4) Dichkyaoon Doom Doom de Chashme Baddoor

Só percebi a grande frequência com que ouvia Dhichkyaoon Doom Doom quando troquei de celular, transferi poucas músicas para o novo e dei por falta de alguma música com "doom doom doom" durante o trânsito nosso de cada dia. Até então não havia notado que aquela melodia simples com letra chiclete era minha companheira diária. Shreya Ghoshal e Ali Zafar deixam quase impossível não embromar no hindi para cantar junto: dichkyaoon doom doom doom doom doom- main aur tum tum tum tum tum!


3) Malang de Dhoom 3

Devo ter conhecido a canção há no máximo duas semanas, mas fiquei impressionada já na primeira vez e ouvi sem parar. É contagiante! Malang não dá vontade de apenas dançar: é música para montar uma coreografia com figurinos exuberantes e apresentar em um pouco iluminadíssimo. Estou ansiosa por ver o vídeo, declarado o mais caro da história de Bollywood, para checar Katrina e Aamir fazendo acrobacias circenses.

Os intérpretes são Shilpa Rao, geralmente destaque nas trilhas do Amit Trivedi, e Siddhart Mahadevan, filho do excelente cantor Shankar Mahadevan. Parece que alguém começou a carreira muito bem...


2) Titli, de Chennai Express

Meu entusiamo por Titli ficou claro na resenha de Chennai Express. É a canção romântica mais suave que ouvi nos últimos anos; talvez só podendo ser comparada a Mahek Bhi. Tinha certeza de que sua intérprete fosse a Shreya, mas qual não foi minha surpresa ao descobrir o engano? A competente cantora é Chinmayi, que seguramente criou um clássico romântico com o cantor Gopi Sunder.


1) Kashmir Mein Tu Kanyakumari, de Chennai Express

Ouvir e assistir a Kashmir Main foi uma grande experiência. Já estava ensaiando meu "retorno" aos filmes com uma ou outra obra, mas foi esta canção que tornou a situação real. As vozes de Sunidhi Chauhan, Arijit Singh e Neeti Mohan estão em plena sintonia. A alegria de Shahrukh e Deepika dançando, a melodia divertida, os sáris, tigres (!) e a explosão de cores eram tão familiares que me levaram às lágrimas. Eu havia voltado para casa. Com tantos elementos alinhados, o único lugar que uma música tão significativa poderia ocupar é o primeiro.

Mesmo em meu exílio acadêmico, sabia que em algum momento teria que voltar para assistir a Chennai Express. Faz um tempo que o diretor Rohit Shetty é meu maior “prazer culposo” em Bollywood. Adoro ver seus filmes com carros voadores, cores vibrantes, socos poderosos e piadas ridículas. O sucesso estrondoso dos últimos anos mostra que essa combinação é certeira para o público indiano. Entretanto, Shahrukh Khan parecia um elemento estranho no conjunto. Não dava para imaginá-lo como o típico herói de ação-comédia dos filmes de Shetty. E por isso mesmo, era necessário assistir a Chennai Express.


Chennai-ai-ai-ai-ai...ad infinitum.

Shahrukh é Rahul, um solteirão de 40 anos criado pelos avós. Quando o avô morre, fica encarregado de imergir suas cinzas na aldeia de Rameshwaram. Seu verdadeiro plano é ir para Goa com os amigos e imergir as cinzas do avô por lá mesmo. Rahul acaba ficando preso no trem errado e fica ainda mais enrolado ao ajudar Meenamma (Deepika Padukone) a subir no trem. Ela está fugindo dos capangas de seu pai, mas dá o azar de ver que eles também são ajudados por Rahul e conseguem subir para alcançá-la. Eles levam Meenamma e Rahul para a aldeia de Komban Kaum, onde o pai dela é o chefão local. Ele estava forçando a filha a se casar, mas desiste quando Meenamma mente que está apaixonada por Rahul. Os dois se unem para tentar fugir da aldeia, sabendo que estão cercados por todos os lados.

Faz anos que anseio por ver Shahrukh Khan na comédia, já que seus poucos momentos cômicos em outros filmes me arrancaram boas risadas. Se o romance não me convencesse, certamente haveria ao menos uma cena engraçada para guardar de lembrança. Em Chennai, a comédia estava divertida enquanto havia piadas à la DDLJ, porém ela ficou cansativa com tanto histrionismo do SRK. Ele começou a todo vapor, porém essa energia foi diminuindo ao longo da história. Um parceiro cômico para dividir as piadas poderia ter aliviado a imagem do Shahrukh, cujo Rahul ficou irritante por tanta necessidade de ser engraçado a todo custo. Os momentos de ação masala compensaram um pouco a irritação, porém só é assim para quem gosta do estilo. 



Lembra os velhos tempos (Om Shanti Om)

MOSTRANDO MEU DISHOOM

Em nenhum momento Shahrukh foi equiparado aos atuais heróis masala, como Salman em Dabangg ou Ajay em Singham. Ele não é este tipo de herói, então buscou-se uma alternativa para inseri-lo de forma coerente no universo masala. Ao apresentá-lo como um herói masala cômico, a comédia tomou conta do espaço e não sustentou a dinâmica desse tipo de filme — resultando no já comentado cansaço. Respeitando as devidas proporções, Rahul lembra bem pouco o lado cômico do Amitabh em filmes masala como Amar Akbar Anthony e Naseeb, exceto por não vivenciar o lado de ação tão intensamente quanto ocorreu nesses filmes. O herói de ação do Amitabh, alto e magro, faz pensar que pode haver espaço para novos heróis masala fora do estereótipo forte e musculoso, tão comum aos filmes do sul. 

Se por um lado Rahul não trouxe nada de novo, por outro Meenamma foi surpreendente. Mais surpreendente como expressão da maturidade artística da atriz do que enquanto personagem, de fato, mas ainda uma surpresa. Deepika está mais expressiva, conseguindo transmitir mais emoções em seus papéis. A moça da aldeia foi apresentada como uma mulher bem educada, com idéias e desejos próprios. O ponto mais alto da personagem é sua inteligência. Além de falar várias línguas, é ela quem idealiza e organiza os planos de fuga, restando a Rahul apenas segui-la. Infelizmente, a personagem é enfraquecida justamente nos momentos decisivos do filme, restando-lhe ficar apenas como espectadora enquanto os homens resolvem as coisas. Acabou sendo mais um dos filmes a inserir um discurso sobre força e independência femininas no roteiro, para depois não embasar isto com ações quando teve a oportunidade.

Mas tá uma linda!


A história do filme não é envolvente. O humor segura o espectador durante pouco tempo, sendo depois substituído pela visão de belas paisagens. Quando nem isso é suficiente, Meenamma se apaixona por Rahul e a leveza e simplicidade dos gestos e olhares encantadores de Deepika voltam a despertar o interesse pelo filme. O momento de apaixonamento é brilhantemente embalado por Titli, um dos melhores musicais românticos produzidos em Bollywood nos últimos anos. A direção do clipe é de Farah Khan, o que explica sua alta qualidade. Rohit Shetty não cria musicais marcantes, então sabia que havia algo de estranho quando vi um vídeo tão cativante.







Os outros clipes também são muito bons, com destaque para o colorido Kashmir Main Tu Kanyakumari, cuja música talvez seja minha favorita do ano. O item number 1 2 3 4 –Get On The Dancefloor não me impressionou na hora, mas como a música é do tipo chiclete, não tive como fugir. A dançarina é a bela atriz sulista Priyamani, que parecia estar se divertindo bastante. Por último, há a controversa Lungi Dance, homenagem ao superstar de Kollywood, Rajnikanth. Vishal-Shekhar, a dupla responsável pela trilha de Chennai, não queria a canção do rapper Yo Yo Honey Singh no filme. Pois bem, ela acabou entrando e fazendo um sucesso estrondoso. Ainda estou impressionada com a ardorosa tietagem de Shahrukh Khan por Rajnikanth. Acredito que seja mais uma questão de ganhar dinheiro, pois não consigo imaginá-lo vendo ação masala em casa.



Não havia entendido como Chennai conseguiu a maior bilheteria da história do cinema indiano, mas agora me parece claro. Rohit Shetty tem tido sucesso atrás de sucesso nos últimos anos, talvez devido a não ter pudor algum de fazer cinema estritamente comercial. Unindo esta máquina financeira a um dos maiores atores de Bollywood, a atriz mais bem-sucedida de 2013, bons compositores e o apelo da homenagem ao maior superstar do sul do país, temos a receita do excelente desempenho deste projeto de masala.

Torcia para que Shahrukh voltasse a ter os êxitos de antigamente, então por este lado fiquei imensamente feliz pelo resultado comercial de Chennai Express. O meu lado de fã ficou decepcionado, infelizmente. Está chato passar mais tempo torcendo pelo artista do que apreciando seus filmes.


Segundo minha amiga Lalita e a Wikipedia, hoje o Raj Kapoor completaria 89 anos. Enquanto fã de cinema indiano, especialmente de filmes antigos, não tenho como ficar imune à sua influência. Seus filmes, o modo de contar histórias, clipes e personagens construíram aquilo que podemos chamar de cinema hindi. Apesar de não estar entre suas fãs maiores fãs, - todos sabemos que Rishi é meu Kapoor favorito - tenho muito respeito e carinho pela figura de Raj Kapoor. O banner do blog não me deixa mentir.

Selecionei alguns clipes nos quais me apaixonei pelo Raj. Esse sentimento pode não ter durado por todo o filme, mas se manteve durante os poucos minutos de cada clipe. Efeitos de um bom showman.

- Aye Bhai Zara Dekh Ke Chalo de Mera Naam Joker (1970)

Como não se deixar levar pelo carisma de Raju enquanto conquista a todos no circo? Impossível não sorrir.

- Jahan Main Jaati Hoon de Chori Chori (1956)

Provavelmente é meu clipe favorito do Raj e da Nargis, que estão totalmente adoráveis como fantoches. É o tipo de vídeo que uso para atrair as pessoas para o cinema antigo.


- Awaara Hoon de Awaara (1951)

Acredito que seja a canção mais famosa do Raj. Nos apresenta Raju, o famoso vagabundo que encantou até mesmo o público russo. Suas expressões estão divertidas e ingênuas, com destaque para o olhar travesso.



- Cena de Mera Naam Joker (1970)

Isto é mais um momento que um clipe propriamente dito. Na hora mais difícil de sua vida, o palhaço teve que esquecer sua dor para fazer os outros rirem. É o único elemento triste desta lista, mas não poderia faltar porque foi com esta cena que passei a apreciar Raj como ator.

Este texto foi escrito no início do ano e estava salvo nos rascunhos do blog. Como estava atarefada, acabei me esquecendo de publicá-lo. Revisei-o hoje, ilustrei-o com fotos da internet e não consegui reduzi-lo mais do que ficou no resultado final. Bom, pelo menos consegui reviver toda a experiência de ver JTHJ ao reler ao texto. Não que tenha sido uma grande vivência...

Desde que 2013 começou, prometi a mim mesma que esqueceria um pouco os filmes e blogs para me concentrar em minha monografia, que ainda está no plano das ideias . Estava tudo indo conforme o planejado e mal assisti a nada desde o início do ano, porém tirei um dia de estresse puro para me acalmar com Jab Tak Haai Jaan, último lançamento do diretor Yash Chopra e Shahrukh Khan. Apesar das expectativas baixas quanto à história e ao personagem do Shahrukh, estava animada para ver belos cenários e bons clipes, além de curiosa para ver como seria a química entre Shahrukh e Katrina Kaif. Bem melhor do que há meses atrás, quando só conseguia ver um desastre a caminho e carinhosamente apelidei a obra de Jab Tak Hai Whatever.


Foi nesse espírito de aventureira com um pé atrás que conheci o romance de Samar (Shahrukh Khan) e Meera (Katrina Kaif), duas pessoas muito diferentes. Ela, obediente filha de um homem rico, é séria e dedicada. Ele, um homem pobre, é feliz e encontra sua alegria no sorriso do outro (Amar Mathur feelings). Ambos se conhecem em Londres e estabelecem um pacto: ele a ajudará a aprender uma música em punjabi para cantar na festa do pai, enquanto ela o ajudará a melhorar seu inglês. O "contrato" dura um mês, período durante o qual Samar se apaixona por Meera. Seu amor não pode se concretizar porque ela está noiva de outro, mas isto não o impede de incentivá-la a ser mais livre, como acredita que ela realmente seja.



Daqui pra frente, muitos spoilers.

Meera percebe que também ama Samar. Como não quer magoar seu pai, promete a Deus que ela e o rapaz não serão mais que amigos. Depois de muita enrolação e acontecimentos, Meera cede aos encantos de Samar. Quando ambos estão felizes e tudo o mais, o rapaz sofre um acidente e Meera, em desespero, promete a Deus que irá abandonar Samar caso ele seja salvo. É claro que isto acontece. Sério, gente. O que vai segurar 3 horas de filme é uma promessa a Deus que separa o casal principal.

Pausa para um WTF coletivo puxado por uma amiga do blog.

Eu sei, Rani. Eu sei.

Já está bom de sinopse. Contarei mais sobre essa maravilha de história enquanto comento. Depois que Meera o deixa, Samar vai para a Índia e entra para o esquadrão anti-bombas do exército. Ele desarma as bombas sem uniforme de proteção. Sabem por que? Duvido que saibam! Ele quer encarar a morte de frente e desafiar o Deus que o separou de Meera. Por essas e outras, Samar acabou sendo um personagem produtor de vergonha alheia. Como se já não fosse o suficiente toda a sequência em Londres, na qual SRK disse ter 28 anos (!), o personagem depois se tornou o típico romântico durão, transformado em homem amargo após desilusão amorosa. Parecia apenas alguém com sérios problemas de vida, não o herói romântico que fica conosco após o fim do filme.

Problemas ainda mais sérios tinha Meera. Katrina recebeu a difícil missão de nos fazer gostar de uma personagem que ultrapassou todos os limites da racionalidade. Meera é mal construída. Quando Samar diz que ela é uma rebelde em seu interior, essa percepção não é compartilhada por quem assiste, não importando quantos cigarros a façam fumar. Não entendi se ela é triste, o que a faz assim, e, principalmente, qual foi a mudança de comportamento que Samar trouxe à sua vida. Compreendi que estava vivendo seu novo amor intensamente, mas como isto implicou em outras áreas de sua vida? Ela foi mais firme com o pai? Dirigiu melhor a empresa? Tornou-se mais assertiva? A única coisa clara é sua difícil relação com a figura divina, tratando Deus como um tirano que manda um raio na cabeça de quem o desobedece. Por sorte, esse tipo de visão foi (levemente) desconstruída no final do filme. Uma crença assim não permite que alguém seja feliz.

Adoro essa moça, mas ainda não virou boa atriz. Força, Kat!


Para equilibrar o cenário montado por essas duas figuras esquisitíssimas, foi recrutada a repórter Akira —interpretada pela sempre querida Anushka Sharma. É basicamente Anushka sendo Anushka: linda, vivaz, inteligente e engraçada. Resumindo, a espoleta de sempre. Apesar da boa atuação, não gostei da função dada à personagem: Akira representa a nova geração, que não vive o amor "intensamente" e transa com qualquer um. Isso não é interpretação minha, já que cada frase dirigida à Akira começa por "essa gente da sua geração". Quem me dera que a nossa geração fosse tão desapegada de ideais românticos como deram a entender no filme! Além de soar forçado, não gostei de ver a pobre repórter mudando seu modo de pensar ao conviver com a forma de amor mais platônica de Samar. Do jeito que ela amava, tinha como ser feliz com muita gente. Do jeito dele, sua vida fica suspensa por conta de uma outra. Não gosto desse amor que funde um indivíduo ao outro, que anula as partes individuais e cria um terceiro ser. Por isso que não torci por Akira e Samar: longe dele, ela estava com uma saúde mental melhor.

É na segunda parte que a história fica absolutamente louca, a partir de uma perda de memória que pode até ter seus antecedentes científicos (não que eu tenha visto), mas um tratamento absurdo e jamais antes visto na história da Psiquiatria. Que profissional, por mais experimental que seja, apoiaria a criação de uma realidade inexistente como a melhor forme de auxiliar um paciente a manter sua estabilidade mental e recuperar a memória? O absurdo da situação não me incomodou porque isso é Bollywood e já vi filme com médico batendo em criancinha para fazê-la andar, então apenas ri bastante. Em terra de Yash Chopra, quem for mais nonsense é rei.

Shahrukh: me constrange, se constrange.
Em meio a tanta confusão, achei espaço para gostar do que estava vendo.  Pela primeira vez desde o absurdo Hum Saath-Saath Hain, vi um filme escapista de Bollywood como realmente fazendo parte de um outro mundo. Aquela não era a Londres de verdade. Aquelas pessoas e seus motivos de preocupação não eram nada reais. Seu amor, a única coisa importante em suas vidas, era coisa de filme. Nem a repórter do Discovery Channel pareceu minimamente real. Conhecem aqueles pequenos globos redondos com belas cenas, nas quais caem neve quando sacudimos? As vidas de Samar e Meera foram isso para mim. Um brinquedo mágico, belo ao olhar, mas não que não sustenta minha atenção por muito tempo porque tudo está atrás de um vidro. Tudo muito artificial. Não dá para tocar.

O ponto mais alto do filme foi a participação especial do Rishi Kapoor e da Neetu Singh, casal integrante do hall da fama do blog. Rishi estava mais como apoio, enquanto Neetu teve alguns minutos para demonstrar um talento que eu nem imaginava que tivesse. Katrina Kaif não é nada parecida com ela, mas quando Neetu a olhou com emoção e a chamou de filha, eu a vi pequena em seus braços. É por isso que sentimos tanto a sua falta, Neetu ji.

Altamente coracionável, não?
Há um tempo, eu estava iludida de que Jab Tak Hai Jaan seria o grande retorno do Shahrukh Khan ao romance que sempre fez tão bem, e de que isso seria o melhor para ele. Vejo que me equivoquei. Não há como fingir que o tempo não passou, tanto para o ator quanto para o público. Talvez a gente queira um herói romântico que pareça mais real, heroínas mais bem escritas,um roteiro mais bem estruturado, tudo isso junto, ou talvez seja uma necessidade diferente. Apenas sei é impossível sustentar aquele eterno Rahul Raj que se comunica por olhares profundos. Se o mundo muda, os filmes e atores também precisam seguir isso. Vem pra 2013, Shahrukh.

Jab Tak Hai Jaan foi a última obra do Yash Chopra, que faleceu antes da estreia. Registrei no blog minha relação complicada com seus filmes, sempre tão insensatos que me fazem discutir com a tela. Ainda assim, entendo e respeito sua importância para o cinema indiano e a influência que seus filmes tem sobre inúmeros cineastas (até mesmo por toda uma geração, se pensarmos nos anos 90). Pena que não haverá material novo para brigarmos, Yash ji. Se não pelas histórias, obrigada ao menos pelos clipes. 
Tenho apreço por histórias de gêmeos. Desde novelas como A Usurpadora, passando por filmes clássicos como Seeta Aur Geeta ou o atual Kaminey, considero a trama da troca de papéis suficiente para boas horas de entretenimento. Ela permite momentos engraçados enquanto um gêmeo faz as tarefas rotineiras do outro e também o meu ponto favorito, que é quando um resolve conflitos da vida do outro.

Ram Aur Shyam seguiu a já conhecida fórmula. Ram e Shyam (Dilip Kumar) são fisicamente idênticos, porém tem personalidades opostas. Ram é medroso e tem todos os seus bens controlados pelo cunhado, Gajendra (Pran), que o submete a agressões físicas. Shyam é destemido, abusado e não hesita em dizer o que lhe vem à mente.Os dois trocam de lugar por engano, quando Ram foge de casa com medo de ser assassinado pelo cunhado e Shyam foge de sua aldeia para tentar ser ator de Bollywood. Tudo perfeitamente armado para um maravilhoso clichê com 3 horas de duração, porém a maravilha não aconteceu. Tentemos entender o porquê.

Tem coisa mais linda que ver o Rei da Tragédia gargalhando?

O cansaço me pegou já pela metade do filme, talvez antes. O evento mais antecipado é o confronto entre Shyam e o malvado cunhado de Ram. Ele só acontece após o intervalo, fazendo o espectador esperar por mais de uma hora. A espera não teria sido problema caso houvesse mais movimentação na primeira metade, o que também não ocorreu. O tempo da primeira parte foi gasto com o romance entre Shyam e Anjana (Waheeda Rehman), além de também terem sido mostradas as armações de Gajendra. Acredito que não seria cansativo se esse tempo tivesse sido empregado para mostrar as confusões relativas à troca de papéis. Não houve aproveitamento da adaptação de Ram, rapaz urbano assustado, ao cotidiano da aldeia em que dele se esperava que fosse um habilidoso agricultor. Foi dedicado mais tempo à história de Shyam, mas ainda assim não foi bem aproveitada. Houve uma mistura de momentos em que consertava as injustiças da casa de Ram ou flertava com Anjana, entretanto foram poucos aqueles nos quais teve problemas por não se portar como se esperaria do covarde Ram.

O exorcismo de Ram
A atuação de Dilip me deixou dividida. Sou fã de sua veia cômica pelo simples motivo de adorar vê-lo sorrindo, então tive uma boa surpresa ao ver um Shyam tão piadista. Sua expressão corporal estava mais livre do que me lembro de ter visto. Como tantas outras coisas, isto também não foi bem trabalhado no filme. Chegou um momento em que as gargalhadas histéricas já não tinham mais sentido nas cenas. Como Ram, Dilip iniciou mostrando um rapaz doce e assustado, que foi sumindo ao longo do filme. Gostaria de ter visto mais do processo de amadurecimento que teve ao relacionar-se com Shanta (Mumtaz), aldeã que não se dava bem com o grosseiro Shyam e encontrou o amor na doçura e calma de Ram.

Pran estava excelente. Não me lembro da última vez em que gostei tanto de um papel seu como neste filme. Gajendra é desprezível e apavorante na medida certa, nos fazendo torcer para que alguém o faça em pedacinhos. Quando Shyam toma o lugar de Ram e ameaça Gajendra, é visível a mudança do olhar dominador para o temeroso. Sua esposa, interpretada por Nirupa Roy, reforçou a visão que tenho de suas personagens: excessivamente abnegadas e passivas, acabando por deixar as cenas muito pesadas. Por último, comento a atuação das duas heroínas – Mumtaz e Waheeda Rehman. A última ganhou um pouco mais de espaço na história por conta da trama de seu noivado com Shyan, enquanto Mumtaz foi totalmente desperdiçada. Apareceu em algumas sequências musicais típicas de filmes que retratam aldeias, uma ou duas cenas no final e nada mais. Para alguém facilmente impressionável pelo carisma das atrizes, considerei uma pena não ver mais de ambas.


A trilha sonora de Naushad não impressiona. O clipe mais interessante é Dheere Dheere Bol, responsável por eu ter passado anos ansiosa por assistir ao filme. Tem pitadas de crítica social que não receberam maior importância no roteiro e é fortemente representativo dos clipes típicos de aldeia - apesar de não ser o caso no filme. Já a única música que me marcou foi Aaj Ki Raat Mere Dil Ki Salami Lele, cantada pelo fantástico Mohammed Rafi. Com ela, descobri meu pendor por clipes com revelações públicas de sentimentos dolorosos.

Como não amar a velha Bolly?

Para alguém que não se cansa das mesmices das tramas de gêmeos, fui surpreendida pelo sentimento de decepção ao fim de Ram Aur Shyam. Por mais agradável que seja ver o Dilip Kumar sorrindo, a Mumtaz vestida de aldeã ou a Waheeda Rehman apenas existindo, nada disto foi suficiente para substituir todas as possibilidades não exploradas. Nem sempre os clássicos nos dão tudo o que esperamos deles.

Não sei o que é Assassin's Creed, mas de acordo com os comentaristas do Youtube, o trailer usou a trilha dele. Mas eu sei o que é Jimmy Shergill sendo fantástico, e é isto que este trailer mostra. Saheb está de volta, mais frio do que nunca!

A história do primeiro é mais ou menos assim: Jimmy Shergill é poderoso, Mahi Gill tem algum transtorno mental (não lembro qual) e quer ser amada. Eles são casados, mas ele pouco se importa com ela. E Mahi tem amantes. Rolam muitos tiros, mortes, brigas por poder e o filme é fabuloso.

Resolveram fazer sequência e eu havia achado isso um erro, até ver esse trailer e perceber que: 1) Jimmy Shergill vai aparecer muito e 2) Irrfan Khan, fim. Soha Ali Khan também está no elenco, mas isso não me diz muita coisa. Aparentemente haverá um quadrado amoroso entre ela, Irrfan, Jimmy e Mahi. Já disse que estou ansiosa?

2013: esperança returns.
Algumas questões a responder:

- Por que ainda dão dinheiro ao Madhur Bhandarkar para fazer filmes?
- Por que a Bebo aceitou fazer este filme?
- Por que a Aishwarya considerou fazer este filme?
- Por que há pessoas que consideram Madhur Bhandarkar um bom cineasta? Pior ainda, por que há pessoas que o levam a sério?
- Como é possível que alguém desperdice em alto estilo uma participação especial da Helen?

Até o fim do texto, tentarei responder à essas perguntas do modo que melhor entendo: palpitando, com base na teoria do achismo.


Heroínas não são apenas atrizes, como enxergamos aqui no Ocidente. A heroína, muitas vezes, é quase um adereço do herói. É raro um filme ser focado na personagem feminina, tanto que há sempre uma comoção quando isso acontece. A trilha do sucesso é muito difícil para elas. A carreira dura menos, a pressão é mais intensa e a competição é monstruosa.

Mahi (Kareena Kapoor), a heroína do filme, provavelmente passou por várias dificuldades para chegar ao estrelato. Não sabemos como foi, pois Madhur achou melhor começar o filme a partir de seu sucesso. Tudo bem, mas ainda não foi explicado o porquê de ela querer aquela vida, dado que claramente não faz ideia do que acarreta essa escolha. Ela entrou no mundo da fama sem nem imaginar que existam favores sexuais, diminuição de papéis femininos em filmes, produções independentes suspensas...bem, basicamente tudo de mais óbvio. Eu provavelmente não teria me dado conta de toda esta absurda ignorância caso fosse mostrada uma atriz iniciante tendo que descobrir tudo aquilo, mas Mahi já tem prêmios e está com a carreira (relativamente) estabelecida. Difícil acreditar que não tenha enfrentado nenhum desses reveses em algum momento. Mais difícil ainda é acreditar que todos repentinamente começaram a vir em sequência.

Bebo, quando aceitou fazer Heroine.

Como se já não estivesse ruim o suficiente, não houve preocupação em unir os eventos numa narrativa coerente. Minha hipótese é de que Madhur reuniu alguns estereótipos sobre o mundo da fama, como:

- Artistas bebem
- Artistas fumam
- Artistas tomam muitos remédios
- Artistas usam as outras pessoas
- Artistas  fazem sexo casual
- Artistas tem ideias grandiosas e súbitas

Depois de reunir esses elementos, ele os colocou em um saquinho e sorteou a ordem de aparecimento. Costurou tudo e voilà, um roteiro foi criado! Provavelmente esta é a opinião mais sólida que tenho sobre o filme, já que não entendi muita coisa. No meio de tudo aquilo, havia alguém chamada Mahi. Não conheci esta pessoa, apenas fatos de sua vida. Não sei por que ela repentinamente transou com outra mulher ou por que, mais repentinamente ainda, resolveu adotar um bebê.

Talvez eu saiba.


Essa frase foi jogada ao vento, como se não fosse nada. Nem voltaram a citar o assunto no filme. Quer dizer, uma doença cujo tratamento envolve medicação constante, rotina disciplinada e controle estrito do estresse não significa muito na vida de uma atriz. De cinema. Descuidado e desnecessário. O diagnóstico de transtorno bipolar poderia explicar muito do comportamento impulsivo e imprudente de Mahi, especialmente ao considerarmos que não levava uma vida nada saudável e isso só pioraria o quadro. Só que isso não é nada explicado, então encarei o resto do filme como a história de uma mulher vivendo muitas manias e tentando encarar o dificil mundo do cinema no meio disto. Estar nisto já seria difícil normalmente, mas para ela me pareceu pior.

A relação de Mahi com Aryan Khanna (Arjun Rampal) é esquisitíssima. Ela é in-su-por-tá-vel de tão carente e ele é...sei lá, meio insensível. Quer dizer, até eles voltarem e ele começar a ser o Mr. Sensibilidade. Não vi muito envolvimento ali. E a cena de sexo deles foi uma das coisas mais artificiais do ano, até porque veio com uns 15 minutos de filme. Eu nem conhecia aquela gente direito!

Tenho de ser justa: Bebo fez o que podia com essa bagunça de personagem. Se não fosse por ela, a falta de sentido seria ainda maior. Ela foi sensível, diva e confusa quando teve de sê-lo. Ouvi dizer que ela foi a responsável pela inclusão dos musicais do filme, e eu a amo por isso. Main Heroine Hoon não tem graça,  mas pelo menos ela mostra a que veio. Fiquei realmente animada com Halkat Jawani. As cores e o ritmo são ótimos, apesar de a coreografia não ser tão empolgante quanto conseguiria. Ainda assim, é fantástico.

Agora vou entrar na onda dos meus posts sobre a Bebo, em que só consigo tirar prints dela:






Voltando às perguntas:

- Por que ainda dão dinheiro ao Madhur Bhandarkar para fazer filmes?
Porque ele consegue que grandes atrizes comprem as ideias absurdas de seus filmes.

- Por que a Bebo aceitou fazer este filme?
Porque ela acreditou que Mahi fosse um divisor de águas em sua carreira. Um personagem confuso não é necessariamente complexo e muito menos bom, gente.

- Por que a Aishwarya considerou fazer este filme?
Mesmo motivo da Bebo. E a Aish anda muito experimental nos últimos anos, vide Raavan e Guzaarish.

- Por que há pessoas que consideram Madhur Bhandarkar um bom cineasta? Pior ainda, por que há pessoas que o levam a sério?
Achismo master nessa, preparem-se. Como sempre vemos a heroína fofinha, lindinha e boazinha, qualquer personagem que mostre o oposto disso é glorificado - mesmo que seja um personagem pobre e altamente estereotipado. Dê um cigarro e ponha um copo de bebida na mão de atriz e pronto, você será considerado um cineasta ousado.

- Como é possível que alguém desperdice em alto estilo uma participação especial da Helen?
Só podia ser o Bhandarkar!

Já disse o que pude sobre como não entendi muita coisa e não gostei nada de Heroine, mas este post não estaria completo sem a melhor fala de todas. Quando Mahi está pedindo uma bebida em uma festa, seu futuro namorado/boy magia  se adianta e pede o drink por ela.


Se ela tivesse respondido "pra mim, tanto faz", esta seria uma das melhores cenas de 2012.


Algo aconteceu entre o Akshay Kumar e Shirish Kunder durante as gravações de Joker. Não sei o que é porque não estava acompanhando notícias na época, mas sei que as coisas ficaram estranhas e Akki nem mesmo participou da divulgação do filme. Disse que não gostou do resultado. Como fã tanto do Akshay quanto do Shirish, não pude evitar certo desânimo com o filme após os acontecimentos. Afinal, como me animar com um filme renegado pelo protagonista?

Apesar de raramente rir delas, gosto muito das comédias do Akshay. Elas são barulhentas, dinâmicas,  coloridas e tem bons clipes. Posso dizer os mesmos dos filmes do Shirish já lançados, Jaan-E-Mann­ e Tees Maar Khan. Ambos tem um humor meio peculiar, em que até mesmo as piadas mais óbvias tem um leve toque de ironia que considero divertidíssimo. Jaan-E-Mann – que Shirish dirigiu e escreveu - funcionou perfeitamente comigo, misturando comédia pastelão, romance água com açúcar e uma homenagem/paródia a clichês de Bollywood. Já Tees Maar Khan, que ele apenas produziu e escreveu, mergulhou fundo demais na bizarrice e está na lista dos filmes mais insuportáveis a que assisti. Joker é uma pura manifestação do artista Shirish: escrito, dirigido, produzido e editado por ele. Ou seja, é a melhor amostra possível para quem quiser saber com alto grau de certeza se gosta ou não do moço.



Dessa mente pouco convencional saiu uma história de (não) ETs. Akshay é Agastya, cientista da Nasa cuja tarefa é fazer contato com extraterrestres por meio de uma máquina que ele mesmo criou. Seu prazo para consegui-lo expira, mas seu chefe lhe dá mais um mês para tal. É quando recebe uma ligação da Índia, avisando que seu pai está à beira da morte e deseja vê-lo. Agastya volta à Índia com Diva, sua namorada. Esta é interpretada por Sonakshi Sinha, aquela moça tão bela e expressiva que consegue marcar presença até mesmo em masalas dominados por homens. É uma pena que seu papel seja tão pequeno neste filme. Ela mais deu pulinhos que outra coisa e não consegui vê-la realmente atuar, como desejo há tanto tempo.


Agastya veio de Paglapur, algo como “aldeia dos loucos”. Sua aldeia não foi anexada ao mapa da Índia à época da independência, pois houve uma fuga em massa dos habitantes quando os internos do sanatório local se rebelaram e tomaram a cidade. Sendo assim, Paglapur foi construída e mantida por “loucos”. E estes loucos adoram Agastya, que também sentia falta de todos. Ele só não sabia que a saudade deles estava grande a ponto de mentirem sobre a saúde de seu pai para fazê-lo voltar. Sente raiva quando descobre, mas logo perdoa a todos e entende que só fizeram isso para que ele os ajudasse a salvar a aldeia da miséria. Como Paglapur não faz parte da Índia, não recebe recursos para nada. Isto se tornou problema quando começou a faltar água, impedindo a agricultura. Agastya toma para si a missão de colocar Paglapur no mapa.


Tudo isto aconteceu muito rapidamente, o que me desagradou porque não estava assimilando nem essa história de um lugar chamado “Paglapur”, muito menos tive tempo de me comover com seus dramas. O ambiente da cidade é de uma bizarrice inigualável, meus amigos. Shreyas Talpade falando uma língua desconhecida e se sacudindo em galhos de árvore são algumas peculiaridades pagalapurianas. O ambiente é árido e tem ar de abandono, mas os habitantes o fazem ser cheio de vida. Lugar perfeito para criar a fantasia de uma cidade de ETs, foi o que Agastya pensou.


E é assim que os habitantes criam a farsa de que ETs visitam Paglapur. Também foi quando realmente comecei a gostar do filme. A cada esdrúxula fantasia de ET criada por Agastya e cia, mais crescia meu interesse. Zombou-se um tanto da cobertura jornalística, tão sensacionalista nesses casos, e dos repentinos interesses políticos em cidades lucrativas. A última vez em que vi uma paródia da mídia sensacionalista foi em Peepli Live, mas lá era algo mais calcado no real. Em Joker, é tudo uma divertida piada. Não dá para acreditar que qualquer um – principalmente as autoridades dos Estados Unidos – cairia na história dos aldeões, mas também não dá para acreditar em um lugar chamado Paglapur. Me deixei levar por toda aquela loucura, mas não foi apenas isso. Realmente queria saber o que aconteceria, a história em si é envolvente.



As cores deram o tom abandonado e ao mesmo tempo radiante da cidade, porém também falaram de um outro abandono: o 3D. A concepção do filme era maior e me lembro que foi divulgado como o primeiro filme indiano em 3D, porém alguém (provavelmente, quem deu a grana) cortou a idéia bem perto do lançamento, o que diminuiu a magnitude do projeto. O problema é que Joker foi todo filmado para ser visto em 3D. Isto fica claro por alguns efeitos especiais – pessoas se balançando em galhos, vindo em direção à tela -, pelas cores fortes e o excesso de brilho. Acho que meus olhos saíram mais sensíveis da sessão, mas valeu a pena especialmente pelos clipes. Todos são fantásticos e nem tentei me impedir de dançar Sing Raja ou de me encantar com as mágicas luzes de Jugnu. O único que me incomodou, por incrível que pareça, foi o item number da Chitrangda Singh. Não é ruim, mas a letra é meio...boba. Letras de item numbers não costumam ser um manifesto feminista, mas as músicas dos melhores tem ritmos muito bons e sinto vontade de cantar junto. Ficar repetindo "I want just you" não teria graça.


Claramente, este filme poderia ser muito mais do que conseguiu e isto fica gritante a cada cena. Não sei se público e imprensa o descartaram, como fazem com tudo do Shirish, mas isto é bobagem. Os personagens tem uma alegria insana, as piadas são simples, e os clipes, de uma beleza radiante. Akshay, apesar de não acreditar nisto, apresentou uma de suas atuações mais honestas e divertidas. Talvez por ser tranquila, sem grandes gritos. Ele conseguiu fazer de Agastya o líder carismático que dele se esperava. Posso estar esperando demais do futuro de uma história de falsos ETs, porém fiquei com a impressão de que este filme será como Tashan: rejeitado no presente e com status cult a longo prazo. 

É uma pena que tenham deixado de acreditar no filme tão cedo. Gostei de assisti-lo e além de todos os fatores já citados, sua curta duração também faz dele um bom entretenimento. Mas é um filme do Shirish Kunder. Público e crítica nunca foram seus amigos, então alguma coisa no trabalho dele não funciona para a maioria das pessoas. Se quiser dar uma chance a Joker, é bom ter isto – e um pouco de apreço por maluquices - em mente.
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"DEEWANEANDO"?

Devanear = divagar, imaginar, fantasiar. Deewani = louca, maluca. Deewaneando = pensar aleatória e loucamente sobre cinema indiano.

Meu nome é Carol e sou a maior bollynerd que você vai conhecer! O Deewaneando existe desde 2010 e guarda todo o meu amor pelo cinema indiano, especialmente Bollywood - o cinema hindi. Dos filmes antigos aos mais recentes, aqui e no Bollywoodcast, seguirei devaneando sobre Bollywood.

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