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Eu não queria largar o post de Sujata aqui no meio e finalizar assim esta semana de imersão da minha pessoa na carreira da Nutan, então cá estou eu para finalizar de um modo mais decente.

Como já disse, acho muito difícil encontrar material sobre a Nutan. Os filmes, entrevistas, vídeos e tudo o mais que encontro ainda me parece muito pouco para entender melhor quem foi esta pessoa tão importante para a história do cinema indiano. Já foram à Wikipedia do Rajesh Khanna, por exemplo? Repleta de informações. Assim como a do Dilip Kumar, do Amitabh Bachchan, Raj Kapoor, entre outros. Pode ser implicância minha, mas sempre encontro mais informações sobre homens. De todo modo, isto me animou a descobrir mais. E realmente assim o foi! Apesar de a maior parte dos posts ter sido sobre a vida pessoal da Nutan (a parte mais difícil), os que mais me ensinaram foram os dos vídeos dela no Youtube. Minha impressão mudou tanto! Estava me acostumando à imagem de uma Nutan de papéis tristes e silenciosos. Mal a tinha visto dançar ou fazendo gracinhas, como vi em vídeos de filmes com Khandan e Dilli Ka Thug. 

O que eu queria e deveria ter feito mais foram posts sobre os filmes da Nutan, mas não me animei. Os únicos filmes que assisti dela e não escrevi foram Tere Ghar Ke Samne (1963) e Saraswatichandra (1968). O primeiro vi há muito tempo e estava com preguiça de rever, e o segundo me irrita bastante. Logo, imaginem a dificuldade da pessoa. De todo modo, pretendo escrever sobre eles...algum dia.

Sobre a própria Nutan: pensei que não aguentaria mais nem ver seu rosto ou ouvir seu nome, mas amo-a cada vez mais. Apesar de ter alguma desconfiança em relação a imagem quase santificada que passam dela, fui afetada por esta construção e passei a admirá-la muito. Uma das coisas que mais gostei de ler na matéria da Filmfare foi sobre seu profissionalismo. Pessoas que levam a sério sua profissão me encantam porque demonstram respeito tanto pelo que fazem quanto por todas as pessoas envolvidas no processo. Elas sabem que não são apenas elas ali, mas toda a equipe, as famílias dos membros dessa equipe e quem mais estiver dependente do sucesso daquela produção. 

Em relação à aparência da Nutan: a questão da beleza é muito relativa, mas ela foi sim, muito admirada por sua beleza física. Porém, seu talento é o que nos faz achá-la tão linda. Se todo o necessário para criar preferência na vida fosse beleza, Bipasha Basu seria uma das minhas favoritas. A Nutan tinha uma graça que anda sendo difícil de encontrar, e soube usar muito bem isto a seu favor. Quando digo "gosto de olhar para ela", não é para sua imagem em si. É para toda a auto-imagem que ela criou em torno de si. Olhar para a Nutan é lembrar da doce Sujata, da silenciosa Kalyani, e de muitas outras. Costumava ter muita facilidade para desvincular atores de seus personagens, mas no cinema indiano é difícil demais! Os atores e atrizes fazem 4, 5 filmes por ano e os personagens são parecidos, é complicado não confundir. E a Nutan para mim é a Nutan adorável, ponto. Além de uma das melhores atrizes que já vi.

Bom, acabou a Semana Nutan. Foi divertido, às vezes cansativo e sempre fascinante (falo sério). Espero que um dia, uma pessoa esteja navegando pela internet procurando a palavra "Nutella" e caia aqui sem querer. Ela estranhará um pouco esse papo todo de cinema indiano no Brasil, mas achará as cores do blog reconfortantes e ficará curiosa para saber quem é essa tal de Nutan que mereceu uma semana de posts de um blog que mal é atualizado. Lerá, verá as fotos, um vídeo ou outro e ao sair daqui, ficará pensando naquela moça de sorriso tranquilo lá da Índia. Voltará, "sem compromisso" e me perguntará onde pode encontrar um filme da Nutan. Indicarei com o maior amor do mundo, a pessoa o assistirá. E teremos mais uma pessoa no mundo a saber quem era aquela mulher tão especial.
Foi em Sujata que me apaixonei tanto pelo Bimal Roy quanto pela Nutan, e estou fazendo a maior carinha de pessoa feliz enquanto digito isto.

Uma menina intocável e órfã (pobrezinha, mal nasceu e já está cheia de categorias) é deixado na casa da família Chowdhry. Sendo brâmanes, eles tentam entregá-la a outra pessoa, mas a afeição que vão criando pela menina faz com que o tempo vá passando e não consigam entregá-la a qualquer um. Upendranath Chowdhry (Tarun Bose) dá à ela o paradoxal nome de Sujata, que significa "de boa casta" ou "bem-nascida". Quando cresce, Sujata (Nutan) torna-se a pessoa que mantém a ordem da casa, apesar de haver diferenciações entre sua criação e a de Rama (Shashikala), a filha da família. Mesmo assim, as duas meninas amam uma à outra e tratam-se como irmãs. Quem nunca aceita Sujata na família é a tia Giribala (a sempre ótima Lalita Pawar), que sempre pergunta quando vão se livrar dela. Seu desejo é casar o neto, Adhir (Sunil Dutt) com Rama, mas o rapaz apaixona-se pela doce Sujata, o que faz com que sua tia e a mãe de Rama, Charu (Sulochana Latka), volte-se contra a moça.

Sujata é um filme muitíssimo social, todo centrado em torno do preconceito entre castas. Representação social é mais que um estereótipo ou uma marca. É aquela palavra carregada de significados, que lhe traz conhecimento sobre uma determinada coisa, a representação social conduz  à ação. Quando uma pessoa conhece alguém como Sujata, as palavras que vem à mente são doce, gentil, encantadora, meiga, e, para quem é como eu, até mesmo flor de laranjeira. Aí, vem a palavra intocável e tudo o que representa. Foi esta palavra que fez a tia Giribala jogar longe um lindo bebê que estava em seu colo, e que até então, pensava ser sua sobrinha Rama. É a mesma palavra que faz olhar com desgosto para Sujata uma pessoa que estava sorrindo para ela minutos antes. Foi ela também que fez Sujata ser analfabeta, mesmo ansiando por estudar quando viu Rama fazendo-o. Mas, sabem o que mais me doeu, de verdade? Foi esta palavra ter feito a própria Sujata ter passado a se ver se forma diferente, após saber que a tal palavra se aplicava a si própria. Em um segundo, ela diminuiu o valor que acreditava possuir, e que eu, garota ocidental do século XXI, tinha certeza de que ela possuía.  Pode ser filme, mas dá tristeza.. Daí vocês podem ver a força de uma representação social. Ela não define apenas como o outro pensa e age sobre mim, mas até mesmo a minha ação. Uma palavrinha tão simples trazendo uma rede de significados tão ampla!

"Baby Shobha", que fez a Sujata pequena. Amei
muito esta criança, é uma das luzes do filme.
Toda essa questão social foi o que me fez apreciar ainda mais o romance de Adhir e Sujata. Se não me engano, ele era advogado, e dos mais estudiosos. Ainda assim, se permitiu apaixonar por uma moça sem instrução. Claro que a sorte foi dele (amor por Nutan mode on), mas seria injusto não pensar no quanto ele teve de deixar de lado para viver o que queria. No comecinho do filme, um amigo de Adhir estava comentando sobre o quanto ele é recluso. Quando se apaixonou, foi lindo como o Sunil Dutt conseguiu conduzir a mudança do personagem. De um sujeito gentil, porém ausente, passou para alguém que não mudou completamente quem era em poucos segundos, mas tinha alguma diferença. Seu modo de olhar (especialmente para Sujata, claro) ficou mais terno, seu andar parecia mais cheio de vida. Adoro quem sabe expressar amor pelos olhos. Por mais que eu ame filmes indianos, não acredito muito em amores arrebatadores...encaro mais como uma ilusão que é muito boa de se ver enquanto filme. Já o amor tranquilo de Adhir e Sujata é algo em que acredito firmemente.

Rama é uma personagem muito comum para mim: aquela menina que tem bom coração, mas é tão "avoada"  que acaba não percebendo muito do que acontece ao seu redor. Apesar de sempre exaltar para quem quiser ouvir todas as qualidades da irmã, não percebe o quanto o tratamento diferenciado que recebem afeta Sujata. Em sua festa de aniversário, nem viu o quanto a irmã estava sendo excluída da festa. Bem imatura, mas não há como sentir raiva. De qualquer maneira, uma das melhores frases do filme ficou a cargo dela. Ao falar da irmã, Rama disse: "Eu apenas escrevo poesia, mas ela é a poesia personificada".


Essa pequena Rama é muito fofa!
A Nutan me casou o mesmo efeito de sempre: um carinho tranquilo por aquela personagem a que estava me apresentando. É claro que em alguns momentos, senti raiva por ver uma pessoa tão passiva, mas aí já era questão das minhas características baterem de frente com as dela. Como sempre dizemos nós, fãs da Nutan, ela não precisava gritar. Era só olhar de um modo triste, que logo surgia toda a nossa raiva por estarem fazendo com que a Sujata se sentisse inferior. Acho que a vontade que senti foi de lutar ao lado do Adhir para que ela tivesse o direito de sonhar em ser feliz, ao menos.

Às vezes fico me perguntando do porquê de tanta passividade da personagem. Talvez, como fazem em muitos filmes indianos, quisessem que o ato de dar valor à Sujata viesse da própria sociedade, e não de algum discurso emocionado dela sobre como merecia respeito. Bem, o problema é que eu faria o tal discurso  e ainda cantaria Respect, mas juro que entendo o quanto as circunstâncias histórias e culturais eram diferentes. Mas isto não me impede de às vezes ficar irritada com tanta passividade da mulherada indiana.

Uma das sequências mais tristes e bonitas do filme é a da canção Jalte Hain Jiske Liye, a primeira que conheci do Talat Mahmood. Há poucos minutos, Sujata havia pensado que poderia ser feliz com Adhir, mas desistiu de tudo ao chegar em casa e perceber o quanto sua "mãe" seria infeliz com isto. Mesmo assim, o ouve dizer as palavras que estava tentando encontrar, mas não conseguia. Para mim, é uma das músicas mais adoráveis do cinema indiano. O link que coloquei tem o vídeo com legendas em português.

Junto com a Jalte Hain, outro clipe me levou a querer ver este filme: Nanhi Kali Sone Chali, uma linda canção de ninar interpretada por Geeta Dutt. É muito bonitinho jogar o nome desta música na busca do Youtube, porque surgem muitas criancinhas bonitinhas cantando-a. Um dos que de mais gosto é este. Não deixem de ver, tem apenas 45 segundos e aquece o coração!

     1) Alô? 2) Aqui sou eu cantando pra você com os cabelos revolts...♪  3) Arruma um pente, Sunil :'(
Sujata é belo, é poético, é mágico, é um dos melhores filmes de todos os tempos. Amo o Bimal Roy e queria que ele pudesse me ouvir agradecer por todos os filmes que fez, mas especialmente, queria poder agradecer por ter me dado os melhores papéis da Nutan. A Kalyani de Bandini e a Sujata são as maiores provas de que o cinema indiano pode muito bem ter mulheres carregando filmes inteiros. 52 anos após Sujata, ainda espero por mais mulheres como centro dos filmes. Tenho paciência para esperar mais.
Este é especial. Uma matéria bem curtinha sobre a Nutan dividida em duas partes que juntas, totalizam uns 13 minutos. Infelizmente está em inglês e não pude traduzi-la, mas o texto narrado é bem parecido com tudo o que foi escrito aqui na Semana Nutan. Vale a pena principalmente para ver tudo ilustrado com vídeos dela, que era tão linda (em todos os sentidos). Tem até o filho, Monish Behl, falando sobre a mãe. 

Em 54 segundos na primeira parte, ela está em uma das músicas que mais me fazem sorrir no mundo, de Anari. Vejam como está fofa aos 1:13!

Na segunda parte tem uma foto dela morta, o que está me fazendo chorar agora. POR QUE NÃO AVISARAM?


Procurar vídeos da Nutan no Youtube mostrou-se mais divertido do que eu imaginava! Os resultados realmente bons começam a aparecer depois de umas 40 páginas de busca, e não consegui evitar compartilhar mais alguns que encontrei.

A Nutan era uma caixinha de surpresas bem mais profunda do que eu esperava. Imagino-a olhando para mim com um sorrisinho sarcástico e dizendo: "Achava que sabia muito sobre mim, é?".

1) Nutan perigosa em Saajan Ki Saheli (1981)

Nutan com uma arma? Nutan dando um tapa na cara da sociedade da Rekha? Mundo paralelo?


O melhor é a Rekha desmaiando por causa de uns tapas. Obrigada ao bollywooddeewana por postar esta coisa g-e-n-i-a-l!

2) O Balo Soch Ke Meele Jaana de Khandan (1965)

Por enquanto, estou considerando este como o melhor achado da semana! A Nutan está exatamente no tipo de clipe em que sempre quis vê-la, é tão o que eu desejava que fico assustada! Todo ator ou atriz indiano(a) deveria ter a oportunidade de gravar um clipe desse tipo em sua carreira. Tem cores, coral, moças dançando de um lado e rapazes de outro...é tão Lodi!



3) Yeh Bahaar Yeh Samaan Yeh Jhoomti Jawaaniyaan de Dilli Ka Thug (1958)

Quando estava escrevendo o outro post com vídeos da Nutan, passei por este vídeo e não dei muita atenção a ele. Havia visto pouco mais de 1 minuto e não havia nada de Nutan, então apesar da novidade de ver nado (mais ou menos) sincronizado em Bollywood, não era interessante ao post. Hoje decidi checar mais o vídeo e...eis que após uma nuvem de fumaça, surge Nutan dentro de uma flor em uma piscina. Como se já não fosse bom o bastante, ela ainda aparece fazendo uma dancinha de vestido(me lembrou uma baiana). Depois some dentro da mesma flor gigante em que surgiu.


4) Badi Mushkil Se Hum Samjhe de Zindagi Ya Toofan (1958)

CORTESÃ? MINOO MUMTAZ?


Alerta Johnny Walker! ;)

5) Nigaahein Mila Ne Ko Ji Chaahta Hai de Dil Hi To Hai (1963)

Só porque é bonito.


Depois de viajar por 50 páginas de vídeos da Nutan, acho que já está bom de exploração.
Continuação do artigo em que amigos e familiares falam sobre a Nutan, publicado na revista Filmfare de 17 de março de 2010. Artigo de autoria de Meera Joshi, disponibilizado no blog do bollywooddeewana  e tradução totalmente vidalok livre feita por mim. Parte 1 aqui, parte 2 aqui e parte 3 aqui.

Esta parte contém um dos quadrinhos que apareciam durante o artigo, com depoimentos de seus três irmãos. Eu havia colocado os três depoimentos em apenas um post, porém ficou muito extenso e preferi colocá-los em posts diferentes. Vamos ao terceiro, que finaliza o artigo!

Tanuja (irmã)

“Nós apenas a queríamos de volta”

Por causa do intervalo de idades, Tanuja (sete anos mais nova), diz que sua relação era imensamente diferente da que irmãs normalmente tem. Ela admite que Nutan era mais próxima da irmã Chatura e do irmão Baba.’’Éramos totalmente opostas, ela era tímida e quieta, enquanto eu era levada. Quando cresci, ela era uma atriz ocupada e eu fui para o internato na Suíça.’’, recorda. Tanuja lembra-se de sua irmã mais velha sendo muito divertida. ‘’Ela tinha um excelente senso de humor, um astuto senso de humor que poderia metê-lo em problemas sem você perceber. As pessoas pensavam nela como uma atriz séria, mas ela teria dado uma grande comediante. Ela era uma incrível imitadora e parodiava a todos nós. ’’

De todo modo, as duas irmãs compartilhavam um grande relacionamento como co-estrelas. Tristemente, ela declara, ‘’Ela me disse, ‘Se você se concentrasse um pouco mais, poderia ser muito melhor. ’ Enquanto atriz, aprendi muito com ela, como me expressar apenas estando calada. Quando cresci, desenvolvemos uma relação na qual podíamos falar uma com a outra em um nível espiritual. Ela me dizia para deixar de ser uma transmissora e me tornar uma receptora. Lembro de uma vez voltar do trabalho e dizer à mamãe, ‘Agora que ela voltou, é como se o tempo tivesse parado.’ Enquanto eu falava, a campainha tocou. Perguntei o que ela estava fazendo aqui e ela disse que o carro tinha virado à esquerda e parado em Usha Kiron. Enquanto eu a bombardeava com perguntas, ela disse pare, torne-se uma receptora. Ela trouxe consigo um poema que ela havia escrito para mim em inglês sobre transcender para um eu mais elevado e entregando-o a mim, ela virou-se para nossa mãe e disse, ‘Ei, mãe, não parece como se o tempo tivesse parado?’ Mamãe e eu apenas olhamos uma para a outra. ’’ E parecia que tinha.

Pergunte à ela a razão para a distância em seu relacionamento e ela dá de ombros, ‘’Era algo sobre desvio de dinheiro entre ela e minha mãe, que não durou muito, mas ficou muito tedioso. E então houve os 18 acres de terra em Lonavala e a disputa era sobre quem deveria tê-los. Houve um processo, mas finalmente o problema foi resolvido por consenso e a terra, dividida entre minha avó, mãe, Tai e eu. Depois daquilo, não houve problemas. Nós apenas a queríamos de volta.’’ Pergunte se Nutan foi instigada a pedir sua parte, Tanu suspira, ‘’O passado se foi. Devemos deixá-lo ir. Pede encerramento. Ela era uma boa irmã, uma boa esposa e uma boa mãe, é isto que é importante. E ela era uma atriz fabulosa.’’

Tanuja lembra-se da irmã como um ser humano incrível com uma tremenda força de espírito. ‘’Se decidisse fazer algo, ela se asseguraria de que foi feito apropriadamente e bem. Ela tinha a memória de um elefante e poderia lembrar de cada tomada, retomada, direto para  continuidade da expressão. Eu ficava maravilhada com ela e perguntava como havia feito aquilo. Ela era focada. Eu levava as coisas levemente. Mas entendíamos uma à outra."

Falando de Mohnish, Tanuja diz, ‘’Ele é um bom menino. Amoroso e afetuoso. Ele era filho único e já que sua mãe estava constantemente trabalhando, talvez fosse solitário. Ele tem uma adorável esposa e duas lindas filhas, a segunda após 16 anos. É uma família boa e feliz.’’
Continuação do artigo em que amigos e familiares falam sobre a Nutan, publicado na revista Filmfare de 17 de março de 2010. Artigo de autoria de Meera Joshi, disponibilizado no blog do bollywooddeewana  e tradução totalmente vidalok livre feita por mim. Parte 1 aqui e parte 2 aqui. 

Esta parte contém um dos quadrinhos que apareciam durante o artigo, com depoimentos de seus três irmãos. Eu havia colocado os três depoimentos em apenas um post, porém ficou muito extenso e preferi colocá-los em posts diferentes. Vamos ao segundo!

Chatura Chandiramani (irmã)

‘’Ela costurava vestidos para mim’’

Lembrando de sua irmã famosa, a irmã Samarth mais jovem conta a mim, ‘’Ela era o meu modelo. Eu era sua favorita e ela sempre tinha todo o tempo do mundo para mim. Mesmo que tivesse de ir trabalhar, ela acordava cedo, passava meu vestido e me aprontava no meu aniversário. Ela amava costurar vestidos para mim. Tínhamos um forte laço. Quando voltava do trabalho, eu a seguia até seu quarto e conversávamos sem parar sobre todos os tipos de coisas e passamos um maravilhoso tempo juntas. Ela era suave, gentil, e tinha qualidades excepcionais. ’’

Ela se lembra da irmã fazendo-lhe uma visita surpresa no internato e de lhe enviar um cavalete, tintas e pincéis para que pudesse se entregar à sua paixão por pintura. ‘’Ela era muito atenciosa e mesmo que estivesse ocupada como uma grande estrela, ainda conseguia dedicar tempo a nós. Eu era uma criança teimosa e um dia, depois que ela voltou do estúdio, eu disse: quero ver um filme agora mesmo. Eu sempre conseguia dar um jeito com ela. Ela se trocou e dirigiu para me levar para ver The Mummy. Foi tão assustador. Lembro-me de acordá-la gritando ‘mamãe’ no meio da noite.’’

Chatura também estava no internato na maior parte do tempo, então a interação cotidiana com os parentes era inexistente. De todo modo, ela afetuosamente recorda da vez em que Nutan a apoiou quando, na idade de 14 anos, recebeu uma oferta para ser modelo. Diz ela, ‘’Eu estava certa de que minha mãe diria não, então falei com Tai, ao invés disto. Ela disse que era uma grande oportunidade e disse a Aai que seria uma grande oportunidade. Eu aprenderia mais se modelasse por um ano do que na escola.’’

Ela já temeu sua irmã estrela? ‘’Não mesmo’’, ela sacode a cabeça. ‘’Para nós, ela era nossa amorosa irmã mais velha. As únicas vezes em que percebemos sua popularidade era quando a acompanhávamos à premieres e as pessoas escalavam no carro e pediam para ela autografar notas de 1000 rúpias. Uma vez, numa premiere no cinema Liberty, havia uma enorme multidão e, tentando controlá-la, um policial bateu em um homem. Ela viu aquilo, foi ajudá-lo e disse ao policial para não bater em ninguém, já que eram fãs dela. Ela estava ciente de que devia sua posição ao seu público.’’

Chatura diz que a irmã costumava assistir à mãe atentamente enquanto estava colocava maquiagem e sempre quis atuar. ‘’Ela era privilegiada por poder fazer o que queria, por ter encontrado uma profissão em que pudesse usar seu talento inato.’’

A irmã diz que teve pouco contato com Nutan, uma vez que esta se casou. O laço foi restabelecido nos últimos oito anos da vida de Nutan. ‘’E foi como se não tivesse havido separação nenhuma,’’ ela sorri. Chatura não quer comentar as razões pelo rompimento dos laços. Ela explica, ‘’Não quero dizer nada depreciativo ou julgar ninguém. Todos tem suas razões para fazerem o que fazem. Tudo o que importava era que estávamos juntos outra vez e que amávamos uns aos outros.’’

Chatura lembra-se da irmã estar em grandes dores em seus últimos dias. ‘’Foi insuportável vê-la sofrendo,’’ ela treme. ‘’Mais morfina para aliviar a dor provou-se prejudicial.’’

Mesmo que haja distância entre ela e Mohnish hoje, ela diz que ainda o ama.’’Talvez ele esteja se vingando por todos os beijos e abraços que o fizemos agüentar quando criança,’’ ela ri.
Continuação do artigo em que amigos e familiares falam sobre a Nutan, publicado na revista Filmfare de 17 de março de 2010. Artigo de autoria de Meera Joshi, disponibilizado no blog do bollywooddeewana  e tradução totalmente vidalok livre feita por mim. A primeira parte está aqui.

Esta parte contém um dos quadrinhos que apareciam durante o artigo, com depoimentos de seus três irmãos. Eu havia colocado os três depoimentos em apenas um post, porém ficou muito extenso e preferi colocá-los em posts diferentes. Vamos ao primeiro!



Jaydeep Samarth (irmão)

‘’Ela comprou um carro vermelho para mim’’

O único filho da família Samarth, Jaydeep é o mais reticente dos irmãos. Até então, ele nunca havia falado sobre a irmã estrela. Apesar de ceder desta vez, ele não é muito acessível quando diz: ‘’Fui mandado para o internato na idade de 4 anos e meio, então minha interação com todas as minhas três irmãs era mínima. Nos encontrávamos apenas quando eu ia para casa de férias. Nossas férias eram limitadas a Lonavala, que então era uma intocada estação na colina.

O intervalo de idade entre minha irmã mais velha e eu era de 13 anos, então eu era mais próximo das minhas outras irmãs, que tinham idades próximas à minha. Então, ela se casou quando eu tinha uns 10 anos. Mas tenho algumas boas memórias dela. Ela era uma das poucas pessoas da minha família que escrevia para mim regularmente. Receber uma carta no internato era uma grande coisa para nós. Eu costumava aguardar por qualquer carta de casa, e nós as respondíamos uma vez por semana.

Quando crianças, costumávamos ir ao clube CCI para nadar e uma vez, no caminho nossa mãe nos comprou um projetor de 8mm para assistirmos aos filmes mudos de O Gordo e O Magro em casa. O próximo passo foi comprar uma câmera para que também pudéssemos fazer filmes caseiros. Minha irmã trazia a câmera junto e nos filmava enquanto nadávamos.

Quando foi à Suíça pela primeira vez, eu tinha acabado de assistir Ou Vai Ou Racha( Hollywood Or Bust), no qual Dean Martin e Jerry Lewis ganham um carro vermelho na loteria. Eu amava aquele carro, já que era um conversível. Enquanto estava indo, ela me perguntou o que eu queria. Disse à ela que queria o carro vermelho do filme e ela assentiu. Poucos meses depois, ela voltou. Perguntei se ela havia trazido, e ela disse que sim. Estava ansiosamente esperando para vê-lo chegar quando, enquanto ela desfazia as malas, um pequeno e vermelho carro de brinquedo saiu de sua mala. Esta era a extensão em que ela podia realizar meu desejo, mas o importante é que ela se lembrou. Eu estava muito contente com ele, porque tinha marchas e ia para trás e para frente, o que é uma grande coisa para um garotinho.’’

O irmão também se recorda de acompanhar Nutan à premiere de Bandini. ‘’Toda a família estava lá e todos nós estávamos berrando. Ela estava deveras entretida e disse, ’O que há de errado com todos vocês, estou sentada bem aqui ao lado de vocês,’ ‘’ ele ri. ‘’Ela nunca foi uma estrela para nós. Uma coisa que minha mãe ensinou a todos nós é que deve-se ter um forte senso de integridade. Para ser sempre bom com as pessoas, porque você nunca sabe que papel ele ou ela pode desempenhar na sua vida. Um modo de manter sua cabeça sobre os ombros. E acho que todos os membros da nossa família foram bem-sucedidos ao digerir seus sucessos.’’

Jaydeep admite que por causa da disputa familiar, perderam o contato com sua irmã mais velha por uns poucos anos. De todo modo, as coisas eventualmente se acertaram antes de Nutan partir. Ele admite que fala com Mohnish por telefone e que eles se mantém em contato. ‘’Não há barreiras entre nós, mas damos espaço um ao outro’’.
O artigo a seguir foi tirado da edição do dia 17 de março de 2010 da revista Filmare e disponibilizado na internet pelo bollywooddeewana, que sempre disponibiliza ótimas entrevistas, por sinal. Eles entrevistaram amigos e parentes da Nutan parar criar uma ideia a respeito de como ela seria. Algumas partes da entrevista me incomodaram porque a Nutan ficou um pouco santificada e eu queria exatamente tirá-la do pedestal em que a coloquei, mas é muito boa por dar a impressão de que aquela calma que ela me passa pode ter sido um reflexo de quem realmente era. Também pode ser que estivessem tentando nos forçar esta imagem, mas prefiro ser otimista com a florzinha de laranjeira.

A entrevista é grande e a tradução demandou mais tempo do que eu esperava. Havia várias palavras que eu não sabia o que significavam e frases que não entendi bem, mas dá para entender tudo, ficou satisfatório. Há três depoimentos dos três irmãos dela que ficaram em partes separadas da entrevista geral, então vou colocá-los em um outro post para que este aqui não fique maior do que já será. Espero que gostem!

Em Busca De Paz

Amigos e família lembram-se da Nutan que conheceram. Meera Joshi registra as memórias.



Lata Mangeshkar havia dito uma vez que ela era a única heroína que parecia estar realmente cantando na tela. Então, ela era o sonho de um cameraman. Ela não tinha ângulos ruins. Ela também não precisava de diálogos, seus olhos falavam muito. Seu sorriso contagioso e suas lágrimas comoventes encontraram seu reflexo nos rostos do público. 

Filha mais velha da atriz Shobhana e do diretor e escritor Kumarsen Samarth, Nutan (4 de Junho de 1936 – 21 de Fevereiro de 1991) era uma criança magricela, escura. Diz-se que V. Shantaram a chamou de folha. Poucos perceberam que por trás daquele exterior, havia um cisne que roubaria milhões de fôlegos. Ela foi coroada a segunda Miss Índia em 1951. 

Uma veterana de 75 filmes, Nutan fez sua estréia aos 14 em Hamari Beti (1950). Diz a lenda que mesmo que tenha atuado em Nagina, não foi permitido que o assistisse, já que ele tinha o certificado de “Apenas para Adultos”. Entre seus filmes conhecidos estão Paying Guest, Anari, Sujata, Bandini, Seema, Chhalia, Saraswatichandra, Devi e os mais recentes Main Tulsi Tere Aangan Ki, Naam e Meri Jung. Seu caso era raro: mesmo que a atriz tenha feito diversas pausas em sua carreira, nunca foi esquecida. Ela se recuperava a cada vez com um vigor renovado. 

Filmfare falou com seus amigos íntimos, o fotógrafo Gautam Rajadhyaksha, a jornalista Lalitha Tamhane, as irmãs Tanuja e Chatura e o irmão Jaydeep, para juntar as partes do enigma que era Nutan. Nós queríamos que seu filho Monish Bahl falasse de sua mãe, mas ele não conseguiu nos dar uma entrevista, apesar das diversas tentativas de marcar uma.


Alma Relutante

As famílias Rajadhyaksha e a Samarth tem sido próximas por décadas. Falando da infância de Nutan, o amigo da família, Gautam, lembra-se de Shobhana Samarth dizendo a ele que Nutan era um bebê muito irritadiço e que não parava de chorar. Ela foi examinada pelos melhores pediatras, que não conseguiam achar nada de errado nela. Contudo, quando tinha oito meses, um astrólogo comentou que ela era uma “alma relutante”, que a alma dela havia atingido a salvação, mas algum desejo ainda não estava realizado desde o renascimento, muito contra sua vontade. Gautam, além dos trabalhos juntos, também era seu confidente. Ele era íntimo de suas alegrias e tristezas.

Também o era Lalita Tamhane, uma jornalista independente que a encontrou pela primeira vez nos sets de Rishta Kagaz Ka e escreveu um livro sobre a atriz — Nutan-Asen Mi Nasen Mi, em Marathi. “Compartilhamos uma incrível compatibilidade desde o nosso primeiro encontro.”, ela revela. E mesmo após a entrevista há muito ter acabado, elas mantiveram-se em contato. Diz Lalita, ‘’Ela não tinha ares de superioridade. Ela era muito pé-no-chão e normal. Sofisticada, digna e muito humana. Ela frequentemente aparecia para almoçar em casa e às vezes, até mesmo passava o dia inteiro conosco. Uma vez eu disse à ela que queria que ela falasse sobre o Bimal Roy para uma edição de Diwali, fiquei doente e não pude ir. Ela fez todo o caminho de Colaba até a minha casa em Thane, escreveu a entrevista e a deu a mim. Ela estava saindo da cidade e não queria que eu perdesse meu prazo de entrega.”

Falando de sua amiga, Lalitha diz que Nutan nunca gostou de ninguém carregando sua caixa de maquiagem para ela. Ela mesma a pegaria e se asseguraria de que seu maquiador e seu cabeleireiro houvessem comido antes que ela se sentasse para almoçar.

Gautam reforça Lalitha. “Você frequentemente a encontraria de calças, camisa e rabo-de-cavalo resolvendo suas coisas de banco ou mesmo comprando verduras. A vida dela era normal.”

Apesar de os pais serem separados, o pai Kumarsen Samarth estava sempre presente em toda festa familiar. Lalitha lembra: ‘’Ele era apegado a cada membro da família e sempre estava lá quando as crianças precisavam dele. Nutan era afeiçoada ao seu pai, assim como era à sua avó, Rattan Bai, e ao amigo da família, Motilal, a quem as crianças chamavam de Motikaka. Ele era como uma figura paterna.”




Carreira
Por ter sido alvo de zombarias devido a sua aparência física quando criança, ela escolheu fazer papéis não-convencionais em Seema, Bandini e Sone Ki Chidiya em um tempo no qual não havia diferenciação entre cinema de arte e cinema comercial. E esses filmes também davam certo nas bilheterias. Ela recebeu vários prêmios internacionais e cinco prêmios Filmfare por Melhor Atriz e um por Melhor Atriz Coadjuvante.

“Ela era apaixonada por seu ofício,”, diz Lalitha. “Ela gostava de atuar e poderia até mesmo ter se voltado para a direção um dia.” Gautam adiciona, “Ela dirigiu Dharmendra em um de seus primeiros filmes, Soorat Aur Seerat, apesar de o crédito ter sido dado ao seu marido.”

Nutan lamentava-se por papéis principais nunca serem escritos para atrizes mais velhas. De acordo com Gautam, uma vez ela perguntou a Javed Akhtar: ‘’Devo fazer apenas a mãe ou uma tia? Não tenho nenhum cabelo grisalho na vida real, mas me fazem usar perucas brancas para as telas. É tão não natural. ’’

Profissional, pontual e disciplinada, diz-se que Nutan sempre estava pronta, com a maquiagem no ponto. Não importava a ela que seus colegas ainda não houvessem chegado. ‘’Quando estava filmando Anari, ela estaria no estúdio às nove, enquanto Raj Kapoor só aparecia às duas da tarde. Então, Hrishikesh Mukherjee gravava as cenas sozinhas dela e as cenas combinadas com outros artistas até as duas. Porque ela tinha que sair às seis’’, declara Lalitha.

Gautam também se lembra de seus modos pontuais. Ele narra, ‘’Depois de uma sessão de quimioterapia, ela estava filmando para Garajna com Vinod Khanna, Rishi Kapoor e Sridevi. Vinod não aparecia e ela ficou sentada sob o sol quente de Mahabalipuram. Sridevi a chamou para esperar do lado de dentro, mas ela disse que só queria terminar a filmagem assim que ele chegasse e ir embora. O mesmo Vinod Khanna que uma vez disse que ele se tornaria uma estrela de cinema agora que havia trabalhado com Nutan em Main Tulsi Tere Aangan Ki’’. Lalitha recorda-se de também esperar com sua amiga pela chegada de Sanjay Dutt nos estúdios de Naam.

Refletindo, Lalita diz, ‘’Ela era muito apegada ao Bimalda (Roy), um de seus primeiros diretores, que a chamava de ‘Notoon’ e à Amiya Chakravarty, que a chamava de ‘Angel’(anjo). Introvertida, ela era muito quieta nos estúdios, mas era muito observadora e podia imitar todos os seus colegas muito bem. Ela pegava uma frase e a falava assim como qualquer um deles faria. Ela era hilária’’.

Os maquiadores de artistas Sarosh Mody e Pandhari Junker são conhecidos por terem dito que a atriz tinha um rosto perfeito, ela poderia ser filmada de qualquer ângulo. De fato, eles nunca usaram blush nela, já que as maçãs de seu rosto eram tão belas que a sombra que eles jogavam faziam o truque. Adiciona Gautam, ‘’O rosto dela é o mais belo que já fotografei. Exatamente o mesmo em ambos os lados. A pele dela brilhava e mesmo que não usasse perfume, sempre cheirava a sândalo. Não a estou endeusando, mas o estoicismo com o qual ela aceitou o que o destino lhe mandou quase fez dela uma santa.’’

Lalitha lembra-se de Nutan pressagiando que se aposentaria em 1990. ‘’Pouco sabia ela do porquê o faria’’, suspira sua amiga.

Nutan tinha 25 filmes em mãos quando descobriu que tinha câncer. Devolveu o dinheiro dos contratos de todos aqueles que estavam menos que 25% completos e disse ao resto de seus produtores para completarem seus filmes em menos de um ano.



Casamento

''Nutan era fascinada por homens de uniforme e queria se casar com um homem que servisse às forças armadas. Seu casamento dela foi arranjado, mas ela se apaixonou pelo oficial naval quando o viu pela primeira vez’’, confidencia Lalitha. Nutan se casou com o engenheiro naval, Tenente Comandante Naval Rajnish Bahl em 11 de outubro de 1959. O único filho deles, Mohnish, nasceu em 14 de fevereiro de 1963. Relutante em dizer qualquer coisa que possa magoar Mohnish, Gautam revela que sua querida amiga teve um casamento traumático. Mas ela estava determinada a fazê-lo funcionar. Seus pais separaram-se após 14 anos de casamento e ela não queria que o seu terminasse daquele jeito. Diz ele, ‘’Shobhana disse uma vez que com a ajuda do então Ministro de Defesa Krishna Menon, eles acessaram os arquivos pessoais de Rajnish e descobriram que ele tinha uma ficha impecável. Ele foi inicialmente posto em Cochin, mas ninguém sabe o que aconteceu após isto. Apesar de nunca ter impedido sua esposa de trabalhar, Bahl aposentou-se precocemente para gerenciar o dinheiro dela. Ele gostava bastante de processos e levar pessoas ao tribunal. Então, os jornalistas eram muito cautelosos com o que escreviam.’’

Adiciona Gautam, ‘’Nutan era muito preocupada com seu único filho. Com que ele se saísse bem como ator. Mas foi só depois de ela ter falecido que Mohnish ganhou reconhecimento. Em seus últimos seis meses, ela deixou de ficar de olho nele, já que sabia que não tinha muito mais a viver e queria ver se ele poderia se virar sozinho, se ele estava guiado para a direção correta. ’’


Ele continua, ‘’Shobhana acreditava em investir em imóveis e periodicamente fazia a filha comprar apartamentos. Eles até mesmo tinham uma casa no topo de um monte em Mumbra de onde se via por cima o riacho de Mumbra de um lado e o Mar Arábico do outro. Além disto, havia terra em Lonavala que foi dividida entre a família depois que Shobhana faleceu’’.

Comentando sobre questões de dinheiro que levaram a um desentendimento com sua própria família, Lalitha diz, ‘’Nutan nunca estava atrás de dinheiro ou propriedades. Ela estava acima de todas essas coisas. Uma moça simples, ela preferia salwar kameez de algodão ou sáris de voal e não era apegada a jóias.’’ Neste caso, era ela instigada a pedi-las? Nenhuma resposta está disponível.

Mas é óbvio que as relações entre Rajsnish Bahl e os Samarths eram pesadas. Lalitha me informa que Nutan a pedia para encobri-la quando ia visitar sua família. ‘’Ela vinha me encontrar, mas no caminho, ela encontrava primeiro Aai e Tanu. Então se eu recebesse uma ligação perguntando sobre ela, eu dizia que ela estava a caminho.’’

Gautam lembra-se da versátil atriz ligando para ele sem falta às oito de duas a três vezes na semana para discutir seu dia e perguntar sobre o dele. ‘’Para ser honesto, eu fui tomado de surpresa’’, ele observa. ‘’Aqui estava uma talentosa e estabelecida atriz falando comigo. Costumava me deprimir quando ela me contava sobre o que acontecia em casa. Mas isso a descarregava e eu a ouviria. Não havia nada que eu pudesse fazer para ajudá-la, o que era perturbador.’’

Lalitha diz, ‘’Nos compartilhávamos um forte laço. A nossa relação era quase uma de mãe e filha. Nós confiávamos uma na outra. Isto foi possível porque ela estendeu sua mão em amizade. Eu também era próxima de Smita (Patil). E quando ela morreu em 1986, fiquei muito abatida. Nutan passou um tempo comigo e até mesmo me acompanhou até a casa de Smita. Ela cuidou de mim, mas então, cinco anos depois ela também partiria.’’




Inclinações Espirituais

Lalitha revela, ‘’Nutan sempre foi espiritualmente inclinada. Mesmo que não houvesse estudado nenhuma das duas línguas, ela escrevia bhajans em sânscrito e bhojpuri. É um milagre. Ela escrevia frases gramaticalmente corretas em ambas as línguas, mas não sabia falar nenhuma das duas. Mesmo ela não conseguia explicar isto. Talvez fosse tudo relacionado à sua vida passada. Mas certamente ela era extremamente desenvolvida espiritualmente. Após falar com ela, a pessoa se sentia em paz. Ela tinha um efeito em todo o redor.’’

Neste caso, como ela pôde ter uma vida pessoal tão traumática? Lalitha raciocina, ‘’Ela acreditava que tinha de passar pelo trauma se quisesse atingir a salvação. Então, ela suportou. Ela sofria porque acreditava que precisava atravessar isto para ser finalmente livre.’’

A Palavra com “C’’

Falando sobre seu câncer fatal, Gautam recorda-se, ‘’Enquanto Mickey (Contratado, maquiador) a estava preparando para a filmagem, reparou em manchas pretas na pele dela. Quando perguntamos à ela sobre, disse que havia participado de um clímax onde usaram explosivos e havia muita fuligem. Ela tentou remover as manchas, mas elas não estavam saindo. Dissemos que deveria ir examiná-las e acabou que ela tinha câncer. Em duas semanas foi operada, mas os nódulos linfáticos já haviam sido infectados. Ela passou por duas fases de quimioterapia, mas eventualmente sucumbiu.’’

Fazendo uma pausa, Gautam reflete, ‘’Ela não tinha nenhuma vontade de viver. Ela não era muito feliz. Sua morte foi anunciada na primeira página do The Times Of India, eles também fizeram um artigo e um editorial sobre ela. Isto fala muito do calibre dela enquanto atriz. A única bênção salvadora de seus últimos dias foi que se reconciliou com sua mãe, avó e irmãs. A reaproximação veio quando sua avó doente, Ratan Bai Shilotri (também atriz) expressou o desejo de ver Nutan. Depois disto, as coisas se resolveram. No meio tempo, houve um período de aspereza que ela estoicamente suportou como algo por que ela estava destinada a passar. Acredito que após ter recebido o diagnóstico de que tinha câncer, ela foi à casa de sua mãe e anunciou, ‘Agora eu serei livre.’ ‘’

E ela foi. ‘’Havia um sorriso em seu rosto quando ela se foi’’, diz Lalitha. ‘’Porque ela finalmente estava livre’’.

Como a própria Nutan escreveu uma vez, ‘’Quando a morte chegou com lágrimas em seus olhos, ela sorriu e foi com ela.’’
Seguindo a linha do post de sete Waheedas que me encantaram (e aumentando em quatro), separei aqui alguns momentos especiais da Nutan. Como não assisti a muitos filmes dela, foi uma oportunidade para conhecer melhor alguns de seus vídeos.

Navegando pelo Youtube, lembrei de uma coisa que havia notado há um tempo: a Nutan não costuma dançar. Bem, pelo menos nunca a vi dançando muito. Seus vídeos costumam ser meigos ou tristes, nunca um festival de cores e dança (não esqueçam: eu que nunca vi nada disso). Sendo assim, a lista a seguir tem vídeos tão tranquilos quanto a aparência da Nutan.

1) Man Mohana, de Seema (1955)

Segundo o perfil da Nutan no Upperstall, a própria Lata Mangeshkar disse que este foi o melhor playback que uma atriz já fez de uma música sua. Achei muito bom, mas como não sei avaliar isto...tirem suas próprias conclusões.


2) Ae Mere Humsafar, de Chhabili (1960)

Não é um vídeo, mas apenas a canção. Segundo várias descrições no Youtube, quem está cantando é a própria Nutan! Lindaaaaaaaaa! *Carol em estado de amor eterno*


3) Sach Bata Tu, de Sone Ki Chidiya (1958)

Este foi resultado de uma intensa procura por um vídeo em que a Nutan dançasse um pouco. O resultado foi este vídeo que a mostra mais enfeitada do que jamais vi e dando voltinhas e pulos com sua saia. 


4) Nutan de maiô em Yaadgaar (1970)

Reflitamos sobre quem é mais inútil: eu ou a pessoa que upou este vídeo.


5) Chuk Chuk Rail Chali, de  Sone Ki Chidiya (1958)

Criancinhas. Nutan de branco dançando com as criancinhas. Nutan ninando um bebê. Sério, a fofura desta pessoa está chegando a níveis preocupantes.



6) Aasmaanwale Teri Duniya Se Dil, de Laila Majnu (1953)

Tenho tanta vontade de ver esta versão!



7) Tan Mein Agni Mann Mein Chubhan, de Laata Saab (1967)

A florzinha de laranjeira tomando banho de cachoeira e brincando com o Shammi Kapoor!



8) C.A.T Cat Maane Billi, de Dilli Ka Thug (1958)

Nutan e Kishore Kumar soletrando!



9) Chod De Sari Duniya, de Saraswatichandra (1968)

Este vídeo tem uma das imagens mais clássicas da Nutan a povoar minha memória: de branco e com os cabelos ao vento.



10) Main To Bhool Chali, de Saraswatichandra (1968)

Aqui ela dança e canta sobre o quanto é uma nora feliz, sendo que seu casamento é horrível.



11) Mera Raja Beta, de Anuraag (1972)

Isto aqui seria um post redondinho com 10 vídeos, até eu encontrar uma canção de ninar...e não resisto a canções de ninar.

E vamos continuar a falar de Nutan, que é bom? 

Anari é um filme que, só de lembrar, já me traz um sorriso ao rosto. Dirigido por Hrishikesh Mukherjee, tem no elenco Raj Kapoor, a nossa Nutan, Lalita Pawar, Motilal e Shubha Khote.


Oi de novo, Raj. Quanto tempo, não?  :)
A história é a seguinte: Raj Kumar (Raj Kapoor) é um bom rapaz que é pintor e está desempregado. Ele vive como inquilino na casa da Sra. D’sa (Lalita Pawar), uma senhora muito mal-humorada que vive brigando com Raj, mas o ama como a um filho. Raj Kumar conhece Aarti (Nutan) quando ela está fugindo de sua aula de etiqueta, e ela se apresenta a ele como Asha, empregada de uma família rica. A verdade é que Asha (Shubha Khote) é a criada de Aarti, que fingiu ser pobre e trabalhadora para que Raj Kumar a ajudasse a fugir. Aarti (ainda fingindo ser Asha) o convida para ir à sua casa pintar o retrato de sua “patroa”, apenas para poder dar seu próprio dinheiro a ele. Quando Raj Kumar recebe, dá o dinheiro à Aarti, para ajudar a mãe doente que ela havia dito ter. Aarti fica encantada com a bondade e honradez daquele homem, os dois passam mais tempo juntos e acabam por se apaixonar. Por outro lado, o tio de Aarti, Seth. Ramnath Sohanlal (Motilal) também conhece o caráter de Raj Kumar quando o rapaz lhe devolve uma carteira cheia de dinheiro. Ele emprega o rapaz em sua empresa e os dois mantém uma boa relação, até descobrir da relação entre ele e sua sobrinha.

Nutan olhando para cima e sorrindo
não é algo que vi muitas vezes :)
Este filme é um daqueles em que se você não está sorrindo com os lábios, o está com os olhos. Cada cena me fazia pensar na sorte que eu tinha por estar assistindo-o, mesmo que não estivesse acontecendo nada muito interessante no momento. Fosse o vento batendo nos cabelos da Nutan, os musicais mais doces do mundo, o Raj Kapoor com cara de bobo ou a Lalita Pawar fazendo uma de suas melhores personagens, eu só tinha motivos para ser feliz. E por falar na Lalita Pawar, a Sra. D’sa era cristã, enquanto Raj Kumar era hindu. Essa questão de múltiplas religiões sempre me faz lembrar do Amar Akbar Anthony, especialmente quando usam frases simples e meigas para falar do assunto, como aconteceu em Anari. Quando Raj Kumar lhe perguntou como seria possível uma mãe cristã ter um filho hindu, ela respondeu: “Seu bobo. Todos os Deuses são um só. É apenas o homem que O vê de diferentes formas. O seu pai o vê como um filho, seu filho o vê como um pai, sua esposa o vê como um marido... mas você é o mesmo, não é?”. Me pergunto quantas vezes já ouvi este tipo de discurso em filmes indianos, assim como me pergunto quando irei me cansar dele. 
Assim como ultrapassaram as diferenças religiosas ao construir sua relação, os dois também deixaram para lá os laços de sangue e tiveram uma linda relação mãe-filho. A Sra. D’sa gritava com Raj Kumar sobre o quanto ele não pagava seu aluguel, enquanto fingia que achava moedas no chão para dá-las ao rapaz. Bem legal era que ele soubesse de tudo isto, e em uma dessas cenas, achei engraçado eu fazer uma expressão de contentamento que ele também fez logo em seguida! Nunca havia gostado tanto da Lalita. 

A Lalita é tããão legal! :D
Raj Kapoor, gosto de você, mas isto aqui é uma semana Nutan e mal vejo a hora de falar dela! Já falei da leveza dela, checado. De como ela me faz amar personagens doces que teriam tudo para ser insuportáveis, checado. De como ela é uma flor de laranjeira, checado. Em Anari, ela apenas me provou que ela é tudo isto aí. E o casal foi infinitamente melhor do que eu poderia imaginar. Gosto de Raj sem Nargis!

Quero olhar para você o dia inteiro, Nutan. Quero uma Nutan de bolso, para a qual vou olhar quando estiver triste e instantaneamente me fará sorrir. Quando eu pegar minha Nutan de bolso, um vento começará a soprar e, quando der por mim, estarei andando de bicicleta em um lugar cheio de árvores e flores, num dia ensolarado. Todos deveriam ter uma Nutan de bolso.

Sendo linda
Sendo fofa

Sendo assustada (o que não exclui o "linda e o fofa")
Nutan fugindo da aula de etiqueta?
ESTA É A MINHA GAROTA! \o/
^^
Agora estou pronta para prestar atenção a você, Raj.

"AEEEEEEEEE!"
Ele estava tão, mas tão diferente. Ele estava... engraçadinho. Não é engraçadinho do tipo “deveria ter sido engraçado, porém não foi”, mas engraçadinho do tipo “era você mesmo que estava pondo fogo em meio mundo no Aag?”. Não vi muito do Raj ainda, mas com certeza, o pouco que vi não tinha toda aquela meiguice que vi neste filme. Era meio estranho o modo dele andar, com as pernas meio afastadas. Não entendi se ele andava assim mesmo, ou se foi para dar um clima palhaço... 

Havia uma questão super séria no filme envolvendo o tio da Aarti. A empresa dele fabricava remédios e uma das caixas que eles enviaram foi sem querer trocada por uma caixa de veneno (!). Depois disto, houve várias discussões entre os dirigentes dos negócios, que se importavam menos com o fato de que alguém morreria do que com o de que seus negócios seriam intensamente prejudicados se avisassem ao público sobre o acontecido. Não gosto muito quando pegam um determinado ator e dizem que todos os aspectos de uma obra são devidos a ele, como fazem com o Aamir Khan (deve ter gente que acha que ele dirigiu 3 Idiots). Mesmo assim, no momento em que essa discussão social começou, a primeira coisa em que pensei foi: “Agora sim, isso está parecendo coisa do Raj Kapoor!”. Ele nunca dá uma passadinha por cima dessas questões mais sérias; elas vão surgindo de leve e acabam desempenhando um papel fundamental no filme. No caso de Anari, a questão de como os poderosos pouco valorizavam a vida do outro começou a conduzir a história para um lado mais sombrio que foi bastante inesperado, dado o clima doce que reinava até então. Até mesmo a cena final teve um tom diferente do esperado: ficou mais séria, mais pesada. Gostei. Ainda assim, quando o filme terminou, o que pensei foi : "que fofo!". Não sei se isto é bom ou ruim. Será que a mensagem não me atingiu?


Mais uma trilha de Shankar-Jaikishan, dupla na qual só fui prestar atenção depois que comecei a escrever o blog. Eles parecem perfeitos nas trilhas de filmes doces como Suraj, Sangam, Chori Chori e o próprio Anari. Indico todos os vídeos, especialmente Ban Ke Panchhi (cantada por Lata Mangeshkar) para ver a Nutan em meio a natureza (como mais gosto dela), Nineteen Fifty Six para ver um clipe alegre com a Helen e todos, todos os outros! Fazem valer a pena cada minuto. 

E, com este filme tão adorável quanto a homenageada do momento, continuo a Semana Nutan. E vou ter um arquivo muito legal sobre ela, no final de tudo isto!
Antes de qualquer coisa, tenho que explicar melhor quem foi Nutan. Como foi sua carreira? Seus melhores filmes, os prêmios que ganhou, as críticas que recebeu? Eu poderia ter lido vários artigos na internet e montado um texto, mas além do tempo que eu gastaria fazendo isto, está o fato de a maioria dos textos que descrevem a carreira da Nutan serem parecidos. Deste modo, resolvi traduzir um deles. Escolhi o do site Upperstall porque estava no meu computador (ae!) e tinha as informações necessárias. O usuário que o escreveu foi TheThirdMan, e o artigo original está disponível neste link aqui.

Sempre acharei que poderia ter feito um trabalho melhor, especialmente em algumas frases muito longas. De todo modo, o texto adicionou vários filmes à minha lista de filmes a assistir. As fotos que coloquei estavam na pasta da Nutan que tenho no computador, retiradas do Google. 

Nutan foi, indubitavelmente, uma das maiores e mais expressivas atrizes que o cinema indiano já viu. Ela era aquela rara atriz que conseguia transmitir muito mais com apenas uma olhada, olhar fugaz ou um gesto do que a maioria dos atores conseguiam com grandes diálogos ao seu dispor. E deixando de lado a atuação, até mesmo a grande Lata Mangeshkar referiu-se a ela como a heroína cujas expressões mais se aproximaram de indicar que ela mesma estava verdadeiramente cantando a canção!

Nascida em 4 de junho de 1936, filha da famosa atriz Shobhana Samarth, Nutan cresceu cheia de complexos. Apesar de célebre por sua beleza posteriormente, na verdade ela era menosprezada por parentes insensíveis que a consideravam magricela e feia. Implacável, Shobana Samarth lançou-a como heroína em Hamari Beti (1950). Ambos Hum Log (1951) e Nagina (1951) revelaram-se populares e colocaram Nutan em seu caminho.


Ainda assim, foi somente em 1955 que ela finalmente conseguiu sua grande conquista e respeitabilidade como atriz por excelência com Seema, no qual interpretou uma delinqüente em um reformatório. Até então, nenhum de seus filmes havia oferecido à ela um papel de tanta profundidade e uma personagem tão finamente lapidada, e Nutan deu tudo o que tinha. Era o perfeito veículo de retorno para ela, já que havia também tirado uma licença para estudar no internato suíço La Chatelaine. Em Seema, Nutan nos dá vislumbres do que era uma atriz pensante. Foi uma atuação poderosa e rendeu à ela o prêmio Filmfare de Melhor Atriz.  Afora sua impressionante atuação, um destaque do filme foi a clássica canção Man Mohana. Perfeitamente interpretada por Lata Mangeshkar, a sincronia labial de Nutan para esta difícil canção e exata, e isto quando o vídeo da canção é feito com tomadas realmente longas! Toda mudança sutil no ritmo ou no tempo é suavemente registrada por Nutan, particularmente nas partes alaap (clique aqui) e esta canção foi de fato avaliada por Lata Mangeshkar como  a melhor sincronia labial dada a qualquer uma de suas músicas.
Subsequentemente, fossem as despreocupadas comédias Paying Guest (1957), ou Dilli Ka Thug (1958), onde interpretou como uma relexada desinibição comparável apenas à Madhubala ou Geeta Bali, ou o intenso Sujata (1959) de Bimal Roy, que trouxe o melhor nela como uma atriz séria, Nutan sempre foi incomparável. Em Sujata, Nutan representa o papel representa o papel da moça intocável com impressionante graça e rendeu à ela o seu segundo prêmio Filmfare de Melhor Atriz.

Em 1959, Nutan casou-se com o Tenente Comandante Naval Rajneesh Behl e fez uma curta pausa quando seu filho Mohnish nasceu. Ela fez um filme com seu marido, o criticamente reconhecido Soorat Aur Seerat (1962) e fez um forte retorno ao centro do cinema hindi com o Tere Ghar Ke Samne (1963) de Navketan, uma revigorante comédia romântica junto com Dev Anand, e a obra-prima de Bimal Roy, Bandini (1963), alardeada como possivelmente uma de suas maiores interpretações desde sempre e certamente uma das maiores interpretações do cinema indiano. O filme conta a história de uma prisioneira acusada de assassinato. Totalmente desprovida de emoções altamente carregadas e teatralidades, Nutan aparece como uma mulher quieta com suas paixões enfurecidas dentro de si, e faz seu papel com grande delicadeza e dignidade. Simplesmente tem-se que ver toda a gama de emoções passando por seu rosto na sequência-chave do filme, antes de ela assassinar a esposa do homem que ama. Foi uma performance magistral de uma artista suprema e ajudou-a a ganhar outro prêmio Filmfare de Melhor Atriz, seu terceiro.


Não liguem para a marca d'água.
A carreira de Nutan brilhou durante os anos 60 e 70 com fortes atuações em filmes como Milan (1967) – outro prêmio Filmfare de Melhor Atriz, apesar de ter-se dito que o papel não era tão desafiador quanto alguns dos que havia feito antes – Saraswatichandra (1968), Saudagar (1973) com a nascente estrela Amitabh Bachchan, Sajan Bina Suhagan (1978), Kasturi (1978) e Main Tulsi Tere Aangan Ki (1978). Ela carrega o último filme, competentemente dirigido por Raj Khosla, totalmente em seus ombros, mesmo que a simpatia ficasse com a amante (Asha Parekh) ao invés da esposa (Nutan). Foi mais uma performance ganhadora de prêmio para Nutan.

Contudo, gradualmente ela começou a ser colocada em papéis triviais de mãe, e exceto por Meri Jung (1985), nenhum de seus filmes posteriores não lhe ofereceram nem remotamente  nenhum desafio histriônico. Ainda assim, ela deu muita força e dignidade até mesmo aos seus papéis maternais e você nunca conseguiria encontrar defeito, mesmo que a maior parte dos filmes não fosse nada sobre os quais se valesse a pena escrever.

Mesmo que tenha continuado a atuar, sua fazenda, seus cantos de bhajan (na verdade, ela era abençoada com uma bela voz para cantar e fez seu próprio playback em Chabili (1960)),e sua busca por espiritualidade tomaram a maior parte de seu tempo. E quando morreu de câncer em 1991, o cinema indiano perdeu uma de suas maiores atrizes, tristemente, cedo demais.
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"DEEWANEANDO"?

Devanear = divagar, imaginar, fantasiar. Deewani = louca, maluca. Deewaneando = pensar aleatória e loucamente sobre cinema indiano.

Meu nome é Carol e sou a maior bollynerd que você vai conhecer! O Deewaneando existe desde 2010 e guarda todo o meu amor pelo cinema indiano, especialmente Bollywood - o cinema hindi. Dos filmes antigos aos mais recentes, aqui e no Bollywoodcast, seguirei devaneando sobre Bollywood.

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